6. Aparições de Fátima

Na linha da mesma mensagem, Nossa Senhora em Fátima falou da necessidade da conversão, da penitência e mostrou o inferno para dar-nos conta da gravidade do pecado. Falou também do terço como arma contra o demônio e falou pela primeira vez do triunfo do seu Imaculado Coração e da necessidade de nos consagrarmos a ela.

Nome da Aparição: aparições de Fátima

Cidade: Cova da Iria – Fátima País: Portugal

Tipo de Fenômeno: aparições, mensagens, pedidos, milagres

Número de Aparições: 6 Aparições da Virgem Maria. Em 1916 apareceu-lhes o Anjo de Portugal 3 vezes.

Quem visita os videntes: Senhora do rosário (de Fátima, a Virgem Maria)

Início dos fenômenos: 13 de maio de 1917

Fim dos fenômenos: 13 de outubro de 1917

Estado do Processo Canônico: aprovado pela Igreja Católica – Constat de Spiritualitatis

Site Oficial: http://www.fatima.pt/

Veja aqui um documentário sobre as aparições de Fátima

Dados biográficos dos videntes:

Nome da vidente: Lúcia de Jesus

Data de nascimento: 28 de março de 1907

Data do falecimento: 13 de fevereiro de 2005

Idade à data da Aparição: 10 anos

Vocação: Pastorinha

Nome do vidente: Francisco Marto

Data de nascimento: 11 de junho de 1908

Data do falecimento: 4 de abril de 1919

Idade à data da Aparição: 9 anos

Vocação: Pastorzinho

Nome da vidente: Jacinta Marto

Data de nascimento: 11 de março de 1910

Data do falecimento: 20 de fevereiro de 1920

Idade à data da Aparição: 7 anos

Vocação: Pastorinha

* * *

Principais Objetivos:

– Pedidos de Oração e Penitência pela conversão dos pecadores.

– Emenda de vida.

– Oração pela Paz e pelo fim da guerra.

– Construção de uma capela em sua honra naquele local.

– Rezar o terço todos os dias.

– Consagração da Rússia ao Imaculado Coração de Maria.

– A Devoção dos cinco primeiros Sábados em desagravo do Imaculado Coração de Maria.

– Advertir da existência do Inferno, através do 1º Segredo.

– Estabelecer no mundo a Devoção ao Imaculado Coração de Maria, caminho de salvação, através do 2º Segredo.

– Advertir o mundo para os perigos do comunismo.

– Profetizar para o Fim dos Tempos através do 3º Segredo.

DESCRIÇÃO E DIÁLOGOS DAS APARIÇÕES DE NOSSA SENHORA DE FÁTIMA

1ª APARIÇÃO – Cova da Iria – 13 de maio de 1917

Brincavam os três pastorzinhos na Cova da Iria, uma pequena propriedade pertencente aos pais de Lúcia, localizada a 2,5 km de Fátima, quando por volta do meio-dia e depois de rezarem o terço, observaram dois clarões como se fossem relâmpagos. Com receio de começar a chover, reuniram o rebanho e decidiram ir-se embora, mas no caminho e logo abaixo, outro clarão teria iluminado o espaço. Nesse instante, teriam visto em cima de uma pequena azinheira (onde agora se encontra a Capelinha das Aparições), “era uma Senhora vestida de branco e mais brilhante que o Sol, espargindo luz mais clara e intensa que um copo de cristal cheio de água cristalina, atravessado pelos raios do sol mais ardente”, descreve Lúcia. “A sua face, indescritivelmente bela não era nem triste, nem alegre, mas séria, com ar de suave censura. As mãos juntas, como a rezar, apoiadas no peito e voltadas para cima. Da mão direita pendia um terço. As vestes pareciam feitas só de luz. A túnica era branca e branco o manto, orlado de ouro que cobria a cabeça da Virgem e lhe descia até aos pés. Não se Lhe viam os cabelos nem as orelhas”. Os traços da fisionomia, Lúcia nunca pode descrevê-los, pois a sua formosura não cabe em palavras humanas. Os videntes estavam tão pertos de Nossa Senhora – a um metro de distância, mais ou menos – que ficavam dentro da luz que a cercava, ou que ela espargia. O colóquio inicia-se da seguinte maneira:

Nota Prévia: O “vossemecê” que a Lúcia utiliza quando se dirige a Nossa Senhora, era um termo muito usado e respeitoso na época. Provinha da designação – Vossa Mercê.

NOSSA SENHORA: «Não tenhais medo. Eu não vos faço mal».

Lúcia: Donde é vossemecê?

NOSSA SENHORA: «Sou do Céu».

Lúcia: E que é que vossemecê me quer?

NOSSA SENHORA: «Vim para vos pedir que venhais aqui seis meses seguidos, no dia 13 a esta mesma hora. Depois vos direi quem sou e o que quero. Depois, voltarei ainda aqui uma sétima vez».

Lúcia: E eu também vou para o Céu?

NOSSA SENHORA: «Sim, vais».

Lúcia: E a Jacinta?

NOSSA SENHORA: «Também».

Lúcia: E o Francisco?

NOSSA SENHORA: «Também, mas tem que rezar muitos terços».

Lúcia: A Maria das Neves já está no Céu?

NOSSA SENHORA: «Sim, está».

Lúcia: E a Amélia?

NOSSA SENHORA: «Estará no Purgatório até ao fim do mundo». Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido, e de súplica pela conversão dos pecadores?»

Lúcia: Sim, queremos.

