ÍNDICE (Clique aqui para baixar o “Catecismo (resumo)”)

RESUMO DE ORAÇÕES

LIÇÃO PRELIMINAR – SINAL DA CRUZ

PRIMEIRA PARTE – CREDO
LIÇÃO I – CREDO
LIÇÃO II – PRIMEIRO ARTIGO DO CREDO
LIÇÃO III – SANTÍSSIMA TRINDADE
LIÇÃO IV – DEUS CRIADOR
LIÇÃO V – SEGUNDO E TERCEIRO ARTIGOS DO CREDO
LIÇÃO VI – QUARTO, QUINTO E SEXTO ARTIGOS DO CREDO
LIÇÃO VII – SÉTIMO E OITAVO ARTIGOS DO CREDO
LIÇÃO VIII – NONO ARTIGO DO CREDO
LIÇÃO IX – TRÊS ÚLTIMOS ARTIGOS DO CREDO

SEGUNDA PARTE – ORAÇÃO
LIÇÃO I – ORAÇÃO EM GERAL
LIÇÃO II – PAI-NOSSO
LIÇÃO III – AVE-MARIA

TERCEIRA PARTE – MANDAMENTOS DE DEUS E DA IGREJA
LIÇÃO I – MANDAMENTOS DE DEUS EM GERAL
LIÇÃO II – MANDAMENTOS QUE SE REFEREM A DEUS
LIÇÃO III – MANDAMENTOS QUE SE REFEREM AO PRÓXIMO
LIÇÃO IV – MANDAMENTOS DA IGREJA
LIÇÃO V – PECADOLIÇÃO VI – VÍCIOS CAPITAIS

QUARTA PARTE – SACRAMENTOS
LIÇÃO I – SACRAMENTOS EM GERAL
LIÇÃO II – BATISMO
LIÇÃO III – CRISMA OU CONFIRMAÇÃO
LIÇÃO IV – EUCARISTIA
LIÇÃO V – PENITÊNCIA
LIÇÃO VI – UNÇÃO DOS ENFERMOS
LIÇÃO VII – ORDEM
LIÇÃO VIII – MATRIMÔNIO

QUINTA PARTE – VIRTUDES PRINCIPAIS E DAS OUTRAS COISAS QUE DEVE SABER O CRISTÃO
LIÇÃO I – VIRTUDE
LIÇÃO II – DONS DO ESPIRITO SANTO
LIÇÃO III – BEM-AVENTURANÇAS EVANGÉLICAS
LIÇÃO IV – OBRAS DE MISERICÓRDIA


RESUMO DE ORAÇÕES

PERSIGNAR-SE

Pelo sinal † da santa cruz, livrai-nos, Deus, † Nosso Senhor, dos nossos † inimigos. Em nome do Pai, e do Filho, † e do Espírito Santo. Amém.

CREDO

Creio em Deus Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra; e em Jesus Cristo, seu único Filho, Nosso Senhor: que foi concebido pelo poder do Espírito Santo; nasceu da Virgem Maria, padeceu sob Pondo Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; desceu à mansão dos mortos; ressuscitou ao terceiro dia; subiu aos céus, está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso, donde há de vir a julgar os vivos e os mortos. Creio no Espírito Santo, na santa Igreja Católica, na comunhão dos santos, na remissão dos pecados, na ressurreição da carne, na vida eterna. AMÉM.

PAI-NOSSO

Pai nosso que estais nos céus, santificado seja o vosso nome; venha a nós o vosso reino, seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu; o pão nosso de cada dia nos dai hoje; perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido, e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.

AVE-MARIA

Ave, Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco; bendita sois vós entre as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amém.

SALVE-RAINHA

Salve, Rainha, Mãe de misericórdia, vida, doçura, esperança nossa, salve! A vós bradamos, os degredados filhos de Eva. A vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas. Eia, pois, advogada nossa, esses vossos olhos, misericordiosos a nós volvei, e depois deste desterro mostrai-nos Jesus, bendito fruto do vosso ventre, ó clemente, ó piedosa, ó doce sempre Virgem Maria.
V. Rogai por nós, Santa Mãe de Deus.
R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

MANDAMENTOS DA LEI DE DEUS

Os mandamentos da lei de Deus são dez: Os três primeiros pertencem à honra de Deus e os outros sete ao proveito do próximo:
1º Amar a Deus sobre todas as coisas;
2º Não tomar seu santo nome em vão;
3º Guardar os domingos e festas;
4º Honrar pai e mãe;
5º Não matar;
6° Não pecar contra a castidade;
7º Não furtar;
8º Não levantar falso testemunho;
9º Não desejar a mulher do próximo;
10° Não cobiçar as coisas alheias.

Estes dez mandamentos se encerram em dois: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos.

MANDAMENTOS DA IGREJA

Os mandamentos da Igreja são cinco:
1º Ouvir Missa inteira aos domingos e festas de guarda;
2º Confessar-se ao menos uma vez cada ano;
3º Comungar ao menos pela Páscoa da Ressurreição;
4° Jejuar e abster-se de carne, quando manda a Santa Madre Igreja;
5º Pagar dízimos segundo o costume.

SACRAMENTOS

Os sacramentos instituídos por Jesus Cristo são sete:
1º Batismo;
2º Confirmação;
3° Eucaristia;
4º Penitência ou Confissão;
5º Unção dos Enfermos;
6º Ordem;
7º Matrimônio.

ATOS DE FÉ, ESPERANÇA, CARIDADE,
CONTRIÇÃO E CONFISSÃO

Ato de contrição

Senhor meu Jesus Cristo, Deus e homem verdadeiro, Criador e Redentor meu, por serdes vós quem sois, sumamente bom e digno de ser amado sobre todas as coisas; e porque vos amo e estimo, pesa-me, Senhor, de todo o meu coração, de vos ter ofendido; pesa-me, também, por ter perdido o céu e merecido o inferno; e proponho firmemente, ajudado com os auxílios da vossa divina graça, emendar-me e nunca mais vos tornar a ofender. Espero alcançar o perdão de minhas culpas pela vossa infinita misericórdia. Amém.

Outro ato de contrição

Ó meu bom Jesus, que morrestes na cruz para me salvar, perdoai os meus pecados, porque deles me arrependo e não quero mais pecar. Amém.

Confissão
Confesso a Deus todo-poderoso e a vós, irmãos, que pequei muitas vezes por pensamentos e palavras, atos e omissões, por minha culpa, minha tão grande culpa. E peço à Virgem Maria, aos anjos e santos e a vós, irmãos, que rogueis por mim a Deus Nosso Senhor.

LIÇÃO PRELIMINAR – SINAL DA CRUZ

És cristão?
Sim; sou cristão pela graça de Deus.

Quem é o verdadeiro cristão?

Verdadeiro cristão é aquele que é batizado, crê e professa a doutrina e a lei de Jesus Cristo.

Como é que o homem se faz cristão?

O homem se faz cristão pelo Batismo.

Qual é o sinal do cristão?

O sinal do cristão é a cruz.

De quantos modos se faz o sinal da cruz?

O sinal da cruz se faz de dois modos: persignando-se e benzendo-se.

Que é persignar-se?

Persignar-se é fazer três cruzes com o dedo polegar da mão direita aberta: a primeira na testa; a segunda na boca; a terceira no peito, dizendo: Pelo sinal †da santa cruz, livrai-nos, Deus, † Nosso Senhor, dos nossos † inimigos.

Para que se fazem estas três cruzes?

Faz-se a primeira cruz na testa, para que Deus nos livre dos maus pensamentos; a segunda, na boca, para que Deus nos livre das más palavras, e a terceira no peito, para que Deus nos livre das más obras, que nascem do coração.

Que é benzer-se?
Benzer-se é fazer uma cruz, com a mão direita aberta, da testa ao peito e do ombro esquerdo ao direito, dizendo: Em nome do Pai, e do Filho, † e do Espírito Santo. Amém.

Por que o sinal da cruz é o sinal do cristão?
O sinal da cruz é o sinal do cristão porque ele indica os principais mistérios da nossa fé.

Quais são os principais mistérios da nossa fé?

Os principais mistérios da nossa fé são: 1º Unidade e Trindade de Deus; 2º Encarnação, Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo.

É coisa útil fazer frequentemente o sinal da cruz?
Sim; fazer frequentemente o sinal da cruz é coisa utilíssima, porque este sinal tem a virtude de avivar a fé, repelir as tentações e alcançar-nos de Deus muitas graças.

Quando devemos fazer o sinal da cruz?

Devemos fazer o sinal da cruz pela manhã, ao despertar; à noite, ao deitar; antes e depois das refeições; no princípio e no fim de qualquer trabalho; antes de começar a oração; nas tentações e nos perigos.

Que é o catecismo da doutrina cristã?
O catecismo da doutrina cristã é o compêndio de tudo quanto Jesus Cristo nos ensinou para alcançarmos a salvação.

Em quantas partes se divide a doutrina cristã?

A doutrina cristã divide-se em quatro partes principais, a saber: o Credo, a Oraçãoos Mandamentos e os Sacramentos.

É necessário aprender a doutrina cristã?

Sim; é necessário aprender a doutrina cristã, e cometem falta grave aqueles que, por negligência ou má vontade, não a quiserem aprender.

PRIMEIRA PARTE – CREDO
LIÇÃO I – CREDO

Que é o Credo?
Credo, ou o Símbolo dos Apóstolos, é o resumo das verdades que todo cristão deve crer.

Por que se chama o Credo também Símbolo dos Apóstolos?

Chama-se o Credo Símbolo dos Apóstolos, porque é um resumo das verdades da fé, ensinadas pelos Apóstolos.

Quantos artigos contém o Credo?

O Credo contém doze artigos.

Dize o Credo distribuído por seus artigos.

1º Creio em Deus Pai, todo-poderoso, Criador do céu e da terra;
2º E em Jesus Cristo, seu único Filho, Nosso Senhor;
3º Que foi concebido pelo poder do Espírito Santo, nasceu da Virgem Maria;
4º Padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado;
5º Desceu à mansão dos mortos; ressuscitou ao terceiro dia;
6º Subiu aos céus, está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso;
7º Donde há de vir a julgar os vivos e os mortos;
8º Creio no Espírito Santo;
9° Na Santa Igreja Católica; na comunhão dos santos;
10º Na remissão dos pecados;
11º Na ressurreição da carne;
12º Na vida eterna. Amém.

Somos obrigados a saber e crer
 explicitamente todos esses artigos?
Sim; somos obrigados por preceito divino a saber e crer explicitamente todas as verdades contidas nos artigos do Credo.

LIÇÃO II – PRIMEIRO ARTIGO DO CREDO

Dize o primeiro artigo do Credo.
Creio em Deus Pai, todo-poderoso, Criador do céu e da terra.

Quem é Deus?

Deus é um espírito perfeitíssimo, eterno, criador do céu e da terra.

Por que Deus é eterno?

Deus é eterno, porque sempre existiu, não teve princípio e não terá fim.

Por que Deus é criador?

Deus é criador, porque só ele criou e pode criar todas as coisas, e por ninguém foi criado.

Onde está Deus?

Deus está no céu, na terra e em toda parte.

Deus vê todas as coisas?
Sim, Deus vê todas as coisas presentes, passadas e futuras e até nossos pensamentos.

Por que Deus vê todas as coisas?

Deus vê todas as coisas, porque é infinitamente sábio e está sempre presente em toda parte.

Deus tem corpo como nós?

Não; Deus não tem corpo: mas é espírito puríssimo.

Como criou Deus o mundo?

Deus criou o mundo com um simples ato de sua vontade, e pode criar muitos outros mundos, porque é onipotente.

De que fez Deus o mundo?

Deus fez o mundo do nada.

LIÇÃO III – SANTÍSSIMA TRINDADE

Quantos deuses há?
Há um só Deus e não pode haver mais do que um.

Quantas pessoas há em Deus?

Em Deus há três pessoas iguais e realmente distintas, que são o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

Como se chama esse
 mistério de um Deus em três pessoas iguais e realmente distintas: Pai, Filho e Espírito Santo?
Chama-se o mistério da Santíssima Trindade.

Quem é a primeira pessoa da Santíssima Trindade?
A primeira pessoa da SS. Trindade é o Pai.

Quem é a segunda pessoa da SS. Trindade?

A segunda pessoa da SS. Trindade é o Filho.

Quem é a terceira pessoa da SS. Trindade?
A terceira pessoa da SS. Trindade é o Espírito Santo.

O Pai é Deus?

Sim; o Pai é Deus.

O Filho é Deus?

Sim; o Filho é Deus.

O Espírito Santo é Deus?
Sim; o Espírito Santo é Deus.

Então são três deuses?

Não; são três pessoas distintas, mas um só Deus.

Por que são as três pessoas da Santíssima
 Trindade um só Deus?
As três pessoas da Santíssima Trindade são um só Deus, porque todas três têm uma só e a mesma natureza divina.

Qual das três pessoas da Santíssima Trindade é maior, mais poderosa e mais sábia?

As três pessoas da Santíssima Trindade são todas iguais, porque todas têm a mesma natureza divina, o mesmo poder e a mesma sabedoria.

Não existiu o Pai antes do Filho e antes do Espírito Santo?

Não; o Pai não existiu antes do Filho, nem antes do Espírito Santo, porque todas essas três pessoas divinas são igualmente eternas.

LIÇÃO IV – DEUS CRIADOR

Os anjos

Quais foram os entes mais perfeitos que Deus criou?
Os entes mais perfeitos que Deus criou foram os anjos e os homens.

Quem são os anjos?
Os anjos são puros espíritos, que Deus criou para sua glória e seu serviço.

Em que estado Deus criou os anjos?

Deus criou os anjos em estado de inocência e santidade.

Perseveraram todos os anjos neste estado?

Não; alguns anjos perseveraram no bem e outros se revoltaram contra Deus.

Como se chamam os anjos que perseveraram no bem?

Os anjos que perseveraram no bem chamam-se anjos bons ou simplesmente anjos.

Como se chamam os anjos que se revoltaram contra Deus?

Os anjos que se revoltaram contra Deus chamam-se anjos maus ou demônios.

Como foram punidos os anjos rebeldes?
Os anjos rebeldes foram punidos com a expulsão do céu e a condenação ao inferno.

Os anjos rebeldes ou demônios podem fazer-nos algum mal?
Sim; os demônios podem fazer-nos mal principalmente através das tentações.

Como podemos vencer as tentações do demônio?
Podemos vencer as tentações do demônio com a oração, a vigilância e o uso frequente dos sacramentos.

Como foram recompensados os anjos bons?
Os anjos bons foram recompensados com a posse do céu para sempre.

Qual é a ocupação dos anjos bons?

A ocupação dos anjos bons é adorar a Deus e executar suas ordens.

Confiou Deus a seus anjos a missão de velar sobre nós?
Sim; Deus confiou a muitos dos seus anjos a missão de velar sobre os homens e deu a cada um de nós um anjo tutelar, que se chama anjo da guarda.

Quais são as nossas obrigações para com o anjo da guarda?
Nossas obrigações para com o anjo da guarda são: honrá-lo, invocá-lo e seguir suas inspirações.

O Homem

Quem é o homem?
O homem é uma criatura racional, composta de alma e corpo.

Que é a alma do homem?
A alma do homem é um espírito livre e imortal, criado à imagem de Deus.

Por que é a alma do homem imagem de Deus?
A alma do homem é a imagem de Deus porque é capaz de conhecer, amar e agir livremente.

Como criou Deus o primeiro homem?
Deus criou o primeiro homem, formando seu corpo do limo da terra e unindo a esse corpo uma alma imortal.

Como se chamou o primeiro homem?
O primeiro homem chamou-se Adão.

Como se chamou a primeira mulher?
A primeira mulher chamou-se Eva.

Como se formou Eva?
Enviou Deus um profundo sono a Adão e nesse tempo tomou dele uma costela, da qual formou o corpo de Eva e lhe deu uma alma semelhante à de Adão.

Descendem todos os homens de Adão e Eva?
Sim; todos os homens descendem de Adão e Eva; e é por isso que somos todos irmãos.

Para que foi criado o homem?
O homem foi criado para conhecer, amar e servir a Deus neste mundo, e depois gozá-lo para sempre no outro mundo.

Em que estado colocou Deus Adão e Eva?
Deus colocou Adão e Eva no estado de graça e felicidade.

Adão e Eva conservaram o estado de
 graça e felicidade?
Não; Adão e Eva não conservaram o estado de graça e felicidade, mas perderam-no pelo pecado.

Qual foi o pecado de Adão e Eva?

O pecado de Adão e Eva foi o pecado de soberba e desobediência a Deus.

Como desobedeceram a Deus Adão e Eva?
Adão e Eva desobedeceram a Deus, comendo do fruto da árvore do bem e do mal, que o Senhor lhes tinha proibido.

Que resultou dessa desobediência?

Dessa desobediência resultou que Adão e Eva foram privados da graça, expulsos do paraíso terrestre, perdendo o dom da ciência infusa, da integridade (domínio das paixões) e passando a estar sujeitos sujeitos à morte.

O pecado de Adão e Eva é somente de
 Adão e Eva?
Não; o pecado de Adão e Eva não é somente de Adão, mas é de todos os seus descendentes.

Como se chama esse pecado?

Esse pecado chama-se pecado original.

Todos os homens contraem o pecado original?

Sim; exceto a Virgem Maria, todos os homens contraem o pecado original.

Depois do pecado original todos os homens podem salvar-se?

Sim; depois do pecado original os homens podem salvar-se porque Deus lhes enviou o Salvador.

Quem é o Salvador dos homens?

O Salvador dos homens é Nosso Senhor Jesus Cristo.

LIÇÃO V – SEGUNDO E TERCEIRO ARTIGOS DO CREDO

Dize o segundo artigo do Credo.
E em Jesus Cristo, seu único Filho, Nosso Senhor.

Quem é Jesus Cristo?

Jesus Cristo é o Filho de Deus feito homem.

Que se entende por Filho de Deus?

Por Filho de Deus entende-se a segunda pessoa da Santíssima Trindade.

Quem é o pai de Jesus Cristo?

O pai de Jesus Cristo é somente o Pai Eterno, isto é, a primeira pessoa da Santíssima Trindade.

Não teve Jesus Cristo também um pai na terra?
Não; Jesus Cristo não teve pai na terra, mas somente mãe, que é a Virgem Maria.

Dize o terceiro artigo do Credo.
Que foi concebido pelo poder do Espírito Santo, nasceu da Virgem Maria.

Como se fez homem o Filho de Deus?
O Filho de Deus se fez homem tomando corpo e alma humanos nas puríssimas entranhas da Virgem Maria, por obra do Espírito Santo.

Como se chama este mistério?
Chama-se o mistério da Encarnação.

Quando se fez homem, o Filho de Deus deixou de ser Deus?
Não; quando o Filho de Deus se fez homem não deixou de ser Deus; permaneceu verdadeiro Deus e começou a ser também verdadeiro homem.

Então quantas
 naturezas há em Jesus Cristo?
Em Jesus Cristo há duas naturezas distintas: a natureza divina e a natureza humana.

Há também duas pessoas em Jesus Cristo?
Não; em Jesus Cristo há uma só pessoa, que é a do Filho de Deus, segunda pessoa da Santíssima Trindade.

Para que se fez homem
 o Filho de Deus?
O Filho de Deus se fez homem para nos salvar.

Onde nasceu Jesus Cristo?
Jesus Cristo nasceu em Belém e foi colocado num presépio.

Quantos anos viveu Jesus Cristo?

Jesus Cristo viveu trinta e três anos.

A Santíssima Virgem pode chamar-se Mãe de Deus?
A Santíssima Virgem pode e deve chamar-se Mãe de Deus, porque é Mãe de Jesus Cristo, que é Deus.

Maria, sendo mãe, ficou sempre virgem?
Sim; por especial graça de Deus, Maria foi virgem antes do parto, virgem no parto e virgem depois do parto.

Quem era São José?
São José era o esposo de Maria Santíssima e guarda de Jesus Cristo.

Por que se chama São José pai de Jesus Cristo?
São José se chama pai de Jesus Cristo por ser esposo de Maria Santíssima e porque exercia a missão de pai sobre ele.

LIÇÃO VI – QUARTO, QUINTO E SEXTO ARTIGOS DO CREDO

Dize o quarto artigo do Credo.

Padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado.

Por que Jesus Cristo padeceu, foi crucificado, morto e sepultado?
Jesus Cristo padeceu, foi crucificado, morto e sepultado para nos salvar.

Como padeceu Jesus Cristo?
Jesus Cristo padeceu tristeza, dores e o suplício da cruz.

Como morreu Jesus Cristo?
Jesus Cristo morreu pregado na cruz.

Em que dia morreu Jesus Cristo?
Jesus Cristo morreu na Sexta-Feira Santa às três horas da tarde.

Jesus Cristo padeceu e morreu enquanto Deus ou enquanto homem?
Jesus Cristo padeceu e morreu enquanto homem, porque enquanto Deus não podia padecer nem morrer.

Como se chama o mistério da Paixão e Morte de Jesus Cristo?
Chama-se o mistério da Redenção.

Que se fez do corpo de Jesus Cristo depois de sua morte?
Depois da morte de Jesus Cristo seu corpo foi sepultado.

Dize o quinto artigo do Credo.
Desceu à mansão dos mortos; ressuscitou ao terceiro dia.

Que quer dizer “desceu à mansão dos mortos”?
“Desceu à “mansão dos mortos” quer dizer que depois da morte de Jesus Cristo sua alma desceu ao limbo.

Que quer dizer o limbo, ao qual desceu Jesus Cristo?
O limbo, ao qual desceu Jesus Cristo, quer dizer o lugar onde estavam as almas dos justos esperando a redenção.

Para que desceu Jesus Cristo ao limbo?
Jesus Cristo desceu ao limbo para consolar e livrar as almas dos justos.

Quantos dias esteve morto Jesus Cristo?
Jesus Cristo esteve morto três dias incompletos, a saber: parte da sexta-feira, todo o sábado e parte do domingo.

Que fez Jesus Cristo depois dos três dias de sua morte?
Jesus Cristo, depois dos três dias de sua morte, ressuscitou glorioso e triunfante para nunca mais morrer.

Que quer dizer: ressuscitou?
Ressuscitou quer dizer que a alma de Jesus Cristo voltou a se unir a seu corpo.

Em que dia Jesus Cristo ressuscitou?
Jesus Cristo ressuscitou na madrugada do Domingo de Páscoa.

Dize o sexto artigo do Credo.
Subiu aos céus, está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso.

Quantos dias esteve Jesus Cristo na terra depois da sua ressurreição?
Depois da sua ressurreição, Jesus Cristo esteve na terra quarenta dias.

Por que ficou Jesus Cristo na terra quarenta dias depois da sua ressurreição?
Jesus Cristo ficou na terra quarenta dias depois da sua ressurreição para confirmar seus discípulos na fé.

Depois de quarenta dias, para onde foi Jesus Cristo?
Depois dos quarenta dias Jesus Cristo subiu aos céus.

Jesus Cristo subiu aos céus por si mesmo?
Sim; Jesus Cristo subiu aos céus por si mesmo, em virtude de seu próprio poder.

Como se chama o mistério da subida de Jesus Cristo aos céus?
O mistério da subida de Jesus Cristo aos céus chama-se mistério da Ascensão.

Que querem dizer as palavras: está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso?
As palavras: “está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso” querem dizer que Jesus Cristo no céu tem lugar de honra, igual a Deus, sobre todas as criaturas.

LIÇÃO VII – SÉTIMO E OITAVO ARTIGOS DO CREDO

Dize o sétimo artigo do Credo.

Donde há de vir a julgar os vivos e os mortos.

Que querem dizer estas palavras: donde há de vir a julgar os vivos e os mortos?
Estas palavras querem dizer que, no fim do mundo, Jesus Cristo descerá visivelmente à terra, para julgar todos os homens.

Que fará Jesus Cristo nesse dia?
Nesse dia Jesus Cristo manifestará a todas as criaturas o bem e o mal que fizeram e dará o prêmio aos bons e o castigo aos maus.

Como se chama esse juízo?
Esse juízo chama-se juízo universal.

Quando se fará o juízo universal?
O juízo universal será no fim do mundo.

Quando será o fim do mundo?
Na terra ninguém sabe quando será o fim do mundo.

Antes do juízo universal há outro juízo?
Sim; antes do juízo universal há o juízo particular para cada um, logo depois da morte.

O que é o juízo particular?
É o momento depois da morte em que Deus julgará todas as nossas obras realizadas na terra.

Para onde irá a alma depois do juízo particular?
Depois do juízo particular, de acordo com o julgamento de Deus, a alma irá para o céu, ou para o inferno, ou para o purgatório.

Quem é a alma que vai para o céu logo depois do juízo particular?
A alma que vai para o céu logo depois do juízo particular é a alma que está livre de todo pecado e não tem pena alguma que pagar.

Quem é a alma que vai para o inferno, logo depois do juízo particular?
A alma que vai para o inferno, logo depois do juízo particular, é a alma que morre em pecado mortal, sem arrependimento dos seus pecados.

Quem é a alma que vai para o purgatório, logo depois do juízo particular?

A alma que vai para o purgatório, logo depois do juízo particular, é a alma que tem alguma pena que pagar.

Que é o purgatório?

Purgatório é o lugar onde as almas dos justos se purificam, satisfazem com penas temporais, o que ficaram devendo pagar devido aos seus pecados.

Podemos nós abreviar a duração das penas das almas do purgatório?

Sim; podemos abreviar a duração das penas das almas do purgatório: com orações, boas obras, indulgências e principalmente com o santo sacrifício da Missa.

Dize o oitavo artigo do Credo.

Creio no Espírito Santo.

Quem é o Espírito Santo?

O Espírito Santo é a terceira pessoa da Santíssima Trindade.

Qual é a obra que se atribui especialmente ao Espírito Santo?

A obra que se atribui especialmente ao Espírito Santo é a santificação das almas.

Por que se costuma figurar o Espírito Santo em forma de pomba?

Costuma-se figurar o Espírito Santo em forma de pomba porque foi assim que o Espírito Santo se mostrou no batismo de Nosso Senhor Jesus Cristo.

O Espírito Santo não se mostrou outras vezes aos homens de modo visível?

Sim; o Espírito Santo mostrou-se outras vezes de modo visível aos homens, principalmente no dia de Pentecostes.

Como se mostrou o Espírito Santo no dia de Pentecostes?

O Espírito Santo, no dia de Pentecostes, se mostrou em línguas de fogo descendo sobre os apóstolos.

Que efeito produziu o Espírito Santo nos
 apóstolos?
O efeito que o Espírito Santo produziu nos apóstolos foi o de enchê-los de luz, de força e de todos os seus dons, para anunciarem o Evangelho e propagarem a Igreja de Jesus Cristo.

LIÇÃO VIII – NONO ARTIGO DO CREDO

Dize o nono artigo do Credo.
Na Santa Igreja Católica, na comunhão dos santos.

Que é a Santa Igreja Católica?

A Santa Igreja Católica é uma sociedade visível, vivificada por Cristo, cujos membros perfazem uma comunidade de fé, esperança e caridade.

Quem fundou a Igreja?

Quem fundou a Igreja foi Jesus Cristo, dizendo aquelas palavras a Simão Pedro: “tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja”.

Que é necessário para pertencer à Igreja Católica?

Para pertencer à Igreja Católica é necessário ser batizado, professar a doutrina e a lei de Jesus Cristo, participar dos seus sacramentos, prestar obediência ao Papa e aos legítimos pastores.

Quais são os legítimos pastores da Igreja?

Os legítimos pastores da Igreja são: o Papa e os Bispos.

Quem mais toma também parte no oficio de pastores da Igreja?

Tomam também parte no ofício de pastores da Igreja os sacerdotes.

Quem é o Papa?

O Papa, que chamamos também Romano Pontífice, é o vigário (representante) de Jesus Cristo na terra, o chefe visível da Igreja.

Pode a Igreja errar, quando nos manda crer alguma coisa?

Não; a Igreja não pode errar quando nos manda crer alguma coisa, porque é assistida e guiada pelo Espírito Santo, e por isso é infalível.

E o Papa também é infalível?

Sim; o Papa é infalível.

Quando é que o Papa é infalível?

O Papa é infalível quando, ensinando a toda a Igreja, com autoridade apostólica, define verdades da fé e de costumes.

Por que motivo o Papa é infalível?

O Papa é infalível, porque tem a promessa de Jesus Cristo, e porque é assistido pelo Espírito Santo.