NOSSA SENHORA: «Ides, pois, ter muito que sofrer, mas a graça de Deus será o vosso conforto. Rezem o terço todos os dias, para alcançarem a paz para o mundo e o fim da guerra». (in Quarta Memória da irmã Lúcia).

“Em seguida começou a elevar-se serenamente em direção ao nascente até desaparecer na imensidade da distância. A luz que a circundava ia como que abrindo um caminho no cerrado dos astros”.

2ª APARIÇÃO – Cova da Iria – 13 de junho de 1917

Neste dia compareceram no local cerca de 50 pessoas curiosas pelos fatos, entretanto revelados pelos pastorzinhos. Por volta do meio-dia, os videntes notaram novamente um clarão, a que chamavam relâmpago, mas que não era propriamente tal, mas sim o reflexo de uma luz que se aproximava. Alguns dos espectadores notaram que a luz do sol se obscureceu durante os minutos que se seguiram ao início do colóquio, outros afirmaram que o topo da azinheira, coberto de rebentos, pareceu curvar-se como sob um peso, um momento antes da Lúcia falar. Durante a troca de palavras entre Lúcia e a aparição alguns ouviram um sussurro como se fosse o zumbido de uma abelha.

Lúcia: Vocemecê que me quer?

NOSSA SENHORA: «Quero que venhais aqui no dia 13 do mês que vem; que rezeis o terço todos os dias e que aprendais a ler. Depois direi o que quero».

Lúcia pediu a cura de um doente.

NOSSA SENHORA: «Se se converter curar-se-á durante o ano».

Lúcia: Queria pedir-lhe para nos levar para o Céu.

NOSSA SENHORA: «Sim, a Jacinta e o Francisco levo-os em breve, mas tu ficas cá mais algum tempo. Jesus quer servir-Se de ti para me fazer conhecer e amar. Ele quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração. A quem a abraçar (esta devoção) prometo a salvação, e serão queridas de Deus estas almas, como flores postas por Mim a adornar o Seu trono».

Lúcia: Fico cá sozinha?

NOSSA SENHORA: «Não, filha. E tu sofres muito? Não desanimes. Eu nunca te deixarei. O meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá até Deus». (in Quarta Memória da irmã Lúcia).

“Foi no momento que disse estas últimas palavras que abriu as mãos e nos comunicou, pela segunda vez, o reflexo dessa luz imensa. Nela nos víamos como que submergidos em Deus. A Jacinta e o Francisco pareciam estar na parte dessa luz que se elevava para o céu e eu na que se espargia sobre a terra. À frente da palma da mão direita de Nossa Senhora estava um coração cercado de espinhos que parecia estarem-lhe cravados. Compreendemos que era o Imaculado Coração de Maria ultrajado pelos pecados da humanidade que queria reparação. Quando se desvaneceu esta visão, a Senhora, envolta ainda na luz que dela irradiava, elevou-se da arvorezinha sem esforço, suavemente na direção do leste até desaparecer de todo”.

Algumas pessoas mais próximas notaram que os rebentos do topo da azinheira estavam tombados na mesma direção, como se as vestes da Senhora os tivessem arrastado. Só algumas horas mais tarde retomaram a posição natural.

3ª APARIÇÃO – Cova da Iria – 13 de julho de 1917

Ao dar-se a terceira aparição, uma nuvenzinha acinzentada pairou sobre a azinheira, o sol ofuscou-se, uma aragem fresca soprou sobre a serra, embora se estivesse em pleno verão. O Sr. Manuel Marto, pai da Jacinta e do Francisco, diz que também ouviu um sussurro, como o de moscas num cântaro vazio. Os videntes viram o reflexo da costumada luz e, em seguida, Nossa Senhora sobre a carrasqueira.

Lúcia: Vocemecê que me quer?

NOSSA SENHORA: «Quero que venham aqui no dia 13 do mês que vem; que continuem a rezar o terço todos os dias em honra de Nossa Senhora do Rosário, para obter a paz do mundo e o fim da guerra porque só ele lhes poderá valer».

Lúcia: Queria pedir-Lhe para nos dizer quem é; para fazer um milagre com que todos acreditem que Vocemecê nos aparece.

NOSSA SENHORA: «Continuem a vir aqui todos os meses. Em outubro direi quem sou, o que quero e farei um milagre que todos hão-de ver para acreditarem».

Lúcia: Tenho aqui por pedido, se Vocemecê melhora um aleijadinho da Moita.

NOSSA SENHORA: «Melhorá-lo-ei ou dar-lhe-ei meios de se governar: Que reze sempre o terço com a família».

Lúcia: Tenho aqui por pedido que Vocemecê cure uma mulher de Pedrógão.

NOSSA SENHORA: «Que reze o terço, dentro de um ano curar-se-á».

Lúcia: E que cure um homem de Atouguia ou o leva para o Céu, o mais depressa melhor…

NOSSA SENHORA: «Levo, mas não tenham pressa, eu bem sei quando o hei-de vir buscar».

Lúcia: E se converte uma mulher de Fátima e seus filhos.

NOSSA SENHORA: «Dentro de um ano converter-se-ão. Sacrificai-vos pelos pecadores e dizei muitas vezes e em especial sempre que fizerdes algum sacrifício: Ó Jesus, é por vosso amor, pela conversão dos pecadores e em reparação pelos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria».

Ao dizer estas últimas palavras, abriu de novo as mãos, como nos dois meses passados. O reflexo de luz que delas expediam pareceu penetrar a terra.

(Nossa Senhora mostra agora o inferno aos pastorzinhos, que foi o 1º Segredo de Fátima; este texto abaixo foi escrito na época pela irmã Lúcia).