Quais são as obrigações
 dos católicos para com o Papa?
As obrigações dos católicos para com o Papa são: veneração, amor filial, obediência.

Quem são os Bispos?

Os Bispos são os pastores dos fiéis nas dioceses, que lhes são confiadas pelo Papa.

De quem são sucessores os
 Papas e os Bispos?
O Papa é o sucessor de S. Pedro, príncipe dos apóstolos; os Bispos são os sucessores dos apóstolos no poder ordinário de governar a Igreja.

Quais são as obrigações dos fiéis para com os próprios Bispos?

Todos os fiéis são obrigados a venerar, amar e honrar o próprio Bispo, e prestar-lhe obediência em tudo que se refere à cura das almas e ao governo da diocese.

Para que instituiu Jesus Cristo a Igreja?

Jesus Cristo instituiu a igreja para ser guardiã e fiel intérprete de toda Revelação e para todos os homens terem nela os meios de salvação. É a igreja, assistida pelo Espírito Santo, que nos assegura que tudo o que Deus revelou ao longo dos séculos chegue até nós sem erro. E também é ela quem é a fiel intérprete de todas as passagens da Sagrada Escritura.

Quais são os principais meios de salvação que temos na Igreja?

Os principais meios de salvação que temos na Igreja são: a fé, a graça comunicada pelos sacramentos e a comunhão dos santos.

Que é a comunhão dos santos?

A comunhão dos santos é o compartilhamento das orações e outras boas obras entre todos os membros da Igreja.

LIÇÃO IX – TRÊS ÚLTIMOS ARTIGOS DO CREDO

Dize o décimo artigo do Credo.
Na remissão dos pecados.

Que quer dizer remissão dos pecados?

Quer dizer que Jesus Cristo deu à sua Igreja o poder de perdoar os pecados.

Haverá algum pecado que a Igreja não possa perdoar?

Não; não há pecado, por grave e enorme que seja, nem pecados tão numerosos, que a Igreja não possa perdoar.

Como perdoa a Igreja os pecados?

A Igreja perdoa os pecados aplicando os merecimentos de Jesus Cristo, por meio dos sacramentos.

Dize o undécimo artigo do Credo.

Na ressurreição da carne.

Que ensina este artigo?

Este artigo ensina que no dia do juízo final, no final dos tempos, todos os mortos ressuscitarão com o mesmo corpo que tiveram nesta vida.

Para onde irá o corpo ressuscitado no dia do juízo?

O corpo ressuscitado, no dia do juízo, se reunirá à alma, indo com ela para o céu, ou para o inferno, conforme merecer.

Dize o décimo segundo artigo do Credo.

Na vida eterna.

Que se entende por vida eterna?

Por vida eterna se entende a vida que depois da presente não tem mais fim.

Como será essa vida eterna?

Essa vida eterna será eternamente feliz para os bons e eternamente infeliz para os maus.

Onde viverão por toda a eternidade os bons e os maus?
Por toda a eternidade os bons hão de viver no céu e os maus no inferno.

Que se goza no céu?

No céu goza-se da visão de Deus e da posse de todos os bens infinitos sem mistura de mal.

Que se sofre no inferno?

No inferno sofre-se a privação de Deus, o fogo eterno e todos os males sem mistura de bem.

Que significa a palavra Amém, no fim do Credo?

A palavra Amém, no fim do Credo, significa “assim seja”, ou creio firmemente tudo quanto contêm estes doze artigos.

SEGUNDA PARTE – ORAÇÃO

LIÇÃO I -ORAÇÃO EM GERAL

Que é oração?
Oração é uma elevação da alma a Deus, para adorá-lo, agradecer e pedir-lhe as graças de que necessitamos.

De quantos modos pode ser a oração?

A oração pode ser de dois modos: a oração mental e a oração vocal.

Como se faz a oração mental?

A oração mental se faz no íntimo do coração e da alma, falando com Deus; chama-se também meditação.

Como se faz a oração vocal?

A oração vocal se faz exprimindo com palavras o sentimento da alma e do coração.

É necessário fazer oração?

Sim; é necessário fazer oração frequentemente, porque Jesus Cristo o ordena, e o nosso bem temporal e eterno o exige.

Quando devemos especialmente orar?

Devemos especialmente orar no momento das tentações, dos perigos e na hora da morte.

O bom cristão contenta-se com orar somente nestas ocasiões?
Não; o bom cristão deve orar todos os dias; pela manhã, ao levantar-se; à noite, ao deitar-se; e antes de começar qualquer ação importante.

Haverá um meio de vivermos sempre em oração?

Sim; o meio de vivermos com o espírito sempre em oração consiste em fazermos intenção de agradar a Deus em todas as nossas ações.

Podemos nós esperar obter as graças que pedimos?
Sim; podemos e devemos esperar obter as graças que pedimos, contanto que não se oponham à nossa salvação.

Por que devemos esperar que Deus atenda às nossas orações?

Devemos esperar que Deus atenda às nossas orações, porque Ele é nosso Pai e Ele mesmo o prometeu.

Em nome de quem devemos pedir as graças de que necessitamos?
Devemos pedir a Deus as graças de que necessitamos, em nome de Jesus Cristo e em vista de seus merecimentos.

Que coisas principalmente devemos pedir a Deus?

Devemos pedir aquilo que Jesus Cristo ensinou no Pai-Nosso:
– santificado seja o vosso nome
– venha a nós o vosso reino
– seja feita a vossa vontade assim na terra como no Céu
– o pão nosso de cada dia nos dai hoje
– perdoai-nos as nossas ofensas
– não nos deixeis cair em tentação
– livrai-nos do mal

Podemos também pedir a Deus a saúde e outros bens temporais?
Sim; podemos pedir a Deus a saúde e outros bens temporais, sujeitando-nos, porém, à sua santíssima vontade.

Prometeu Jesus Cristo sua assistência especial a alguma oração?
Sim; Jesus Cristo prometeu sua assistência especial à oração em comum, isto é, à oração que duas ou mais pessoas fazem juntamente.

Que devem então fazer as famílias cristãs, para terem a assistência especial de Jesus Cristo?
As famílias cristãs, para terem a assistência especial de Jesus Cristo, devem fazer suas orações em comum, ao menos à noite.

Como deve ser feita a oração?
A oração deve ser feita com espírito de fé, humildade, confiança e perseverança.

LIÇÃO II – PAI-NOSSO

Qual é a melhor de todas as orações vocais?

A melhor de todas as orações vocais é o Pai-Nosso.

Por que é o Pai-Nosso a melhor de todas as orações vocais?
O Pai-Nosso é a melhor de todas as orações vocais porque foi composto e nos foi ensinado pelo próprio Jesus Cristo.

O Pai-Nosso é também a oração mais eficaz?
Sim; o Pai-Nosso é também a oração mais eficaz porque é a mais agradável a Deus.

Por que é o Pai-Nosso a oração mais agradável a Deus?

O Pai-Nosso é a oração mais agradável a Deus porque, rezando o Pai-Nosso, nos dirigimos a Deus com as mesmas palavras que nos ensinou seu divino Filho.

Que contém o Pai-Nosso?

O Pai-Nosso contém tudo quanto devemos esperar de Deus e lhe devemos pedir.

Dize o Pai-Nosso.

Pai nosso que estais nos céus, santificado sejao vosso nome; venha a nós o vosso reino, seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu; o pão nosso de cada dia nos dai hoje; perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido, e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.

Chamamos a Deus “Pai nosso”?

Sim; chamamos a Deus “Pai nosso”, porque Deus é nosso Pai.

Por que é Deus nosso Pai?

Deus é nosso Pai, porque nos criou, e, pelo Batismo, nos adotou porfilhos.

Por que dizemos a Deus: que estais nos céus; não está Deus em todo lugar?
Dizemos: “Pai nosso, que estais nos céus”, para levantar nossos corações para o céu, onde Deus manifesta especialmente sua glória.

Quantas petições fazemos a Deus, no Pai-Nosso?

No Pai-Nosso fazemos a Deus sete petições.

Quais são as sete petições no Pai-Nosso?

As sete petições no Pai-Nosso são:
1º Santificado seja o vosso nome;
2º Venha a nós o vosso reino;
3º Seja feita a vossa vontade,assim na terracomo no céu;
4º O pão nosso de cada dia nos dai hoje;
5º Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos aquem nos tem ofendido;
6º Não nos deixeis cair em tentação;
7º Mas livrai-nos do mal. Amém.

Que pedimos a Deus nas sete petições do Pai-Nosso?

Nas quatro primeiras petições pedimos a Deus o bem; nas três últimas, pedimos a Deus que nos livre do mal.

Que pedimos na primeira petição: Santificado seja o vosso nome?

Na primeira petição pedimos a Deus que seu nome seja santificado, isto é, seja conhecido, louvado e honrado por todo o mundo.

Que pedimos na segunda petição: Venha a nós o vosso reino?
Na segunda petição pedimos a Deus que venha o seu reino, isto é, que se propague e se dilate a sua Igreja.

Que pedimos na terceira petição: Seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu?
Na terceira petição pedimos a Deus que seja feita a sua santíssima vontade, isto é, que seja executada a sua lei e respeitados os seus mandamentos.

Que pedimos na quarta petição: O pão nosso de cada dia nos dai hoje?

Na quarta petição pedimos o alimento para a alma e para o corpo, isto é, para a vida espiritual e para a temporal.

Que pedimos na quinta petição: Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido?

Na quinta petição pedimos a Deus que nos perdoe os pecados, e nós nos comprometemos a perdoar aos que nos ofenderam.

Que pedimos na sexta petição: Não nos deixeis cair em tentação?

Na sexta petição pedimos a Deus que não nos deixesucumbir às tentações.

Que pedimos na sétima petição: Mas livrai-nos do mal?

Na sétima petição pedimos a Deus que nos livre dos males espirituais e temporais.

LIÇÃO III – AVE-MARIA

Que outra oração costumamos dizer além do Pai-Nosso?

Depois do Pai-Nosso, costumamos dizer a Ave-Maria, para pedir a proteção da Santíssima Virgem.

Dize a Ave-Maria.

Ave, Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus,rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amém.

Por que depois do Pai-Nosso dizemos a Ave-Maria?

Depois do Pai-Nosso dizemos de preferência a Ave-Maria, porque Maria Santíssima é a mais poderosa advogada que podemos ter junto do seu divino Filho.

Por que devemos ter confiança na proteção de Maria Santíssima?

Devemos ter confiança na proteção de MariaSantíssima porque ela é a Mãe de Jesus; e é também nossa Mãe.

Por que é Maria Santíssima também nossa Mãe?

Maria Santíssima é também nossa Mãe, porque Jesus Cristo, na cruz, no-la deu por Mãe.

Como havemos de merecer a proteção de Maria Santíssima?
Havemos de merecer a proteção de Maria Santíssima, amando-a, invocando-a e imitando-lhe as virtudes.

Qual é a devoção mais agradável a Maria Santíssima?

A devoção mais agradável a Maria Santíssima é o Rosário.

Como se reza o Rosário?

Reza-se o Rosário, meditando em cada mistério e dizendo em memória de cada um deles um Pai-Nosso, dez Ave-Marias e um Glória ao Pai.

É coisa útil recorrer à intercessão dos
 santos?
Sim; é coisa utilíssima recorrer à intercessão dos santos, porque as súplicas dos santos são muito agradáveis a Deus.

A que santos, de preferência, nós devemos
 encomendar?
Devemos encomendar-nos a São José, patrono da Igreja universal; ao santo do nosso nome; aos santos protetores da diocese e da paróquia a que pertencemos; e ao santo anjo da guarda.

Com que oração havemos de pedir a proteção
 do anjo da guarda?
Podemos pedir a proteção do anjo da guarda com a seguinte oração: Santo anjo do Senhor, meu zeloso guardador, se a ti me confiou a piedade divina, sempre me rege e guarda, governa e ilumina.

Quando é que devemos de um modo particular pedir a proteção do anjo da guarda?
Devemos pedir a proteção do anjo da guarda, ao levantar-nos, pela manhã, e ao deitar-nos, à noite; ao sair de casa, ao empreender uma viagem, nos perigos etc.

TERCEIRA PARTE – MANDAMENTOS DE DEUS E DA IGREJA

LIÇÃO I – MANDAMENTOS DE DEUS EM GERAL

Quantos são os mandamentos da lei de Deus?

Os mandamentos da lei de Deus são dez:
1º Amar a Deus sobre todas as coisas;
2º Não tomar seu santo nome em vão;
3º Guardar os domingos e festas;
4º Honrar pai e mãe;
5º Não matar;
6º Não pecar contra a castidade;
7º Não furtar;
8º Não levantar falso testemunho;
9º Não desejar a mulher do próximo;
10º Não cobiçar as coisas alheias.

Quem deu estes mandamentos?
Deu estes mandamentos o próprio Deus na lei antiga, gravados em duas tábuas de pedra, e Jesus Cristo os confirmou na nova lei.

Podemos nós observar estes mandamentos?
Sim; podemos observar estes mandamentos com a graça de Deus.

Somos obrigados a observar os mandamentos da lei de Deus?
Sim; somos obrigados a observar os mandamentos da lei de Deus.

Que contêm estes mandamentos?
Estes mandamentos contêm nossas principais obrigações para com Deus e para com o próximo.

Qual é a nossa principal obrigação para com Deus?
Nossa principal obrigação para com Deus é amá-lo de todo o coração e sobre todas as coisas.

Qual é a nossa principal obrigação para com o próximo?
Nossa principal obrigação para com o próximo é amá-lo como a nós mesmos, por amor de Deus.

Que ordena Deus em geral nos seus mandamentos?
Deus, nos seus mandamentos, nos ordena que façamos o bem e evitemos o mal; e por isso cada mandamento, contém um preceito e uma proibição.

MANDAMENTOS DE DEUS EM PARTICULAR
LIÇÃO II – MANDAMENTOS QUE SE REFEREM A DEUS

Que nos ordena o primeiro mandamento: Amar a Deus sobre todas as coisas?

O primeiro mandamento nos manda adorar, amar e servir a Deus como nosso único e soberano Senhor.

Que nos proíbe o primeiro mandamento?
O primeiro mandamento nos proíbe a idolatria, a superstição, o sacrilégio e qualquer pecado contra a religião.

Que é a idolatria?
A idolatria, proibida no primeiro mandamento, é prestar à criatura o culto de adoração, devido somente a Deus.

Não podemos, então, prestar culto aos anjos e aos santos?

Sim; podemos prestar culto de veneração aos anjos e aos santos, porque são amigos de Deus e nossos intercessores junto dele.

Podemos também honrar as sagradas imagens e as relíquias dos santos?
Sim; podemos também prestar culto às sagradas imagens e às relíquias dos santos, porque o culto, que lhes atribuímos, se refere aos mesmos santos e não às imagens em si.

Que é a superstição, proibida no primeiro mandamento?
A superstição, proibida no primeiro mandamento, é toda e qualquer prática ou devoção contrária à doutrina e uso da Igreja, tais como a adivinhação, os amuletos, etc.

Que é o sacrilégio?
Sacrilégio é a profanação de uma pessoa, de um lugar ou de um objeto consagrado a Deus e destinado ao culto.

Que outras coisas proíbe o primeiro mandamento?
O primeiro mandamento:
– proíbe todo e qualquer trato com o demônio;
– a agregação a seitas anticristãs ou sociedades secretas: maçonaria, Rosa Cruz etc;
– negar deliberadamente alguma verdade de fé;
– desesperar-se da salvação ou abusar da confiança em Deus, presumindo que Ele não nos abandonará, para pecar com maior tranquilidade;
– murmurar externa ou internamente contra Deus;
– abandonar os meios necessários para a salvação: a oração, os sacramentos, etc;
– falar sem respeito das coisas santas, da Igreja e dos seus sacerdotes, e dos Sacramentos;
– praticar atos de superstição ou espiritismo. Procurar videntes, cartomantes, ou outros adivinhadores. Fazer macumba ou algum tipo de magia. Frequentar outras igrejas que não são católicas ou o culto espírita;
– receber indignamente algum Sacramento;
– ler livros, revistas ou jornais que vão contra a fé. Dar a ler a outras pessoas;
– deixar-se levar pela vergonha quando foi necessário confessar a fé diante dos outros;
– não se esforçar por adquirir uma cultura religiosa que permita dar testemunha de Cristo com o exemplo e com a palavra.

Quem recorrer ao demônio comete um pecado grave?
Sim; quem recorrer ao demônio ou invocá-lo comete um pecado gravíssimo, porque o demônio é o maior inimigo de Deus e do Homem.

É proibido então consultar as almas dos mortos por meio de mesas e outras práticas?
Sim; não é lícito de modo algum consultar as almas dos mortos por meio de mesas e outras práticas do espiritismo, porque todas essas práticas são rigorosamente proibidas por Deus através da Igreja. Para consultar sobre o que a Igreja pensa sobre o espiritismo, consulte:
https://app.fecomvirtudes.com.br/espiritismo-por-que-nao-sou-espirita/

Que nos manda o segundo mandamento?
O segundo mandamento nos manda honrar o santo nome de Deus, cumprir os votos e os juramentos.

Quais são os principais pecados contra o segundo mandamento?
– pronunciar o nome de Deus com irreverência;
– fazer juramentos falsos, vãos, ou de qualquer modo ilícitos;
– blasfemar contra Deus, contra a Santíssima Virgem e contra os santos;
– fazer algum voto, promessa ou juramento, e deixar de cumpri-lo.

Que nos manda o terceiro mandamento: Guardar domingos e festas?
O terceiro mandamento nos manda honrar a Deus com obras de piedade cristã, nos domingos e dias santos.

Qual é a obra de piedade cristã obrigatória, nos domingos e dias santos?

A obra de piedade cristã obrigatória nos domingos e dias santos é a participação devota da Santa Missa.

Quais são os principais pecados contra o terceiro
 mandamento?
– faltar à Missa em algum domingo ou festa de guarda;
– chegar atrasado em alguma missa comprometendo o cumprimento do preceito;
– distrair-se voluntariamente durante a Missa;
– impedir que alguém que dependa de mim assista à Santa Missa;
– não guardar jejum e abstinência nos dias preceituados pela Igreja Católica (4f de Cinzas, 6f Santa);
– não guardar jejum de uma hora até o momento da Comunhão;
– receber indignamente a Comunhão, sem estar em estado de graça.

Com que frequência devemos assistir à Santa Missa?
No mínimo devemos assistir à Santa Missa nos dias de preceito: todos os domingos e outras festividades estabelecidas pela Igreja que não caem necessariamente no domingo. A Igreja também recomenda vivamente a assistência da Santa Missa em outros dias da semana e até todos os dias.

Além do domingo, quais são as festas que estamos obrigados a assistir à Santa Missa?
As festas são as seguintes: Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo, Epifania, Ascensão do Senhor, Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, Santa Maria Mãe de Deus, Imaculada Conceição de Maria, Assunção de Nossa Senhora, São José, São Pedro e Paulo e, por fim, Todos os Santos.
No entanto, no Brasil, quase todas as festas de preceito foram transladadas pra o domingo. As festas que não foram transladadas e estamos obrigados a assistir são:
– Dia 1 de janeiro, festa de Santa Maria Mãe de Deus
– Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo (Corpus Christi)
– Dia 8 de dezembro, festa da Imaculada Conceição de Nossa Senhora
– Dia 25 de dezembro, Natal do Senhor Jesus Cristo[1].

Por que devemos assistir à Santa Missa todo domingo e nestas festas estabelecidas pela Igreja?
Por vários motivos:
a) porque é uma vontade divina manifestada no terceiro preceito do decálogo: “guardar domingos e festas de guarda”.
b) porque a Santa Missa, a morte de Cristo na Cruz, é a fonte de absolutamente todas as graças.
c) porque podemos receber a Comunhão que é, junto com a Missa, o maior alimento para a nossa alma. A Missa e a comunhão valem infinitamente mais do que nossas orações pessoais.
d) porque é o momento da semana que vamos visitar o nosso Pai na sua casa. O que há de mais humano e natural do que isto? Quem filho não visita seus pais, se possível, toda semana? Jamais diria: eu já penso em você na minha casa e, portanto, não necessito ir até à tua casa. Quem dissesse isto, diríamos com toda razão que não ama seu pai ou, ao menos, que irá perder este amor se continuar se comportando deste jeito.

Quem deixa de assistir à Missa em dia de preceito, sem ter um motivo grave, que pecado comete? Por quê?
Comete um pecado mortal, pois Deus considera deixar de ir à Missa uma falta de amor e de justiça grave. Se já é grave deixar de visitar nossos pais se não há um motivo razoável (distância, doença), quanto mais a Deus que é nosso Criador e dEle depende toda a nossa vida.

Quais são os motivos que justificam o não cumprimento do preceito?
Motivos graves como a razoável distância da Igreja mais próxima, um infortúnio (ficar preso num engarrafamento), uma doença ou situação física que não permita sair de casa, ter que cuidar de um doente ou idoso que não pode ficar sozinho e não há ninguém que nos substitua, etc.

Quem não pode assistir à Missa no domingo o que deve fazer?
Quem, por motivos graves, não pode assistir à Missa no domingo deve se unir de longe a ela e, se possível, repassar as leituras e orações previstas no Missal para aquele dia, e fomentar o desejo de receber a comunhão, espiritualmente ou recebendo-a através de um ministro extraordinário da Eucaristia. Recomenda-se também, se possível, acompanhar alguma Missa transmitida por algum meio de comunicação.

O preceito dominical vale também para o sábado à tarde?
Sim, o preceito dominical começa a valer a partir do sábado à tarde depois do meio dia. Isto vale também para as festas de preceito, desde que seja celebrada a Missa desta festa na véspera.

Assistir à Missa em outro dia da semana vale pelo domingo?
É louvável a iniciativa de assistir à Missa em outro dia da semana, mas não vale pela Missa do domingo, pois o preceito estabelecido por Deus é de cumprir o preceito semanal no Dia do Senhor, que é o domingo.

Para que a Missa seja válida, a partir de que momento devemos assisti-la? E se não foi possível chegar a tempo?
Apesar de que não há nenhum documento da Igreja que fale explicitamente sobre isto, tudo leva a crer que deve ser assistida a partir das Leituras (Liturgia da Palavra), pois a partir do Concílio Vaticano II a Igreja tem deixado claro que as Leituras junto com a Liturgia Eucarística formam um único ato de culto. Se por algum acaso chegarmos depois de começada a Liturgia da Palavra, devemos assistir outra missa até a parte que foi perdida.

LIÇÃO III – MANDAMENTOS QUE SE REFEREM AO PRÓXIMO

O QUARTO MANDAMENTO: HONRAR PAI E MÃE


O que nos manda o quarto mandamento?

Manda honrar e respeitar os nossos pais e aqueles que Deus, para o nosso bem, revestiu com a sua autoridade.

Qual é a natureza da família no plano de Deus?

Um homem e uma mulher, unidos em matrimônio, formam com os filhos uma família. Deus instituiu a família e dotou-a da sua constituição fundamental. O matrimônio e a família são ordenados ao bem dos esposos e à procriação e educação dos filhos. Em Cristo, a família torna-se igreja doméstica, porque ela é comunidade de fé, de esperança e de amor.

Quais os deveres dos filhos para com os pais?

Em relação aos pais, os filhos devem respeito (piedade filial), reconhecimento, docilidade e obediência, contribuindo assim, também com as boas relações entre irmãos e irmãs, para o crescimento da harmonia e da santidade de toda a vida familiar. Se os pais se encontrarem em situação de indigência, de doença, de solidão ou de velhice, os filhos adultos devem-lhes ajuda moral e material.

Quais os deveres dos pais para com os filhos?

Os pais, participantes da paternidade divina, são os primeiros responsáveis da educação dos filhos e os primeiros anunciadores da fé. Têm o dever de amar e respeitar os filhos como pessoas e filhos de Deus e, dentro do possível, de prover às suas necessidades materiais e espirituais. Em particular, têm a missão de educá-los na fé cristã.

Como é que os pais educam os filhos na fé cristã?

Principalmente com o exemplo, a oração, a catequese familiar e a participação nos sacramentos.

Quais os deveres dos cidadãos em relação às autoridades civis?

Os que estão submetidos à autoridade vejam os superiores como representantes de Deus e colaborem lealmente no bom funcionamento da vida pública e social. Isto comporta o amor e o serviço da pátria, o direito e o dever de votar, o pagamento dos impostos, a defesa do país e o direito a uma crítica construtiva.

Quando é que o cidadão não deve obedecer à autoridade civil?

Em consciência, o cidadão não deve obedecer quando os mandamentos das autoridades civis se opõem às exigências da ordem moral: «É necessário obedecer mais a Deus do que aos homens» (At 5,29).

Quais são os principais pecados contra o quarto mandamento?
– desobedecer aos pais e legítimos superiores;
– maltratar os meus pais com palavras ou ações, ou desejar-lhes algum mal;
– brigar com os meus irmãos; deixar de falar e de reconciliar-se com eles;
– deixar-se dominar pelo ódio;
– pais: maltratar os filhos; deixar de lhes dar ajuda material e espiritual; ser omissos na educação dos filhos.

O QUINTO MANDAMENTO: NÃO MATAR

Porque respeitar a vida humana?
Porque é sagrada. Desde o seu início ela supõe a ação criadora de Deus. A ninguém é lícito destruir diretamente um ser humano inocente, pois é um ato gravemente contrário à dignidade da pessoa e à santidade do Criador. «Não causarás a morte do inocente e do justo» (Ex 23, 7).

Porque é que a legítima defesa das pessoas e das sociedades não vai contra tal norma?

Porque com a legítima defesa se exerce a escolha de defender e valorizar o direito à própria vida e à dos outros, e não a escolha de matar. Para quem tem responsabilidade pela vida do outro, a legítima defesa pode até ser um dever grave. Todavia ela não deve comportar um uso da violência maior que o necessário.

Para que serve uma pena?
A pena, infligida por uma legítima autoridade pública, tem como objectivo compensar a desordem introduzida pela culpa, preservar a ordem pública e a segurança das pessoas, e contribuir para a emenda dos culpados.

Que pena se pode aplicar?
A pena infligida deve ser proporcionada à gravidade do delito. Hoje, na sequência das possibilidades do Estado para reprimir o crime tornando inofensivo o culpado, os casos de absoluta necessidade da pena de morte «são agora muito raros, se não mesmo praticamente inexistentes» (Evangelium vitae). Quando forem suficientes os meios incruentos, a autoridade deve limitar-se ao seu uso, porque correspondem melhor às condições concretas do bem comum, são mais conformes à dignidade da pessoa humana e não retiram definitivamente ao culpado a possibilidade de se redimir.

Que proíbe o quinto mandamento?

O quinto mandamento proíbe como gravemente contrários à lei moral:
– O homicídio direto e voluntário e a cooperação nele;
– O aborto direto, querido como fim ou como meio, e também a cooperação nele, crime que leva consigo a pena de excomunhão, porque o ser humano, desde a sua concepção, deve ser, em modo absoluto, respeitado e protegido totalmente;
– A eutanásia direta, que consiste em pôr fim à vida de pessoas com deficiências, doentes ou moribundas, mediante um ato ou omissão duma ação devida;
– O suicídio e a cooperação voluntária nele, enquanto ofensa grave ao justo amor de Deus, de si e do próximo: a responsabilidade pode ser ainda agravada por causa do escândalo ou atenuada por especiais perturbações psíquicas ou temores graves.

O que é consentido, medicamente, quando a morte é tida como iminente?

Os cuidados habitualmente devidos a uma pessoa doente não podem ser legitimamente interrompidos. São legítimos o uso de analgésicos, que não têm como fim a morte, e também a renúncia ao «excesso terapêutico», isto é, à utilização de tratamentos médicos desproporcionados e sem esperança razoável de êxito positivo.

Porque é que a sociedade deve proteger o embrião?

O direito inalienável à vida de cada ser humano, desde a sua concepção, é um elemento constitutivo da sociedade civil e da sua legislação. Quando o Estado não coloca a sua força ao serviço dos direitos de todos e em particular dos mais fracos, e entre eles dos concebidos ainda não nascidos, passam a ser minados os próprios fundamentos do Estado de direito.

Como se evita o escândalo?

O escândalo, que consiste em levar alguém a fazer o mal, evita-se respeitando a alma e o corpo da pessoa. Se alguém induz deliberadamente outro a pecar gravemente, comete uma culpa grave.