Lúcia: Bem o segredo consta de três coisas distintas, duas das quais vou revelar. A primeira foi, pois, a visão do inferno! Nossa Senhora mostrou-nos um grande mar de fogo que parecia estar debaixo da terra. Mergulhados nesse fogo os demônios e as almas, como se fossem brasas transparentes e negras, ou bronzeadas com forma humana, que flutuavam no incêndio levadas pelas chamas que delas mesmas saiam, juntamente com nuvens de fumo, caindo para todos os lados, semelhante ao cair das fagulhas nos grandes incêndios, sem peso nem equilíbrio, entre gritos e gemidos de dor e desespero que horrorizava e fazia estremecer de pavor. Os demônios distinguiam-se por formas horríveis e asquerosas de animais espantosos e desconhecidos, mas transparentes e negros. Esta visão foi por um momento e, graças à nossa boa Mãe do Céu, que antes nos tinha prevenido com a promessa de nos levar para o Céu (na primeira aparição) e que, se assim não fosse, creio que teríamos morrido de susto e pavor. Em seguida, levantamos os olhos para Nossa Senhora que nos disse com bondade e tristeza:

(Este texto a seguir foi o 2º Segredo de Fátima)

NOSSA SENHORA: «Vistes o inferno para onde vão as almas dos pobres pecadores. Para as salvar, Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração. Se fizerem o que eu vos disser, salvar-se-ão muitas almas e terão paz.

A guerra vai acabar. Mas se não deixarem de ofender a Deus, no reinado de Pio XI começará outra pior. Quando virdes uma noite alumiada por uma luz desconhecida, sabei que é o grande sinal que Deus vos dá de que vai punir o mundo de seus crimes, por meio da guerra, da fome e de perseguições à Igreja e ao Santo Padre. Para a impedir, virei pedir a consagração da Rússia ao meu Imaculado Coração e a comunhão reparadora dos primeiros sábados. Se atenderem aos meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz. Se não, espalhará os seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja. Os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas. Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia que se converterá e será concedido ao mundo algum tempo de paz. Em Portugal conservar-se-á sempre o dogma da fé…

Isto não o digais a ninguém. Ao Francisco, sim, podeis dizê-lo».

(Nossa Senhora revela o 3º Segredo de Fátima; este texto abaixo foi escrito na época pela irmã Lúcia):

Lúcia: Escrevo em ato de obediência a Vós Deus meu, que me mandais por meio de sua Ex.cia Rev.ma o Senhor bispo de Leiria e da Vossa e minha Santíssima Mãe. Depois das duas partes que já expus, vimos ao lado esquerdo de Nossa Senhora um pouco mais alto um Anjo com uma espada de fogo na mão esquerda; ao cintilar, despedia chamas que parecia que iam incendiar o mundo; mas apagavam-se com o contato do brilho que da mão direita expedia Nossa Senhora ao seu encontro: O Anjo apontando com a mão direita para a terra, com voz forte disse: Penitência, Penitência, Penitência! E vimos numa luz imensa que é Deus: “algo semelhante à como se veem as pessoas num espelho quando lhe passam por diante” um bispo vestido de branco “tivemos o pressentimento de que era o Santo Padre”. Vários outros bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas subir uma escabrosa montanha, no cimo da qual estava uma grande Cruz de troncos toscos como se fora de sobreiro com a casca; o Santo Padre, antes de chegar aí, atravessou uma grande cidade meia em ruínas, e meio trémulo com andar vacilante, acabrunhado de dor e pena, ia orando pelas almas dos cadáveres que encontrava pelo caminho; chegado ao cimo do monte, prostrado de joelhos aos pés da grande Cruz foi morto por um grupo de soldados que lhe dispararam vários tiros e setas, e assim mesmo foram morrendo uns trás outros os bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas e várias pessoas seculares, cavalheiros e senhoras de várias classes e posições. Sob os dois braços da Cruz estavam dois Anjos cada um com um regador de cristal na mão, neles recolhiam o sangue dos mártires e com ele regavam as almas que se aproximavam de Deus. Terminada esta visão, disse Nossa Senhora:

NOSSA SENHORA: «Isto não o digais a ninguém. Ao Francisco sim, podeis dizê-lo. Quando rezardes o terço dizei depois de cada mistério: Ó meu Jesus, perdoai-nos e livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o Céu, principalmente aquelas que mais precisarem» (in Quarta Memória da irmã Lúcia).

Lúcia: Vocemecê não me quer mais nada?

NOSSA SENHORA: «Não, hoje não te quero mais nada».

Ao terminar esta Aparição, como de costume, começou a elevar-Se em direção ao nascente, até desaparecer na imensa distância do firmamento. Ouviu-se então um trovão, indicando que a Aparição cessara.

4ª. APARIÇÃO – Valinhos – 19 de agosto de 1917

No dia 13 de agosto, quando deveria dar-se a quarta aparição, os videntes não puderam ir à Cova da Iria, pois foram sequestrados pelo administrador de Ourém, que à força quis arrancar-lhes o segredo. No entanto, as crianças permaneceram inabaláveis e nada revelaram. Nesse dia, juntou-se uma grande multidão que aguardava pela Aparição. Por volta do meio-dia, ouviu-se um trovão, ao qual se seguiu um relâmpago, tendo os espectadores notado uma pequena nuvem branca que pairou alguns minutos sobre a azinheira. Observaram-se também fenômenos de coloração, de diversas cores, nos rostos das pessoas, das roupas, das árvores e do chão.

No dia 19 de agosto de 1917, Lúcia estava com Francisco e seu irmão João no lugar dos Valinhos, uma propriedade de um dos seus tios e que dista uns 500 metros de Aljustrel. Lá pelas 4 horas da tarde, começaram a produzir-se as alterações atmosféricas que precederam as aparições anteriores, uma súbita diminuição da temperatura e um esmorecimento do Sol.

Lúcia, sentindo que alguma coisa de sobrenatural se aproximava e os envolvia, pediu ao primo João para chamar rapidamente a Jacinta, a qual chegou a tempo de ver Nossa Senhora que – anunciada, como das outras vezes, por um reflexo de luz – apareceu sobre uma azinheira, um pouco maior que a da Cova da Iria.

Lúcia: Que é que Vocemecê me quer?

NOSSA SENHORA: «Quero que continueis a ir à Cova da Iria no dia 13; que continueis a rezar o terço todos os dias. No último mês farei o milagre para que todos acreditem».

Lúcia: Que é que Vocemecê quer que se faça ao dinheiro que o povo deixa na Cova da Iria?

NOSSA SENHORA: «Façam dois andores: um leva-o tu com a Jacinta e mais duas meninas, vestidas de branco; o outro que o leve o Francisco com mais três meninos. O dinheiro dos andores é para a festa de Nossa Senhora do Rosário, e o que sobrar é para a ajuda de uma capela que hão-de mandar fazer».

Lúcia: Queria pedir-lhe a cura de alguns doentes.

NOSSA SENHORA: «Sim, alguns curarei durante o ano. Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios pelos pecadores, que vão muitas almas para o inferno, por não haver quem se sacrifique e peça por elas». (in Quarta Memória da irmã Lúcia).

Ao terminar a Aparição, como de costume, começou a elevar-se em direção ao nascente. Os videntes cortaram ramos da árvore sobre a qual Nossa Senhora lhes tinha aparecido e levaram-nos para casa. Os ramos exalavam um perfume singularmente suave.

5ª APARIÇÃO – Cova da Iria – 13 de setembro de 1917

Como das outras vezes, uma série de fenômenos atmosféricos foram observados pelos circunstantes, cujo número foi calculado entre 15 e 20.000 pessoas: o súbito refrescar da atmosfera, o empalidecer do sol até ao ponto de se verem as estrelas, uma espécie de chuva como que de pétalas com as cores do arco-íris ou flocos de neve que desapareciam antes de pousarem na terra. Em particular, foi notado desta vez um globo luminoso que se movia lenta e majestosamente pelo céu, do nascente para o poente e, no fim da aparição, em sentido contrário. Os videntes notaram, como de costume, o reflexo de uma luz e, a seguir, Nossa Senhora sobre a azinheira.

NOSSA SENHORA: «Continuem a rezar o terço para alcançarem o fim da guerra. Em outubro virá também Nosso Senhor, Nossa Senhora das Dores e do Carmo, São José com o Menino Jesus, para abençoarem o mundo. Deus está contente com os vossos sacrifícios, mas não quer que durmais com a corda. Trazei-a só durante o dia».

Lúcia: Têm-me pedido para lhe pedir muitas coisas: A cura de alguns doentes, de um surdo mudo.

NOSSA SENHORA: «Sim, alguns curarei, outros não. Em outubro farei o milagre para que todos acreditem».

Ao terminar a Aparição, começou a elevar-se e desapareceu como de costume.

6ª APARIÇÃO – Cova da Iria – 13 de outubro de 1917

Nesta última Aparição, a 13 de outubro de 1917, segundo os jornais da época, estavam presentes cerca de 70.000 pessoas.

Devido ao fato dos pastorzinhos terem revelado que a Virgem Maria iria fazer um milagre neste dia para que todos acreditassem, estavam presentes na Cova da Iria muitos milhares de pessoas. Chovia com abundância e a multidão aguardava as três crianças nos terrenos enlameados da serra. Lúcia assim descreve estes acontecimentos na Memória IV: “Saímos de casa bastante cedo, contando com as demoras do caminho. O povo andava em massa. A chuva, torrencial. Minha mãe, temendo que fosse aquele o último dia da minha vida, com o coração retalhado pela incerteza do que iria acontecer, quis acompanhar-me. Pelo caminho, as cenas do mês passado, mais numerosas e comovedoras. Nem a lamaceira dos caminhos impedia essa gente de se ajoelhar na atitude mais humilde e suplicante. Chegados à Cova de Iria, junto da carrasqueira, levada por um movimento interior, pedi ao povo que fechasse os guarda-chuvas para rezarmos o terço. Pouco depois, vimos o reflexo da luz e, em seguida, Nossa Senhora sobre a carrasqueira.

Lúcia: Que é que Vossemecê me quer?

NOSSA SENHORA: «Quero dizer-te que façam aqui uma capela em minha honra que sou a Senhora do Rosário; que continuem sempre a rezar o terço todos os dias. A guerra vai acabar e os militares voltarão em breve para suas casas.»

Lúcia: Eu tenho muitas coisas para lhe pedir: a cura de uns doentes e a conversão de uns pecadores.

NOSSA SENHORA: «Uns sim, outros não. É preciso que se emendem, que peçam perdão pelos seus pecados. Não ofendam mais a Nosso Senhor, que já está muito ofendido».

“E abrindo as mãos, fê-las refletir no sol. E enquanto se elevava, continuava o reflexo da sua própria luz a projetar-se no Sol” (in Quarta Memória da irmã Lúcia).

Depois da Aparição, todos os presentes observaram o Milagre do Sol, prometido às três crianças em julho e setembro, enquanto os pastorzinhos tinham visões.