Que deveres temos em relação ao corpo?

O dever dum razoável cuidado da saúde física, da nossa e da dos outros, evitando todavia o culto do corpo e toda a espécie de excessos. Evitar o uso de estupefacientes, com gravíssimos danos para a saúde e a vida humana e também o abuso dos alimentos, do álcool, do tabaco e dos remédios.

Quando são moralmente legítimas as experiências científicas, médicas ou psicológicas, sobre pessoas ou grupos humanos?

São moralmente legítimas se estão ao serviço do bem integral da pessoa e da sociedade e não trazem riscos desproporcionados à vida e à integridade física e psíquica dos indivíduos, que devem ser oportunamente esclarecidos e dar o seu consentimento.

São consentidos o transplante e a doação de órgãos, antes e depois da morte?

O transplante de órgãos é moralmente aceitável com o consentimento do doador e sem riscos excessivos para ele. Para o ato nobre da doação de órgãos deve-se certificar plenamente da morte do doador.

Quais as práticas contra o respeito à integridade corpórea da pessoa humana?

São: os raptos e sequestros de pessoas, o terrorismo, a tortura, as violências, a esterilização direta. As amputações e as mutilações duma pessoa só são moralmente consentidas para indispensáveis fins terapêuticos da mesma.

Que cuidado devemos ter com os moribundos?

Os moribundos têm direito a viver com dignidade os últimos momentos da sua vida terrena, sobretudo com a ajuda da oração e dos sacramentos que preparam para o encontro com o Deus.

Como tratar os corpos dos defuntos?

Os corpos dos defuntos devem ser tratados com respeito e caridade. A sua cremação é permitida, se não puser em dúvida a fé na ressurreição dos corpos.

Que pede o Senhor a cada um em ordem à paz?

O Senhor, que proclama «bem-aventurados os obreiros da paz» (Mt 5, 9), pede a paz do coração e denuncia a imoralidade da ira, que é desejo de vingança pelo mal recebido, e do ódio, que leva a desejar o mal ao próximo. Estas atitudes, se voluntárias e consentidas em matéria de grande importância, são pecados graves contra a caridade.

Quando é moralmente consentido o uso da força militar?

O uso da força militar é moralmente justificado pela presença contemporânea das seguintes condições: certeza de um dano permanente e grave; ineficácia doutras alternativas pacíficas; fundadas possibilidades de êxito; ausência de males piores, considerado o poder atual dos meios de destruição.

A quem compete a avaliação rigorosa dessas condições, em caso de guerra?

Compete ao juízo prudente dos governantes, aos quais compete também o direito de impor aos cidadãos a obrigação da defesa nacional, salvo o direito pessoal à objeção de consciência, a realizar-se com outra forma de serviço à comunidade humana.

O que exige a lei moral, em caso de guerra?

A lei moral permanece sempre válida, mesmo em caso de guerra. Devem tratar-se com humanidade os não combatentes, os soldados feridos e os prisioneiros. As ações deliberadamente contrárias ao direito dos povos e as disposições que as impõem são crimes que a obediência cega não pode desculpar. Devem-se condenar as destruições em massa, bem como o extermínio de um povo ou duma minoria étnica, que são pecados gravíssimos e obrigam moralmente a resistir às ordens de quem os ordena.

O que se deve fazer para evitar a guerra?

Devemos fazer tudo o que é razoavelmente possível para evitar de qualquer modo a guerra, devido aos males e injustiças que ela provoca. É necessário, em especial, evitar a acumulação e comércio de armas não devidamente regulamentadas pelos poderes legítimos; as injustiças sobretudo econômicas e sociais; as discriminações étnicas e religiosas; a inveja, a desconfiança, o orgulho e o espírito de vingança. Tudo quanto se fizer para eliminar estas e outras desordens ajudará a construir a paz e a evitar a guerra.

SEXTO MANDAMENTO: NÃO COMETER O ADULTÉRIO

Qual a missão da pessoa humana em relação à própria a identidade sexual?
Deus criou o ser humano como homem e mulher, com igual dignidade pessoal, e inscreveu nele a vocação ao amor e à comunhão. Compete a cada um aceitar a sua identidade sexual, reconhecendo a sua importância para a pessoa toda, bem como o valor da especificidade e da complementaridade.

O que é a castidade?

A castidade é a integração positiva da sexualidade na pessoa. A sexualidade torna-se verdadeiramente humana quando é bem integrada na relação pessoa a pessoa. A castidade é uma virtude moral, um dom de Deus, uma graça, um fruto do Espírito.

O que supõe a virtude da castidade?

Supõe a aprendizagem do domínio de si, que é uma pedagogia de liberdade humana aberta ao dom de si. Para tal fim, é necessária uma educação integral e permanente, através de etapas graduais de crescimento.

Quais os meios que ajudam a viver a castidade?
São numerosos os meios à disposição: a graça de Deus, a ajuda dos sacramentos, a oração, o conhecimento de si, a prática duma ascese adaptada às situações, o exercício das virtudes morais, em particular da virtude da temperança, que procura fazer com que as paixões sejam guiadas pela razão.

Como é que todos são chamados a viver a castidade?

Todos, seguindo Cristo modelo de castidade, são chamados a levar uma vida casta, segundo o próprio estado de vida: uns na virgindade ou no celibato consagrado, forma eminente de uma mais fácil entrega a Deus com um coração indiviso; os outros, se casados, vivendo a castidade conjugal; os não casados vivem a castidade na continência.

Quais os principais pecados contra a castidade?

São pecados gravemente contrários à castidade, cada um segundo a natureza do objeto: o adultério, a masturbação, a fornicação (ter relações antes do casamento), a pornografia (olhares e pensamentos impuros), a contracepção (uso de pílulas, preservativos, Diu, pílula do dia seguinte, onanismo (relação incompleta), a prostituição, o estupro, os atos homossexuais. Estes pecados são expressão do vício da luxúria. Cometidos contra os menores, são atentados ainda mais graves contra a sua integridade física e moral.

Qual o significado do ato conjugal?
O ato conjugal tem um duplo significado: unitivo (a mútua doação dos esposos) e procriador (a abertura à transmissão da vida). Ninguém deve quebrar a conexão inquebrável que Deus quis entre os dois significados do ato conjugal, excluindo um deles.

Por que não se pode separar o significado unitivo do procriador, por que não se pode realizar a contracepção e masturbar-se?
1.  Por que todo prazer está associado a um bem e o bem é o mais importante a ser buscado.
2.  Ora, o sentido do prazer é incentivar a busca do bem.  Ex: prazer da bebida: se ele não existisse não beberíamos o suficiente para manter o corpo hidratado.  Prazer da comida: se ele não existisse não comeríamos o suficiente para alimentar o nosso corpo.
3.  O prazer é, portanto, um auxílio e não um fim.
4.  O que acontece se coloco o prazer como fim ao invés do bem? Como ele não foi feito para isto, muitas coisas negativas virão daí:
– me tornarei escravo dele;
– me torno escravo de uma realidade inferior à natureza humana: bebida, comida, excitação física, dinheiro;
– tornando-me escravo arruinarei muitas coisas: a saúde, a família, patrimônio, etc;
– depois: todo prazer pede mais prazer; é uma bola de neve que não tem fim;
– para buscá-lo não terei nenhum escrúpulo em instrumentalizar as pessoas.
4.  Portanto o prazer nunca pode ser um fim em si mesmo, mas sempre subordinado ao bem.
Geração: prazer ligado a um bem que é a procriação
5.  No caso da contracepção: digo sim ao prazer e não taxativamente à procriação. Não tenho nenhuma abertura à procriação. Este é o caso do preservativo, da pílula, do DIU, etc.
6.  No método natural: não digo não à procriação mesmo que seja no período infecundo, pois de “alguma forma” ainda mantenho a união entre o prazer e procriação. Estou aberto à procriação ainda que com toda certeza não será fecundo.
7.  Malícia da contracepção:
– manipulo a faculdade geradora da vida humana, algo tão sagrado, para obter prazer. Manipular qualquer coisa para obter o prazer já é algo perverso, muito mais quando está manipulação se refere a algo tão sagrado como a vida humana;
– não há amor neste ato; há amor quando é aberto à procriação; se não está aberto à procriação, está aberto só ao prazer, eu uso a outra pessoa para obter prazer.

Os pecados contra a castidade são graves?
Sim; os pecados contra a castidade são graves, isto é, são pecados mortais, impedindo a recepção da Comunhão, a não ser que se peça perdão sinceramente na confissão.

Porque é que o sexto mandamento, que diz «não cometerás adultério», proíbe todos os pecados contra a castidade?

Embora no texto bíblico se leia «não cometerás adultério» (Ex 20,14), a Tradição da Igreja segue complexivamente todos os ensinamentos morais do Antigo e Novo Testamento, e considera o sexto mandamento como englobando todos os pecados contra a castidade.

Qual a missão das autoridades civis em relação à castidade?

As autoridades civis, obrigadas a promover o respeito pela dignidade da pessoa, devem contribuir para criar um ambiente favorável à castidade, mesmo impedindo, com leis apropriadas, a difusão de algumas das chamadas graves ofensas à castidade, para proteger sobretudo os menores e os mais débeis.

Quais os bens do amor conjugal a que a sexualidade se ordena?

Os bens do amor conjugal, que para os batizados é santificado pelo sacramento do matrimônio, são: a unidade, a fidelidade, a indissolubilidade e a abertura à fecundidade.

Quando é que a regulação dos nascimentos é moral?

A regulação dos nascimentos, que é uma componente da paternidade e maternidade responsáveis, é objetivamente conforme à moralidade quando é realizada pelos esposos sem imposições externas, nem por egoísmo, mas com base em motivos sérios e o recurso a métodos conformes aos critérios objetivos da moralidade, isto é, com a continência periódica e o recurso aos períodos infecundos.

Quais os meios imorais na regulação dos nascimentos?

É intrinsecamente imoral toda a ação – como, por exemplo, a esterilização direta ou a contracepção (através do uso de preservativos, pílulas, Diu, pílula do dia seguinte) – que, na previsão do ato conjugal ou na sua realização ou no desenvolvimento das suas consequências naturais, se proponha, como objetivo ou como meio, impedir a procriação.

Porque é que a inseminação e a fecundação artificiais são imorais?

São imorais porque dissociam a procriação do ato com que os esposos se entregam mutuamente, instaurando assim um domínio da técnica sobre a origem e o destino da pessoa humana. Além disso, a inseminação e a fecundação heteróloga, com o recurso a técnicas que envolvem uma pessoa estranha ao casal dos esposos, prejudicam o direito do filho a nascer dum pai e duma mãe conhecidos por ele, ligados entre si pelo matrimônio e tendo o direito exclusivo a tornarem-se pais, só um através do outro.

Como deve ser considerado um filho?

O filho é um dom de Deus, o maior dom do matrimônio. Não existe um direito a ter filhos («o filho exigido, a todo o custo»). Existe, ao contrário, o direito do filho a ser o fruto do ato conjugal dos seus progenitores e o direito a ser respeitado como pessoa desde o momento da sua concepção.

Que devem fazer os esposos sem filhos?

No caso em que o dom do filho não lhes tivesse sido concedido, os esposos, esgotados os recursos médicos legítimos, podem mostrar a sua generosidade, mediante o cuidado ou a adoção, ou então realizando serviços significativos em favor do próximo. Deste modo, realizarão uma preciosa fecundidade espiritual.

Quais são as ofensas contra a dignidade do matrimônio?

São: o adultério, o divórcio, a poligamia, o incesto, a união de um casal sem o sacramento do matrimônio e o ato sexual antes ou fora do matrimônio.

Então morar junto antes do casamento é pecado grave?
Sim; é pecado grave, pois entre outros motivos, vai contra a lei de Deus. Pela lei de Deus cohabitar com um cônjuge só é possível depois do sacramento do matrimônio.

E por que a fornicação (ter relações antes do casamento) é pecado grave?
Por vários motivos:
– porque pode gerar um filho e é necessário ter pais com uma união estável para cuidar e educar este filho
– porque se evito ter filhos, separo o significado unitivo do procriador, colocando o prazer como fim principal em vista do bem associado a ele que é a procriação. Como vimos acima o prazer nunca pode estar acima do bem associado a ele

Então os namorados devem viver a castidade antes do casamento?
Isso mesmo; não podem ter relações sexuais e nem consentir em pensamentos e atos impuros. Os beijos devem ser puros e não podem haver toques em partes íntimas.

E o que é lícito para o casal?
É lícito tudo aquilo que é natural, que não vai contra a natureza, desde que termine no ato conjugal.

O SÉTIMO MANDAMENTO: NÃO ROUBAR

Que diz o sétimo mandamento?
Ele enuncia o destino, a distribuição universal e a propriedade privada dos bens, e ainda o respeito das pessoas, dos seus bens e da integridade da criação. A Igreja encontra fundada neste mandamento também a sua doutrina social, que compreende o reto agir na atividade econômica e na vida social e política, o direito e o dever do trabalho humano, a justiça e a solidariedade entre as nações, o amor aos pobres.

Em que condições existe o direito à propriedade privada?

O direito à propriedade privada existe se ela for adquirida ou recebida de modo justo e desde que seja respeitado o destino universal dos bens para a satisfação das necessidades fundamentais de todos os homens.

Qual é o fim da propriedade privada?

O fim da propriedade privada é a garantia da liberdade e da dignidade de cada uma das pessoas, ajudando-as a satisfazer as necessidades fundamentais próprias daqueles por quem se tem a responsabilidade e dos outros que vivem em necessidade.

O que prescreve o sétimo mandamento?

O sétimo mandamento prescreve o respeito dos bens alheios, mediante a prática da justiça e da caridade, da temperança e da solidariedade. Em particular, exige o respeito das promessas e dos contratos estipulados; a reparação da injustiça cometida e a restituição do mal feito; o respeito pela integridade da criação mediante o uso prudente e moderado dos recursos minerais, vegetais e animais que há no universo, com especial atenção para com as espécies ameaçadas de extinção.

Como é que o homem se deve comportar com os animais?

O homem deve tratar os animais, criaturas de Deus, com benevolência, evitando quer o amor excessivo para com eles, quer o seu uso indiscriminado, sobretudo para experimentações científicas efetuadas para além dos limites razoáveis e com sofrimentos inúteis para os próprios animais.

Que proíbe o sétimo mandamento?