Este grandioso Milagre do Sol foi testemunhado por crentes e descrentes e foi noticiado nos jornais da época por jornalistas céticos, mas que tendo visto, certificaram-no.

As visões dos pastorzinhos:

Neste momento, Lúcia diz para a multidão olhar para o Sol, levada por um movimento interior que a isso a impeliu. “Desaparecida Nossa Senhora, na imensa distância do firmamento, vimos, ao lado do sol, São José com o Menino e Nossa Senhora vestida de branco, com um manto azul”. Era a Sagrada Família. “São José com o Menino pareciam abençoar o mundo com uns gestos que faziam com a mão em forma de cruz. Pouco depois, desvanecida esta Aparição, vi Nosso Senhor acabrunhado de dor a caminho do Calvário e Nossa Senhora que me dava a ideia de ser Nossa Senhora das Dores”. Lúcia via apenas a parte superior do corpo de Nosso Senhor e Nossa Senhora não tinha a espada no peito. “Nosso Senhor parecia abençoar o mundo da mesma forma que São José. Desvaneceu-se esta aparição e pareceu-me ver ainda Nossa Senhora, em forma semelhante à Nossa Senhora do Carmo, com o Menino Jesus ao colo”.

Descrição do Milagre do Sol:

Enquanto os três pastorzinhos eram agraciados com estas visões (apenas Lúcia viu os três quadros, Jacinta e Francisco viram somente o primeiro), a multidão presente observou o chamado Milagre do Sol. A chuva que caía cessou, as nuvens entreabriram-se deixando ver o sol, assemelhando-se a um disco de prata fosca, podia ser olhado sem dificuldade, sem cegar. A imensa bola começou a girar vertiginosamente sobre si mesma como uma roda de fogo. Depois, as bordas tornaram-se escarlates e deslizou no céu, como um redemoinho, espargindo chamas vermelhas de fogo. Essa luz refletia-se no solo, nas árvores, nas próprias faces das pessoas e nas roupas, tomando tonalidades brilhantes e diferentes cores. Animado três vezes por um movimento louco, o globo de fogo pareceu tremer, sacudir-se e precipitar-se em ziguezague sobre a multidão aterrorizada. Tudo durou uns dez minutos. Finalmente, o sol voltou em ziguezague para o seu lugar e ficou novamente tranquilo e brilhante. Muitas pessoas notaram que as suas roupas, ensopadas pela chuva, tinham secado subitamente. Tal fenômeno foi testemunhado por milhares de pessoas, até mesmo por outras que estavam a quilômetros do lugar das aparições. O relato foi publicado na imprensa por diversos jornalistas que ali se deslocaram e que foram também eles, testemunhas do Milagre.

MAIS APARIÇÕES E VISÕES DA IRMÃ LÚCIA

Aparição de Nossa Senhora em Fátima, pela sétima vez, a 15 de junho de 1921

Lúcia: Recordo a promessa feita por Nossa Senhora na 1ª Aparição na Cova da Iria, a 13 de maio de 1917, de que voltaria ainda uma sétima vez.

NOSSA SENHORA: «Vim para vos pedir que venhais aqui seis meses seguidos, no dia 13 a esta mesma hora. Depois vos direi quem sou e o que quero. Depois, voltarei ainda aqui uma sétima vez».

Segue a conversa da irmã Lúcia com Nossa Senhora descrita na Obra “O meu Caminho” pág. 10 e que foi transcrita para a obra publicada pelo Carmelo de Coimbra, “Um Caminho sob o olhar de Maria” pág. 121 e 122, no dia da sua partida para o Porto, para ingressar na vida religiosa:

Lúcia: No dia 15 de junho de 1921, viste a minha luta, a indecisão e o arrependimento do sim que antes tinha dado, a incerteza do que iria encontrar, a resolução de voltar atrás. O conhecimento do que deixava, e a saudade a desgarrar-me o coração!

(Neste momento Lúcia não tinha ninguém a quem pedir conselho, e o Céu veio em seu auxílio. A Virgem Mãe que lhe tinha prometido nunca a abandonar, neste momento de tanta angústia, veio trazer a paz à sua alma, cumprindo assim a promessa feita em 13 de maio de 1917, de voltar ali uma sétima vez).

Voltemos à sua oração:

Lúcia: Assim solícita, mais uma vez desceste à Terra, e foi então que senti a Tua mão amiga e maternal tocar-me no ombro; levantei o olhar e vi-te, eras tu, a Mãe Bendita a dar-me a mão e a indicar-me o caminho; os teus lábios descerraram-se e o doce timbre da tua voz restituiu a luz e a paz à minha alma:

NOSSA SENHORA: «Aqui estou pela sétima vez. Vai, segue o caminho por onde o Senhor bispo te quiser levar, essa é a vontade de Deus».

Lúcia: Repeti então o meu Sim, agora bem mais consciente do que no do dia 13 de maio de 1917.

Aparição de Nossa Senhora em Pontevedra a 10 de dezembro de 1925

O pedido inicial da devoção dos Cinco Primeiros Sábados do mês, foi feito por Nossa Senhora na 3ª Aparição de Fátima a 13 de julho de 1917, integrada no texto do Segundo Segredo de Fátima.

NOSSA SENHORA: «(…) Virei pedir a consagração da Rússia a meu Imaculado Coração e a comunhão reparadora nos primeiros sábados».

O pedido reforçado desta devoção foi feito por Nossa Senhora no dia 10 de dezembro de 1925, em Pontevedra, Espanha, no convento onde a irmã Lúcia se encontrava.