O sétimo mandamento, antes de mais, proíbe o furto que é a usurpação do bem alheio contra a razoável vontade do seu proprietário. É o que também sucede no pagamento de salários injustos; na especulação sobre o valor dos bens para obter vantagens com prejuízo para os outros; na falsificação de cheques ou faturas. Proíbe, além disso, cometer fraudes fiscais ou comerciais, causar um dano às propriedades privadas ou públicas. Proíbe também a usura, a corrupção, o abuso privado dos bens sociais, os trabalhos culpavelmente mal feitos e o esbanjamento.

Qual é o conteúdo da doutrina social da Igreja?

A doutrina social da Igreja, como desenvolvimento orgânico da verdade do Evangelho sobre a dignidade da pessoa humana e sobre a sua dimensão social, contém princípios de reflexão, formula critérios de juízo, oferece normas e orientações para a ação.

Quando é que a Igreja intervém em matéria social?

A Igreja emite um juízo moral em matéria econômica e social quando isto é exigido pelos direitos fundamentais da pessoa, do bem comum ou da salvação das almas.

Como se deve exercer a vida social e econômica?

Segundo os seus próprios métodos, no âmbito da ordem moral, ao serviço da pessoa humana na sua integridade e de toda a comunidade humana, no respeito da justiça social. Ela deve ter o homem como seu autor, centro e fim.

O que é que se opõe à doutrina social da Igreja?

Opõem-se à doutrina social da Igreja os sistemas econômicos e sociais que sacrificam os direitos fundamentais das pessoas ou que fazem do lucro a sua regra exclusiva ou o seu fim último. Por isso, a Igreja rejeita as ideologias associadas, nos tempos modernos, ao «comunismo» ou às formas ateias e totalitárias de «socialismo». Rejeita, além disso, na prática do «capitalismo», o individualismo e o primado absoluto da lei do mercado sobre o trabalho humano.

Qual é o significado do trabalho para o homem?

O trabalho é para o homem um dever e um direito, mediante o qual ele colabora com Deus criador. Com efeito, trabalhando com empenho e competência, a pessoa põe em ação capacidades inscritas na sua natureza, exalta os dons do Criador e os talentos recebidos, sustenta-se a si e aos seus familiares, serve a comunidade humana. Além disso, com a graça de Deus, o trabalho pode ser meio de santificação e de colaboração com Cristo para a salvação dos outros.

A que tipo de trabalho tem direito a pessoa humana?

A todos deve ser possível obter um trabalho seguro e honesto, sem discriminações injustas, respeitando a livre iniciativa econômica e uma justa retribuição.

Qual a responsabilidade do Estado acerca do trabalho?

Compete ao Estado fornecer a segurança das garantias das liberdades individuais e da propriedade, para além duma moeda estável e de serviços públicos eficientes; compete-lhe ainda zelar e orientar o exercício dos direitos humanos no setor econômico. A sociedade deve ajudar os cidadãos a encontrar trabalho, conforme as circunstâncias.

Qual a missão dos responsáveis das empresas?

Os responsáveis das empresas têm a responsabilidade econômica e ecológica das suas operações. Estão obrigados a ter em conta o bem das pessoas e não apenas o aumento dos lucros, embora estes sejam necessários para assegurar os investimentos, o futuro das empresas, o emprego e o bom andamento da vida econômica.

Quais os deveres dos trabalhadores?

Devem realizar o seu trabalho, com consciência, competência e dedicação, procurando resolver, com o diálogo, eventuais controvérsias. O recurso à greve não violenta é moralmente legítimo quando se apresenta como instrumento necessário, em vista dum benefício proporcionado e tendo em conta o bem comum.

Como realizar a justiça e a solidariedade entre as nações?

No plano internacional, todas as nações e instituições devem atuar na solidariedade e na subsidiariedade, com vista a eliminar, ou pelo menos reduzir, a miséria, a desigualdade dos recursos e dos meios econômicos, as injustiças econômicas e sociais, a exploração das pessoas, a acumulação da dívida dos países pobres, os mecanismos perversos que criam obstáculos ao progresso dos países menos desenvolvidos.

Como é que os cristãos participam na vida política e social?

Os fiéis leigos intervêm diretamente na vida política e social animando, com espírito cristão, as realidades temporais e colaborando com todos, como autênticas testemunhas do Evangelho e promotores da paz e da justiça.

Em que se inspira o amor aos pobres?

O amor aos pobres inspira-se no Evangelho das bem-aventuranças e no exemplo de Jesus com a sua constante atenção aos pobres. Jesus disse: «Todas as vezes que fizerdes isto a um só destes irmãos mais pequeninos, a Mim o fizestes» (Mt 25,40). O amor aos pobres manifesta-se na ação contra a pobreza material e contra as numerosas formas de pobreza cultural, moral e religiosa.

OITAVO MANDAMENTO: NÃO LEVANTAR FALSOS TESTEMUNHOS

Qual o dever do homem em relação à verdade?
Toda a pessoa é chamada à sinceridade e à veracidade no agir e no falar. Cada um tem o dever de procurar a verdade e de aderir a ela, organizando toda a sua vida segundo as exigências da verdade. Em Jesus Cristo, a verdade de Deus manifestou-se na sua totalidade: Ele é a Verdade. Seguir Jesus é viver do «Espírito de verdade» (Jo 14,17) e evitar a duplicidade, a simulação e a hipocrisia.

Como dar testemunho da verdade?

O cristão deve testemunhar a verdade evangélica em todos os campos da atividade pública e privada, mesmo com o sacrifício da própria vida, se necessário. O martírio é o supremo testemunho dado em favor da verdade da fé.

O que proíbe o oitavo mandamento?

O oitavo mandamento proíbe:
O falso testemunho, o perjúrio e a mentira, cuja gravidade se mede pela natureza da verdade que ela deforma, das circunstâncias, das intenções do mentiroso e dos danos causados às vítimas;
O juízo temerário, a maledicência, a difamação, a calúnia, que lesam ou destroem a boa reputação e a honra a que a pessoa tem direito;
A lisonja, a adulação ou complacência, sobretudo se finalizadas à realização de pecados graves ou à obtenção de vantagens ilícitas;
Uma culpa contra a verdade exige a reparação, quando se ocasionou dano a outrem.

Que requer o oitavo mandamento?

O oitavo mandamento requer o respeito da verdade, acompanhado pela discrição da caridade: na comunicação e na informação, que devem assegurar o bem pessoal e comum, a defesa da vida particular e o perigo de escândalo; na reserva dos segredos profissionais, que se devem sempre manter, salvo em casos excepcionais, por motivos graves e proporcionados. Exige-se também o respeito pelas confidências feitas sob o sigilo do segredo.

Como usar os meios de comunicação social?

A informação mediática deve estar ao serviço do bem comum, ser sempre verdadeira no conteúdo e, salva a justiça e a caridade, deve ser também íntegra. Além disso deve expressar-se em modo honesto e conveniente, respeitando escrupulosamente as leis morais, os direitos legítimos e a dignidade da pessoa.

NONO MANDAMENTO: GUARDAR CASTIDADE NOS PENSAMENTOS E NOS DESEJOS

O que exige o nono mandamento?
O nono mandamento exige viver a castidade nos pensamentos e nos desejos.

Que proíbe o nono mandamento?

O nono mandamento proíbe consentir em pensamentos e desejos impuros.

Como chegar à pureza do coração?

Mediante a virtude e o dom da castidade, cuidando a pureza do olhar, com a disciplina dos sentidos e da imaginação e intensificando a oração.

Quais as outras exigências da pureza?

A pureza exige o pudor que preserva a intimidade e a dignidade das pessoas.

DÉCIMO MANDAMENTO: NÃO COBIÇAR AS COISAS ALHEIAS

Que exige e que proíbe o décimo mandamento?
Este mandamento completa o precedente e exige uma atitude interior de respeito em relação à propriedade alheia. Proíbe a avidez, a cupidez desregrada dos bens dos outros e a inveja, que consiste na tristeza que se experimenta perante os bens alheios e o desejo imoderado de deles se apoderar.

Que pede Jesus com a pobreza de coração?

Jesus requer aos seus discípulos que O prefiram a tudo e a todos.

LIÇÃO IV – MANDAMENTOS DA IGREJA

Que outros mandamentos devemos observar, além dos mandamentos de Deus?

Além dos mandamentos de Deus, devemos observar os mandamentos da Igreja.

Quem deu à Igreja o poder de fazer mandamentos?

Quem deu à Igreja o poder de fazer mandamentos foi Jesus Cristo.

Somos obrigados a obedecer à Igreja?

Sim; somos obrigados a obedecer à Igreja, porque Jesus Cristo estabeleceu que a obedecêssemos.

Em que idade começa a obrigação de observar os mandamentos da Igreja?
A obrigação de observar os mandamentos da Igreja começa geralmente desde o uso da razão.

Quantos são os mandamentos da Igreja?

Os principais e mais comuns mandamentos da Igreja são cinco:
1º Participar ativa e piedosamente da Missa aos domingos e festas de guarda;
2º Confessar-se ao menos uma vez cada ano;
3º Comungar ao menos uma vez pela Páscoa da Ressurreição;
4º Fazer penitência conforme estabelece a Santa Igreja;
5º Pagar dízimos segundo o costume.

Que nos obriga o primeiro mandamento da Igreja: Participar da Missa aos domingos e festas de guarda?
O primeiro mandamento da Igreja manda-nos participar ativa e piedosamente da Missa do começo até ao fim, todos os domingos e festas de preceito.

Que nos manda o segundo mandamento da Igreja: Confessar-se ao menos uma vez cada ano?

O segundo mandamento da Igreja obriga todos os cristãos, que tiverem o uso da razão, a se confessarem ao menos uma vez cada ano.

Qual é o tempo mais oportuno para cumprir o preceito anual da confissão?

O tempo mais oportuno para cumprir o preceito anual da confissão é na Quaresma.

Que nos manda o terceiro mandamento da Igreja: Comungar ao menos pela Páscoa da Ressurreição?
O terceiro mandamento da Igreja obriga a todos que já tiverem feito a Primeira Comunhão a comungarem ao menos uma vez por ano no tempo pascal.

Por que diz a Igreja que nos confessemos AO MENOS uma vez cada ano e comunguemos AO MENOS pela Páscoa da Ressurreição?

A Igreja diz: ao menos, para nos dar a conhecer que ela deseja que nos confessemos e comunguemos frequentemente.

É coisa útil, então, comungar frequentemente?

Sim; a comunhão frequente e até cotidiana é prática utilíssima e até muito recomendada pela Igreja.

Que nos manda o quarto mandamento da Igreja: Fazer penitência conforme estabelece a Santa Igreja?

O quarto mandamento da Igreja nos manda jejuar e abstermo-nos de carne na quarta-feira de cinzas e na sexta-feira santa; praticar atos de penitência, sobretudo na forma de caridade, todas as sextas-feiras do ano.

Quem está obrigado a jejuar?
Está obrigado a jejuar todo cristão desde a idade de vinte e um anos completos até a idade de sessenta anos; aos atos de penitência os maiores de catorze anos.

Em que consiste o jejum?

O jejum consiste em fazer uma só refeição completa ao dia, reduzindo as demais.

Que nos proíbe o quarto mandamento da Igreja?
O quarto mandamento da Igreja proíbe aos fiéis comer carne nos dias de abstinência e desrespeitar o jejum nos dias estabelecidos (Quarta-Feira de Cinzas e Sexta-Feira Santa).

Por que estabeleceu a Igreja a lei da penitência?

A Igreja estabeleceu a lei da penitência para nos lembrar a nossa humilde condição de pecadores salvos pelo sacrifício de Cristo e nos estimular à caridade cada vez mais ativa em favor de nossos irmãos.

Como se observa o quinto mandamento da Igreja: Pagar dízimos segundo o costume?
Observa-se o quinto mandamento da Igreja contribuindo com o necessário para o sustento do culto e dos ministros da religião, na forma costumada, ou como determina a Igreja.

LIÇÃO V – PECADO

Tendo percorrido os mandamentos da lei de Deus e da Igreja, dize-me: que ordena Deus em geral, nos seus mandamentos?
Deus ordena em seus mandamentos que façamos o bem e evitemos o mal.

Que mal devemos evitar?
Devemos evitar o pecado, que é o maior mal do mundo.

Que é o pecado?
O pecado é uma desobediência voluntária à lei de Deus.

Quantas tipos há de pecado?

Há dois tipos de pecado: o pecado original e o atual.

Que é o pecado original?

O pecado original é o pecado com que todos nós nascemos, e que contraímos por herança, como descendentes de Adão.

Todas as criaturas humanas foram manchadas pelo pecado original?

Sim; A única exceção é Maria Santíssima, que, por singular privilégio, foi preservada do pecado original.

Que título deu a Igreja a Maria Santíssima, por causa desse privilégio?

Por causa desse privilégio a Igreja deu a Maria Santíssima o título de Imaculada.

Que é o pecado atual?

O pecado atual é o que cometemos depois de ter chegado ao uso da razão.

Como se divide o pecado atual?
O pecado atual se divide em mortal e venial.

Que é o pecado mortal?

O pecado mortal é uma desobediência grave, feita à lei de Deus, com plena conhecimento do entendimento e consentimento da vontade. Para que o pecado ser grave ou mortal deve-se dar estas três condições:
– matéria grave (por exemplo, a matéria dos pecados contra a castidade são graves; por outro lado, a matéria do roubo depende da sua quantidade para ser grave ou não)
– pleno conhecimento (saber que aquilo era pecado)
– pleno consentimento (aderir-se plenamente ao pecado  em algum momento sem haver luta para afastá-lo); sentir não é consentir; consentir é um ato deliberado da vontade.

Por que se chama mortal esse pecado?
Chama-se mortal esse pecado, porque dá a morte à alma, privando-a da vida da graça santificante e tornando-a merecedora do inferno.

Que males causa à alma o pecado mortal?

O pecado mortal:
1º Expulsa a Santíssima Trindade da nossa alma, juntamente com todas as graças adquiridas;
2º fá-la perder o céu e merecer o inferno;
3º nos torna escravos do demônio;
4º enquanto estivermos em pecado nossas boas obras não ganham méritos.

Quem perdeu a graça de Deus pelo pecado
 poderá de novo consegui-la?
Sim; quem perdeu a graça de Deus pelo pecado poderá de novo consegui-la pelo sacramento da Confissão, ou por um ato de contrição perfeita (ato de contrição feito com dor de ter ofendido a Deus) com o propósito de confessar-se o quanto antes.

Que é o pecado venial?

O pecado venial é uma desobediência à lei de Deus em matéria leve; ou, ainda, uma desobediência em matéria grave, sem perfeita advertência ou sem pleno consentimento da vontade.

Por que se chama venial esse pecado?

Chama-se venial esse pecado, porque, em relação ao pecado mortal, é uma culpa leve, que mais facilmente consegue de Deus o perdão.

De quantos modos se pode pecar?

Pode-se pecar de quatro modos: por pensamentos, palavras, atos e omissões.

Como se peca por pensamentos, palavras e atos?

Peca-se por pensamentos, palavras e atos quando, por advertência e consentimento da vontade, se pensa, deseja, se diz ou se pratica alguma coisa proibida pela lei de Deus.

Como se peca por omissão?

Peca-se por omissão deixando de praticar algo que temos obrigação de praticar.

LIÇÃO VI – VÍCIOS CAPITAIS

Quantos são os vícios capitais?

Os vícios capitais são sete:
1º Soberba;
2º Avareza;
3º Luxúria;
4º Ira;
5º Gula;
6º Inveja;
7º Preguiça.

Por que se chamam capitais esses vícios?
Esses vícios chamam-se capitais porque são a origem e a fonte de todos os pecados.

Como se pecam através destes vícios?
a) soberba (ou amor desordenado pela própria excelência)
* Sinônimo também de orgulho. A pessoa soberba, orgulhosa, se acha superior às demais.
* Sinais do orgulho, da soberba: impaciência, teimosia, desprezo, críticas constantes, cair em frequentes discussões, não pedir desculpas, nunca aceitar os próprios erros, não perdoar, guardar mágoas, achar com frequência que o que se faz é melhor do que o que os outros fazem, falar de si mesmo etc.
* Unidos à soberba estão também a vaidade e o egoísmo. A pessoa vaidosa é aquela que se preocupa muito com sua imagem: se ficou bem, se não ficou bem, se gostaram, se não gostaram, se é admirada, reconhecida; fica muito triste se foi desprezada; quer chamar atenção etc. Numa palavra: é uma pessoa muito centrada em si mesma.
* A pessoa egoísta é aquela que está muito centrada no seu mundo. Esquece dos outros porque está centrada em si mesma: na sua profissão, no seu descanso, no seu bem-estar, no seu prazer etc.

b) avareza (amor desordenado pelos bens terrenos)
* A pessoa avarenta é aquela que está apegada aos bens terrenos: apegada ao carro, ao celular, às roupas, aos sapatos etc. Costuma perder muito tempo pensando nestas coisas quando deveria estar pensando em realidades mais importantes como as pessoas que estão à sua volta. Costuma fazer gastos excessivos e desnecessários.

c) luxúria (amor desordenado pelo prazer carnal)
* Aqui estão todos os pecados contra a castidade: desejar a mulher do próximo, infidelidade, buscar o prazer solitário, ter conversas obscenas, não viver a castidade segundo os ensinamentos da igreja etc. Como em todos os pecados, pode-se pecar nesse campo por pensamentos, palavras, atos e omissões.

d) inveja (amor desordenado pela própria excelência)
A inveja é a tristeza que sentimos ao ver que não temos determinado bem que outra pessoa tem. É a tristeza ao ver que determinada pessoa está numa posição, numa condição, melhor do que a nossa.

e) gula (amor desordenado pelo prazer da comida e da bebida)
* A gula é comer com os olhos. Comer mais do que o necessário. Comer com avidez.

f) ira (amor desordenado pela própria excelência)
* As manifestações da ira são a raiva, a irritação, os palavrões, os gritos, o desejo de vingança, as agressões, a falta de respeito etc.

g) preguiça (amor desordenado pelo comodismo)
* As manifestações da preguiça são os adiamentos, a falta de pontualidade, descansar mais do que o necessário, a desordem, deixar para depois o que não gostamos de fazer etc.

Como se vencem esses vícios?
Esses vícios se vencem com as virtudes que lhes são opostas:
– a soberba se vence com a humildade;
– a avareza, com a liberalidade;
– a luxúria, com a castidade;
– a ira, com a paciência;
– a inveja, com a caridade;
– a preguiça, com a diligência.

PECADOS CONTRA O ESPÍRITO SANTO

Quantos são os pecados contra o Espírito Santo?
Os pecados contra o Espírito Santo são seis:
1º Desesperação da salvação;
2º Presunção de se salvar sem merecimentos;
3º Negar a verdade conhecida como tal;
4º Ter inveja das mercês que Deus fez a outrem;
5º Obstinação no pecado;
6º Impenitência final.

Por que se chamam contra o Espírito Santo
 estes pecados?
Chamam-se contra o Espírito Santo estes pecados, porque se cometem por pura malícia, o que diretamente repugna à bondade divina, que se atribui ao Espírito Santo.

DOS PECADOS QUE BRADAM AO CÉU

Quantos são os pecados que bradam ao céu e pedem a Deus vingança?

Os pecados que bradam ao céu e pedem vingança a Deus são quatro:
1º Homicídio voluntário;
2º Pecado sensual contra a natureza;
3º Oprimir os pobres, órfãos e viúvas;
4º Negar o salário aos que trabalham.

Por que se chamam pecados que bradam ao céu e pedem vingança de Deus?
Porque é tão grande e manifesta a malícia que eles encerram, que clamam e pedem vingança ao céu contra quem os comete.

DOS NOVÍSSIMOS DO HOMEM


Qual o pensamento mais eficaz para evitarmos o pecado?

O pensamento mais eficaz para evitarmos o pecado é o dos novíssimos, isto é, das últimas coisas que nos hão de acontecer.

Quantos e quais são os novíssimos do
 homem?
Os novíssimos do homem são quatro:
1º Morte;
2º Juízo;
3º Inferno;
4º Paraíso.

Quando convém pensar nos novíssimos?

Convém pensar assiduamente nos novíssimos, principalmente de manhã, ao despertar, de noite, antes do repouso, e todas as vezes que somos tentados.

QUARTA PARTE – SACRAMENTOS
LIÇÃO I – SACRAMENTOS EM GERAL

Qual é o principal efeito dos sacramentos?

O principal efeito dos sacramentos é a graça.

Que é a graça?

A graça é um dom interno, sobrenatural e gratuito, que Deus nos dá em relação à vida eterna.

Como se divide a graça?
A graça se divide em graça santificante ou habitual e graça atual.

Que é a graça santificante?

A graça santificante é a graça que vai se depositando em nossa alma depois do batismo e a recebemos através dos sacramentos e das graças atuais. Quanto mais graça santificante temos, mais santos nos tornamos.

Como se perde a graça santificante?

A graça santificante se perde pelo pecado mortal.

Como se pode recuperar a graça santificante?

A graça santificante se recupera pelo sacramento da Confissão ou por um ato de contrição perfeita, unido ao desejo de se confessar.

Que é a graça atual?

A graça atual é uma ajuda de Deus para fazermos o bem. Se correspondemos a esta graça, e estamos em estado de graça, ela entra na alma aumentando a graça santificante. Sem a graça de Deus não somos capazes de fazer nenhuma ação boa.

Deus nos dá sempre a graça atual?

Sim; Deus nos dá a graça atual de modo constante para fazermos o bem.

Podemos resistir à graça de Deus?

Sim; podemos resistir à graça de Deus, porque ele não nos tira a liberdade; não o devemos fazer, porém.

Por que meio Deus nos comunica a sua
 graça?
Deus nos comunica a sua graça principalmente através dos sacramentos.

Que se entende por sacramento?

Por sacramento se entende um sinal sensível e eficaz da graça, instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo para nos santificar.

Por que se chamam os sacramentos sinais sensíveis e eficazes da graça?
Chamam-se os sacramentos sinais sensíveis e eficazes da graça, porque todos os sacramentos significam, por meio de coisas sensíveis, a graça que eles produzem na alma.

Explica isto com um exemplo
.
Por exemplo, no Batismo, o derramar da água na cabeça da criança e as palavras eu te batizo, isto é, te lavo, te purifico, são um sinal sensível da graça que dá o Batismo, pois a graça do Batismo nos purifica do pecado original.

Como nos santificam os sacramentos?
Os sacramentos nos santificam, dando-nos ou aumentando em nós a graça, que nos torna santos e agradáveis a Deus.

Os sacramentos dão sempre a graça a
 quem os recebe?
Sim; os sacramentos dão sempre a graça; contanto que se recebam com as necessárias disposições.

Quem deu esta virtude aos sacramentos?

Foi Jesus Cristo que deu esta virtude aos sacramentos pela sua paixão e morte.

Quantos são os sacramentos?

Os sacramentos são sete:
1º Batismo;
2º Confirmação ou Crisma;
3º Eucaristia;
4º Penitência ou Confissão;
5º Unção dos Enfermos;
6º Ordem:
7º Matrimônio.

Como se dividem os sacramentos?
Os sacramentos se dividem em sacramentos de mortos e sacramentos de vivos.

Quantos são os sacramentos de mortos?

Os sacramentos de mortos são dois: o Batismo e a Penitência.

Por que se chamam sacramentos de mortos?

O Batismo e a Penitência chamam-se sacramentos de mortos, porque conferem a vida da graça aos que estão mortos pelo pecado.

Quantos são os sacramentos de vivos?
Os sacramentos de vivos são cinco: a Crisma, a Eucaristia, a Unção dos Enfermos, a Ordem e o Matrimônio.

Por que se chamam sacramentos dos vivos?
Chamam-se sacramentos dos vivos porque devem ser recebidos em estado de graça.

Que graça conferem os sacramentos de vivos?
Os sacramentos de vivos conferem um aumento da graça santificante, que já deve existir na alma de quem os recebe, e a graça sacramental, própria de cada sacramento.

Que pecado cometeria quem, recebesse um dos sacramentos de vivos, sabendo que não está em graça de Deus?

Quem recebesse um sacramento de vivos, sabendo que não está em graça de Deus, cometeria um grave sacrilégio.

Quais são os sacramentos mais necessários para a salvação?
Os sacramentos mais necessários para a salvação são dois: o Batismo e a Penitência; o Batismo para todos; a Penitência para os que cometeram pecado mortal depois do Batismo.

Qual é o maior de todos os sacramentos?

O maior de todos os sacramentos é a Eucaristia, porque não só contém a graça, mas ainda o mesmo Jesus Cristo, autor da graça e dos sacramentos.

Quais são os sacramentos que se recebem uma só vez?
Os sacramentos que se recebem uma só vez são três: o Batismo, a Crisma e a Ordem.

Por que estes três sacramentos, o Batismo, Crisma e Ordem, só se recebem uma vez?
Estes três sacramentos, Batismo, Crisma e Ordem, só se recebem uma vez, porque cada um deles imprime caráter.

Que é o caráter que imprime cada um destes três sacramentos, Batismo, Crisma e Ordem?
O caráter que imprime cada um destes três sacramentos, Batismo, Crisma e Ordem, é um sinal espiritual impresso na alma para sempre.

Para que serve o caráter que estes três sacramentos imprimem na alma?

O caráter que estes três sacramentos, Batismo, Crisma e Ordem, imprimem na alma serve para marcar-nos: no Batismo, como membros de Jesus Cristo; na Crisma, como seus soldados; na Ordem, como seus ministros.

Que se requer para que haja um sacramento?

Para que haja um sacramento três coisas se requerem, a saber: matéria, forma e o ministro, que deve ter, por as vez, a intenção de fazer o que faz a Igreja quando ministra os sacramentos.

Que é a matéria dos sacramentos?
A matéria dos sacramentos é a coisa sensível de que se usa, para ministrá-los, como, por exemplo, a água natural no Batismo; o óleo e o bálsamo na Crisma.

Que é a forma dos sacramentos?
A forma dos sacramentos são as palavras que se proferem na administração deles.

Quem é o ministro dos sacramentos?
O ministro dos sacramentos é a pessoa que confere o sacramento.

SACRAMENTOS EM PARTICULAR

LIÇÃO II – BATISMO

Que é o Batismo?
O Batismo é um sacramento que Nosso Senhor Jesus Cristo instituiu para nos regenerar pela graça, fazer-nos cristãos, filhos de Deus e da Igreja.

Quais são os efeitos do Batismo?
O Batismo:
1º apaga o pecado original e também o atual, se houver;
2º perdoa toda a pena devida a esses pecados;
3º imprime-nos na alma o caráter de cristãos;
4º faz-nos filhos de Deus e da Igreja e herdeiros do céu;
5º torna-nos aptos para receber os outros sacramentos.

Qual é a matéria do Batismo?
A matéria do Batismo é a água natural, como a dos rios, das fontes, do mar, etc.

Qual é a forma do Batismo?
A forma do Batismo são as palavras: Eu te batizo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.

Quem é o ministro ordinário do Batismo?

O ministro ordinário do Batismo é o sacerdote.

Em caso de necessidade, qualquer pessoa pode batizar?

Em caso de necessidade, qualquer pessoa, ainda que seja herege ou infiel, pode batizar.

Que intenção deve ter quem administra o Batismo?

Quem administra o Batismo deve ter a intenção de fazer o que a Igreja faz quando administra este sacramento.

Como se administra o Batismo?

Administra-se o Batismo derramando água natural na cabeça da pessoa que se batiza e pronunciando ao mesmo tempo as palavras: Eu te batizo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.

Será válido o Batismo quando uma pessoa pronuncia as palavras e outra derrama a água?

Não; o Batismo não será válido se uma pessoa pronunciar as palavras e outra derramar a água.

Não podendo derramar-se água na cabeça, deixa-se a pessoa sem Batismo?
Não podendo derramar-se água na cabeça, derrama-se em outra parte principal do corpo, pronunciando as mesmas palavras: Eu te batizo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.

Quando se devem batizar as crianças?

As crianças devem ser batizadas o mais breve possível.

Por que tanta pressa em batizar as crianças?

Deve-se ter tanta pressa em batizar as crianças porque pela sua tenra idade estão expostas a muitos perigos e acidentes e, se morrerem sem Batismo, morrem sem estar na graça de Deus.

Pecam, então, gravemente os pais que demoram em batizar seus filhos?