NOSSA SENHORA: «Olha, minha filha, o meu coração cercado de espinhos que os homens ingratos me cravam a toda hora com blasfêmias e ingratidões. Tu, ao menos, procuras consolar-me e diz que prometo assistir na hora da morte, com todas as graças necessárias para a salvação, a todos os que, no Primeiro Sábado de cinco meses seguidos, se confessarem, receberem a Sagrada Comunhão, rezarem um terço e me fizerem companhia durante quinze minutos, meditando nos 15 mistérios do rosário com o fim de me desagravar».

Nossa Senhora mostrou o seu coração rodeado de espinhos, que significam os nossos pecados. Pediu que fizéssemos atos de desagravo para lhes tirar, com a devoção reparadora dos cinco Primeiros Sábados. Em recompensa, promete-nos “todas as graças necessárias para a salvação.

Aparição de Jesus em Pontevedra a 15 de fevereiro de 1926

O Menino Jesus nos dois anos seguintes, 15 de fevereiro de 1926 e 17 de dezembro de 1927, também em Pontevedra, insiste com a irmã Lúcia para que se propague a devoção aos Primeiros Cinco Sábados do mês, aliada à consagração da Rússia.

Lúcia: Da prática da devoção dos Primeiros Sábados, unida à consagração ao Imaculado Coração de Maria, depende a guerra ou a Paz do mundo.

Lúcia: No dia 15, andava eu muito ocupada com o meu ofício e quase nem disso me lembrava. E indo eu pegar um apanhador de lixo fora do quintal, onde, alguns meses atrás tinha encontrado uma criança à qual tinha perguntado se ela sabia a Ave-Maria e, respondendo-me que sim, lhe mandei que a dissesse para eu ouvir. Mas, como ela não se resolvia a dizê-la, disse-a eu, com ela, três vezes; ao fim das três Ave Marias, pedi-lhe que a dissesse. Mas, como ela se calou e não foi capaz de dizê-la, perguntei-lhe se ela sabia qual era a igreja de Santa Maria. Respondeu-me que sim. Disse-lhe que fosse lá todos os dias e que dissesse assim: Ó minha mãe do Céu, dai-me o vosso Menino Jesus! Ensinei-lhe isto e vim-me embora.

No dia 15-2-1926, voltando lá, como de costume, encontrei ali uma criança que me parecia ser a mesma e perguntei-lhe então:

– Tens pedido o Menino Jesus à mãe do Céu?

A criança volta-se para mim e diz:

– E tu tens espalhado pelo mundo aquilo que a mãe do Céu te pediu?

E, nisto, transforma-se num Menino resplandecente. Conhecendo então que era Jesus, lhe disse:

– Meu Jesus! Vós bem sabeis o que o meu confessor me disse na carta que vos li. Dizia que era preciso que aquela visão se repetisse, que houvesse fatos para que ela fosse acreditada, e a madre superiora, a espalhar este fato, nada podia.

– É verdade que a madre superiora sozinha, nada pode; mas, com a minha graça pode tudo. E basta que o teu confessor te dê licença e a tua superiora o diga para que seja acreditado, até sem se saber a quem foi revelado.

– Mas o meu confessor dizia na carta que esta devoção não fazia falta no mundo, porque já havia muitas almas que vos recebiam aos primeiros Sábados em honra de Nossa Senhora e dos 15 Mistérios do rosário.

– É verdade minha filha, que muitas almas os começam, mas poucas os acabam e as que os terminam é com o fim de receberem as graças que aí estão prometidas; e me agradam mais as que fizerem os cinco com fervor e com o fim de desagravar o coração da tua mãe do Céu, que as que fizerem os quinze, tíbios e indiferentes.

A Vidente pediu um esclarecimento – se algumas pessoas não puderem confessar-se no sábado, será válida a confissão de oito dias? Ao que Jesus respondeu:

– Sim, pode ser de muitos mais ainda, contanto que quando me receberem, estejam em graça e tenham a intenção de desagravar o Imaculado Coração de Maria.

Perguntei ainda: Meu Jesus, e os que se esquecerem de fazê-la por esta intenção?

Ao que Jesus respondeu:

– Podem fazê-la na confissão seguinte, aproveitando a primeira ocasião que tiverem para se confessar.

Aparição de Jesus em Tuy a 17 de dezembro de 1927

Foi em Tuy, para onde foi viver a irmã Lúcia a partir de 20 de julho de 1926, que a 17 de dezembro de 1927, recebeu de Jesus a ordem de escrever o que lhe era pedido sobre a devoção ao Imaculado Coração de Maria, e que pôs por escrito, por ordem do diretor espiritual, padre José Aparício da Silva.

Visão da Santíssima Trindade em Tuy a 13 de junho de 1929

Em Tuy, no dia 13 de junho de 1929, a irmã Lúcia tem a visão da Santíssima Trindade e do Imaculado Coração de Maria, com o seu Coração cercado de espinhos, como nas Aparições de junho e de julho de 1917.

No dia 13 de julho de 1917, Nossa Senhora tinha prometido vir pedir a consagração da Rússia ao Seu Imaculado Coração. Passados doze anos, no dia 13 de julho de 1929, numa noite de adoração a sós, diante do Santíssimo Sacramento, apenas iluminada pela luz trêmula da lamparina do Sacrário, a Pastorinha de Fátima, vê de repente que a capela se ilumina com uma luz que já lhe é familiar.

Vejamos a descrição que Lúcia fez desta Visão:

“Eu tinha pedido e obtido licença das minhas superioras e confessor para fazer a Hora-Santa das 11 à meia-noite, de quintas para sextas-feiras.

Estando uma noite só, ajoelhei-me entre a balaustrada, no meio da capela, a rezar, prostrada, as Orações do Anjo. Sentindo-me cansada, ergui-me e continuei a rezá-las com os braços em cruz. A única luz era a da lâmpada.

De repente iluminou-se toda a capela com uma luz sobrenatural, e sobre o altar apareceu uma cruz de luz que chegava até ao teto. Em uma luz mais clara, via-se, na parte superior da cruz, uma face de homem com corpo até à cintura. Sobre o peito uma pomba também de luz e, pregado na cruz, o corpo de outro homem. Um pouco abaixo da cintura, suspenso no ar, via-se um cálice e uma hóstia grande, sobre a qual caíam algumas gotas de sangue que corriam pelas faces do crucificado e duma ferida do peito. Escorregando pela hóstia, essas gotas caíam dentro do cálice.

Sob o braço direito da cruz estava Nossa Senhora (era Nossa Senhora de Fátima com o Seu Imaculado Coração; na mão esquerda, sem espada, nem rosas, mas com uma coroa de espinhos em chamas), com o seu Imaculado Coração na mão. Sob o braço esquerdo, umas letras grandes, como se fossem de água cristalina, que corresse para cima do altar, formavam estas palavras: «Graça e Misericórdia».

Compreendi que me era mostrado o mistério da Santíssima Trindade e recebi luzes sobre este mistério que não me é permitido revelar.

Depois Nossa Senhora me disse:

– É chegado o momento em que Deus pede para o Santo Padre fazer, em união com todos os bispos do mundo, a consagração da Rússia ao meu Imaculado Coração, prometendo salvá-la por este meio. São tantas as almas que a justiça de Deus condena por pecados contra Mim cometidos que venho pedir reparação: sacrifica-te por esta intenção e reza”.

A este propósito da consagração, numa carta de 24 de junho de 1987, a irmã Lúcia revela que Nossa Senhora, não deixando de ver e temer o perigo iminente, lhe confidenciou mais tarde, por meio duma comunicação íntima ao seu coração, o que temia para o mundo.

Nossa Senhora disse-me queixando-se:

“Não quiseram atender ao meu pedido!… Como o rei de França, arrepender-se-ão e fá-la-ão, mas será tarde. A Rússia terá já espalhado os seus erros pelo mundo, provocando guerras, perseguições à Igreja: o Santo Padre terá muito que sofrer”.

Aparição de 3 de janeiro de 1944 e a autorização para a irmã Lúcia escrever o conteúdo do Terceiro Segredo

No dia 15 de setembro de 1943, estando doente no convento de Tuy, a irmã Lúcia recebe a visita do bispo de Leiria, que lhe ordena que escreva o Terceiro Segredo recebido nas Aparições de Fátima. Ela fica muito preocupada, e daí em diante, por várias vezes tenta cumprir a ordem recebida, mas as mãos não lhe obedecem, passando a viver num autêntico pesadelo.

A irmã Lúcia deixou narrados estes episódios e que foram publicados pelo Carmelo de Coimbra em 2013:

Extrato do livro “Um caminho sob o olhar de Maria”, publicado pelo Carmelo de Coimbra em 2013

“Enquanto esperava a resposta, no dia 3-1-1944, ajoelhei-me junto da cama que, por vezes me serve de mesa para escrever e, de novo fiz a experiência, sem nada conseguir; o que mais me impressionava era que no mesmo momento escrevia sem dificuldade qualquer outra coisa. Pedi então a Nossa Senhora que me fizesse conhecer qual era a vontade de Deus. E dirigi-me para a capela, eram as 4h da tarde, hora a que costumava ir fazer a visita ao Santíssimo, por ser a hora a que ordinariamente está mais só, e não sei por que, mas gosto de me encontrar a sós com Jesus no Sacrário. Aí ajoelhei-me no meio, junto ao degrau da mesa da Comunhão e pedi a Jesus que me fizesse conhecer qual era a sua vontade. Habituada como estava, a crer que as ordens dos superiores são a expressão certa da vontade de Deus, não podia crer que esta o não fosse. E perplexa, meio absorta, sob o peso duma nuvem escura que parecia pairar sobre mim, com o rosto entre as mãos, esperava, sem saber como, uma resposta. Senti então, que uma mão amiga, carinhosa e maternal me tocou no ombro, levanto o olhar e vejo a querida mãe do Céu”.

«Não temas, quis Deus provar a tua obediência, fé e humildade, está em paz e escreve o que te mandam, não, porém o que te é dado entender do seu significado. Depois de escrito, encerra-o um envelope, fecha-o e lacra-o e escreve por fora, que só pode ser aberto em 1960, pelo Sr. Cardeal Patriarca de Lisboa ou pelo Sr. bispo e Leiria».

“E senti o espírito inundado por um mistério de luz que é Deus e nele vi e ouvi, – A ponta da lança como chama que se desprende toca o eixo da Terra, – Ela estremece: montanhas, cidades vilas e aldeias com os seus moradores são sepultados. O mar, os rios e as nuvens saem dos seus limites, transbordam, inundam e arrastam consigo num redemoinho, moradias e gente em número que não se pode contar, é a purificação do mundo pelo pecado em que se mergulha. O ódio, a ambição provocam a guerra destruidora! Depois senti no palpitar acelerado do coração e no meu espírito o eco duma voz que dizia: – No tempo, uma só fé, um só batismo, uma só lgreja, Santa, Católica, Apostólica. Na eternidade, o Céu! Esta palavra Céu encheu a minha alma de paz e felicidade, de tal forma que quase sem me dar conta fiquei repetindo por muito tempo: – O Céu! O Céu! Apenas passou a maior força do sobrenatural, fui escrever e fi-lo sem dificuldade, no dia 3 de janeiro de 1944, de joelhos apoiada sobre a cama que me serviu de mesa”.

Esta passagem só agora divulgada no livro publicado em 2013 pelo Carmelo de Coimbra “Um caminho sob o olhar de Maria”, vem explicar as polêmicas que surgiram em torno de se o Terceiro Segredo tinha ou não sido revelado na íntegra.

O episódio que tanta polêmica desencadeou em torno do Papa João Paulo II em Fulda, foi relatado no número de outubro de 1981 da revista alemã “Stimme des Glaubens” e referiu-se a uma troca de impressões que o Papa João Paulo II teve com um grupo escolhido de católicos alemães em novembro de 1980. O que se segue é um extrato do relatório fiel dessa troca de impressões:

Perguntaram ao Santo Padre: “O Terceiro Segredo de Fátima não devia já ter sido publicado por volta de 1960”?

O Papa João Paulo II respondeu:

“Dada a gravidade do seu conteúdo, os meus antecessores na cadeira de Pedro preferiram diplomaticamente adiar a publicação, para não encorajar o poder mundial do comunismo a tomar certas atitudes. Por outro lado, é suficiente todos os cristãos saberem isto: se há uma mensagem em que está escrito que os oceanos inundarão vastas áreas da terra, e que, de um momento para outro, milhões de pessoas morrerão, certamente a publicação de uma tal mensagem já não é algo muito desejável”.

Fica assim esclarecido, de que o Segredo que a irmã Lúcia escreveu, foi realmente divulgado na íntegra, e a parte de que o Papa João Paulo II falou em Fulda, e que levou muitos a afirmar de que havia uma parte do Segredo que não fora revelado, afinal de contas eram as luzes e o significado que a irmã Lúcia recebeu, e que foram explicitamente proibidas por Nossa Senhora de serem divulgadas.

Este texto escrito pela irmã Lúcia, que não fazia parte do Texto do Segredo, lacrado e para ser divulgado depois de 1960, chegou ao conhecimento privilegiado do Papa João Paulo II antes de 1980, mas, ao povo em geral, só com a publicação daquele livro do Carmelo. Foi este hiato de conhecimento no tempo, o causador de tanta polêmica e críticas injustas à Igreja, nas pessoas do Papa e da própria irmã Lúcia.

Outras visitas de Nossa Senhora à irmã Lúcia ao longo da vida

“Um caminho sob o olhar de Maria” – Extrato do livro publicado pelo Carmelo de Coimbra em 2013, Págs. 388 a 395

Pág. 388

Era edificante ver a irmã Lúcia nas suas ocupações diárias, seguindo os atos de comunidade, conforme a idade e a saúde lhe permitiam. Quem a via no dia a dia, tão simples, natural e laboriosa, nem imaginava a intensa vida interior que as paredes daquele corpo frágil suportavam! Como Moisés, mantinha os braços erguidos em intercessão pelo mundo, que abraçava em contínua oração. Rezava e amava, oferecendo e oferecendo-se constantemente pela Igreja, pelo Santo Padre, por toda a humanidade.

Era no pequeno santuário da sua cela, que mais gostava de permanecer e aí expandir a sua alma, confiando ao coração da Mãe e através dela, ao Coração de Deus, as necessidades do mundo.

Nessa cela onde se entregava à oração à leitura ou ao trabalho, recebeu algumas visitas do Céu, talvez muitas… Todas estas visitas tinham um único objetivo: o de a ajudar a cumprir a sua missão de fazer conhecer e amar Jesus e o Coração Imaculado de Maria.

Elas eram respostas às suas angústias, à sua oração, ou novos pedidos.

Quando um pouco a sério, um pouco a brincar lhe dizíamos: “irmã Lúcia, quando Nossa Senhora vier por aí, chame por nós”, ela respondia natural e espontaneamente, dando uma risadinha:

– “Pois sim! Enquanto vou chamar, ela vai-se embora!…”

Pág. 390

Infelizmente, a irmã Lúcia não registou por escrito todas estas aparições da Virgem Maria, o seu desejo era sempre passar despercebida, guardando para si o segredo da Mãe do Céu como um perfume que se fica exposto ao ar perde o seu odor. Porém quando Nossa Senhora lhe dava algum “recado” que ela devia transmitir, ainda que dentro de si sentisse uma certa repulsa em o fazer, era com toda a fidelidade que transmitia a mensagem que lhe era confiada.

O caso da mensagem que Nossa Senhora lhe entregou para o Arcebispo de Coimbra, D. Ernesto Sena de Oliveira, no dia 22 de agosto de 1949. Terá sido certamente, a primeira vez que Nossa Senhora a visitou no Carmelo, dando-lhe luz e mostrando-lhe o caminho que devia seguir, como outrora em Fátima na sétima aparição mostrando-lhe mais uma vez a obediência ao bispo como a vontade de Deus.

No dia 31 de dezembro de 1979, deu-se mais um destes encontros que ela registou…

Pág. 391

No dia 15 de março de 1980, deu-se um novo encontro…

Pág. 395

Em outubro de 1984, durante o retiro comunitário, recebeu novamente na cela a visita de Nossa Senhora. Desta vez só nos diz que recebeu a celeste visita, sem registrar o conteúdo da mensagem.