Sim; pecam gravemente os pais que demoram em batizar seus filhos porque os expõem a morrer sem este sacramento necessário para a salvação.

O Batismo é necessário para nos salvarmos?

Sim; o Batismo é absolutamente necessário para nos salvarmos segundo a palavra do Senhor: Quem não renascer pela água e pelo Espírito Santo, não poderá entrar no reino dos céus.

A que fica obrigado quem se batiza?

Quem se batiza fica obrigado a professar, depois do uso de razão, a fé e a observar a lei de Jesus Cristo e de sua Igreja.

A que mais se obriga quem recebe o Batismo?

Quem recebe o Batismo se obriga a renunciar para sempre a Satanás, as suas obras e as suas pompas.

Que se entende por obras e pompas de Satanás?
Por obras e pompas de Satanás se entendem os pecados, as vaidades e as máximas do mundo, contrárias às máximas do Evangelho.

Quem faz essas promessas e renúncias em
 nome das crianças?
São os padrinhos que fazem essas promessas e renúncias em nome das crianças.

Somos obrigados a cumprir essas promessas e renúncias que por nós fizeram os nossos padrinhos?

Sim; somos obrigados a cumprir essas promessas e renúncias que por nós fizeram nossos padrinhos.

LIÇÃO III – CRISMA OU CONFIRMAÇÃO

Que é o sacramento da Crisma?

A Crisma é um sacramento que nos dá o Espírito Santo, imprime na alma o caráter de soldado de Jesus Cristo e faz-nos perfeitos cristãos.

Não recebemos o Espírito Santo no Batismo?

Sim; no Batismo recebemos o Espírito Santo; não, porém, com a mesma abundância de graças como na Crisma.

De que modo a Crisma nos faz perfeitos cristãos?

A Crisma nos faz perfeitos cristãos, confirmando-nos na fé e aperfeiçoando as outras virtudes e dons que recebemos no Batismo.

Quantos e quais são os dons do Espírito Santo que recebemos na Crisma?
Os dons do Espírito Santo que recebemos na Crisma são sete;
1º Sabedoria;
2º Entendimento;
3º Conselho;
4º Fortaleza;
5° Ciência;
6º Piedade;
7º Temor de Deus.

Devem todos procurar receber o sacramento da Crisma?

Sim; todos devem procurar receber o sacramento da Crisma.

A Crisma é necessária para a salvação?
Não; mas privam-se de muitas graças e pecam os que a deixam de receber por negligência.

Que disposições se exigem para receber
 dignamente a Crisma?
Para receber dignamente a Crisma a pessoa deve estar em estado de graça, conhecer com profundidade, fazendo o curso da Crisma, os mistérios da nossa fé, e apresentar-se à cerimônia com respeito e devoção.

Quem é o ministro do sacramento da Crisma?
O ministro do sacramento da Crisma é o Bispo.

Como o Bispo administra o sacramento da Crisma?
Paraadministrar o sacramento da Crisma, primeiramente, o Bispo,de pé, estende a mão sobre os que se vão crismar, invocando sobre eleso Espírito Santo; depois, com o santo Crisma, faz uma cruz na testa de cada um dizendo as palavras da forma do sacramento da Crisma: Recebe, por este sinal, o dom do Espírito Santo. Em seguida diz: A paz esteja contigo. Por último, de pé, dá a bênção a todos os crismados.

Por que se faz a cruz na testa com o santo Crisma?

Faz-se a cruz na testa para significar que o crismado não deve nunca envergonhar-se do sinal do cristão, nem de professar a doutrina de Cristo.

Que é o santo Crisma?

O santo Crisma é uma mistura de óleo de oliveira e de bálsamo oriental que o Bispo consagra todos os anos na Quinta-feira Santa.

Que significa o óleo e o bálsamo no sacramento da Crisma?

O óleo, pela virtude que tem de se espalhar e fortificar os corpos, significa a graça que abundantemente se difunde na alma do cristão para fortificá-la e confirmá-la nafé; o bálsamo,pela sua fragrância e virtude de preservar da corrupção, significa que o cristão, fortalecido por essa graça, se torna capaz de dar bons exemplos de virtudes cristãs e preservar-se do contágio dos vícios.

Que deve fazer o cristão para conservar a graça do sacramento da Crisma?

Para conservar a graça do sacramento da Crisma o cristão deve rezar frequentemente e viver segundo a lei de Jesus Cristo.

LIÇÃO IV – EUCARISTIA

Da presença real de Jesus Cristo na Eucaristia


Que é o sacramento da Eucaristia?

A Eucaristia é o sacramento que contém o verdadeiro corpo e o verdadeiro sangue de Jesus Cristo, real e substancialmente presente, debaixo das espécies ou aparências de pão e de vinho, para nosso alimento espiritual.

Como se explica a presença real de Nosso Senhor Jesus Cristo na Eucaristia, debaixo das espécies ou aparências de pão e de vinho?

A presença real de Nosso Senhor Jesus Cristo na Eucaristia, debaixo das espécies ou aparências de pão e de vinho, explica-se pela maravilhosa conversão de toda a substância do pão no corpo e de toda a substância do vinho no sangue de Nosso Senhor JesusCristo.

Como se chama essa maravilhosa conversão?
Essa maravilhosa conversão chama-se transubstanciação.

Está na Eucaristia o mesmo Jesus Cristo que nasceu de Maria Virgem?

Sim; na Eucaristia está o mesmo Jesus Cristo que nasceu de MariaVirgem e que se encontra também no céu.

Por que crer que nesse sacramento está Jesus Cristo?

Cremos que nosacramento daEucaristia está Jesus Cristo porque ele mesmo o prometeu no Capítulo 6 do Evangelho de João e o confirmou na Última Ceia.

Qual é a matéria do sacramento da Eucaristia?

A matéria do sacramento da Eucaristia é o pão de trigo e vinho de uva, que foi a matéria empregada por Nosso Senhor Jesus Cristo.

Que é a hóstia antes da consagração?

A hóstia, antes da consagração, é pão.

Que é a hóstia depois da consagração?

A hóstia, depois da consagração, é o verdadeiro corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo, debaixo das espécies ou aparências de pão.

Que há no cálice antes da consagração?

No cálice, antes da consagração, há vinho.

Que há no cálice depois da consagração?

No cálice, depois da consagração, há o verdadeiro sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, debaixo das espécies ou aparências de vinho.

Quando se faz a conversão do pão e do vinho no verdadeiro corpo e no verdadeiro
 sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo?
Essa conversão se faz no momento em que o sacerdote pronuncia as palavras da consagração, na Missa.

Quem deu tanto poder a essas palavras?

Quem deu tanto poder a essas palavras foi Jesus Cristo, quando as pronunciou na Última Ceia.

Então depois da consagração da hóstia e do vinho nada fica de pão e de vinho?

Depois da consagração da hóstia e do vinho, nada fica de pão e de vinho, a não ser asespécies ou aparências.

Que coisas são as espécies do pão e do vinho?

As espécies do pão e do vinhosão os acidentes, isto é, a quantidade e as qualidades sensíveis do pão e do vinho, como a cor, o cheiro, o sabor, etc.

Debaixo das espécies do pão só há o corpo de Jesus Cristo, e debaixo das espécies do
 vinho só há o seu sangue?
Tanto debaixo das espécies do pão como debaixo das espécies do vinho, está Jesus Cristo todo inteiro, com seu Corpo, Sangue, Alma e divindade.

Jesus Cristo está vivo em todas as hóstias consagradas no mundo?

Sim; Jesus Cristo está vivo em todas as hóstias consagradas no mundo.

Quando se parte a hóstia, parte-se também o corpo de Jesus Cristo?
Não; quando se parte a hóstia, não se parte o corpo de Jesus Cristo; partem-se somente as espécies do pão.

Em que parte da hóstia está o corpo de Jesus Cristo?

O corpo de Jesus Cristo está todo inteiro em cada uma das partes em que se divide a hóstia.

Por que motivo se conserva a Eucaristia ou o Santíssimo Sacramento nas igrejas?

O Santíssimo Sacramento se conserva nas igrejas para ser visitado e adorado pelos fiéis e para ser levado aos enfermos em caso de necessidade.

Do fim e dos efeitos da Eucaristia


Por que instituiu Jesus Cristo a santíssima Eucaristia?

JesusCristo instituiu a santíssima Eucaristia por muitas razões:
1° Paraser o sacrifício permanente da nova lei;
2º Paraalimento espiritual de nossas almas;
3º Paraperpétua atualização da sua paixão e morte e penhor preciosíssimo de seu amor aos homens e da vida eterna.

Que efeitos produz em nós a Eucaristia?
Os principaisefeitos que a Eucaristia produz em nós são:
1º Conservare aumentar a vida da alma, que é a graça; e como alimento material, conserva e aumenta a vida do corpo;
2º Apagar os pecados veniais e preservar dos mortais;
3º Unir-nos a Jesus Cristo e fazer-nos viver de sua vida.

Disposições para a comunhão e da obrigação de comungar


Quais são as disposições necessárias para bem comungar?

Para bem comungar três coisas são necessárias:
1º O estado de graça;
2º Estar em jejum;
3º Saber o que se vai receber e apresentar-se à comunhão com fé e devoção.

Que quer dizer estado de graça?
Estado de graça quer dizer estar livre de todo pecado mortal.

Que pecado comete quem comunga em pecado mortal?

Quem comunga em pecado mortal, se tem consciência de seu estado, comete grave sacrilégio.

Que jejum se exige para comungar?
Para comungar se exige o jejum de uma hora antes da comunhão; água e remédios não quebram o jejum.

Em que consiste a fé e devoção com que devemos comungar?

A fé consiste em crer que Jesus Cristo está realmente presente neste sacramento, e a devoçãoconsiste em recebê-lo com toda o respeito,humildade e recolhimento.

Há obrigação de comungar?
Há obrigação de comungar em perigo de morte e, ao menos, uma vez cada ano, pela Páscoa da Ressurreição.

Em que idade começa a obrigar o preceito da comunhão pascal?

O preceito da comunhão pascal começa a obrigar desde a idade em que se é capaz de recebê-la com as devidas disposições, isto é, depois do uso de razão.

Do santo sacrifício da Missa


A Eucaristia deve-se considerar somente como sacramento?

Não; a Eucaristia é também o sacrifício permanente da nova lei que Jesus Cristo deixou à sua Igreja para ser oferecido a Deus por meio dos sacerdotes.

Como se chama este sacrifício da nova lei?

Este sacrifício da nova lei chama-se o sacrifício da Missa.

Que é a Missa?

A Missa é a atualização dos principais mistérios de Jesus: Paixão, Morte, Ressurreição e Ascensão aos Céus.

Quem instituiu o sacrifício da Missa?

O sacrifício da Missa foi instituído pelo próprio Jesus Cristo quando instituiu o sacramento da Eucaristia na noite antes de sua paixão.

A quem se oferece o sacrifício da Missa?

O sacrifício da Missa se oferece a Deus somente.

Para que fins se oferece a Deus o sacrifício da Missa?

O sacrifício da Missa se oferece a Deus para quatro fins:
1º Para honrar a Deus;
2º Para dar-lhe graças pelos benefícios recebidos;
3º Para aplacá-lo e pedir o perdão dos nossos pecados;
4º Para obter todas as graças que nos são necessárias.

Por quem se oferece o sacrifício da Missa?

O sacrifício da Missa se oferece por todos os homens, principalmente pelos fiéis e pelas almas que se acham no purgatório.

O sacrifício da Missa aproveita às almas do purgatório?

Sim; o sacrifício da Missa aproveita às almas do purgatório, aliviando e abreviando os seus sofrimentos.

É coisa útil participar da Missa todos os dias?

Sim; é coisa utilíssima.

Como se deve participar da Missa?

Deve-se participar da Missa inteira, com devoção, e, estando em estado de graça, comungando sempre que possível.

LIÇÃO V – PENITÊNCIA

Das disposições para bem receber o sacramento da Penitência


Que é o sacramento da Penitência?

A Penitência, chamada também Confissão, é um sacramento instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo para perdoar os pecados cometidos depois do Batismo.

O sacramento da Penitência é necessário para nos salvarmos?

Sim; o sacramento da Penitência é necessário para nos salvarmos, se tivermos cometido algum pecado mortal depois do Batismo.

Quantas são as partes do sacramento da
 Penitência?
As partes do sacramento da Penitência sãoquatro: contrição, confissão, absolvição e satisfação.

Do exame


Que coisas se exigem para fazer uma boa
 confissão?
Parafazer uma boa confissão se exigemcinco coisas:
1º exame;
2º arrependimento;
3º propósito;
4º confissão;
5º satisfação.

Mas, antes de tudo, que é necessário para
 fazer uma boa confissão?
Parafazer uma boa confissão é necessário, antes de tudo, pedir luzes a Deus paraconhecermos todos os nossos pecados e forçapara detestá-los.

Como devemos fazer o exame de consciência?

Para fazer o exame de consciência, nós nos devemos pôr na presença de Deus e examinar com diligência os pecados cometidos por pensamentos, palavras, obras e omissões, contra os mandamentos da lei de Deus eda Igreja e contra as obrigações do próprio estado.

Devemos também dizer o número dos pecados?

Sim; se os pecados são mortais, devemos também dizer o número deles.

Além do número dos pecados mortais, devemos também falar das circunstâncias que envolvem os pecados?

Sim; além do número dos pecadosmortais, devemos falar as circunstâncias que atenuam ou agravam os pecados.

Pode-se dar algum exemplo de circunstâncias que agravam o pecado?

Por exemplo, quem ofendeu o outro cônjuge na frente dos filhos torna mais grave o pecado por desedificar os filhos.

É necessário fazer o exame de toda a vida passada em cada confissão?

Não; basta fazer o exame a partir da última confissão bem feita.

O que é a confissão comunitária?
O sacramento da Penitência também pode ter lugar no quadro de uma celebração comunitária, na qual as pessoas se preparam juntas para a confissão e também juntas agradecem pelo perdão recebido. Neste caso, a confissão pessoal dos pecados e a absolvição individual são inseridas numa liturgia da Palavra de Deus, com leituras e homilia, exame de consciência em comum, pedido comunitário de perdão, oração do Pai-Nosso e ação de graças em comum.

Quando se pode fazer a confissão comunitária?
A confissão individual e integral seguida da absolvição continua sendo o único modo ordinário pelo qual os fiéis se reconciliam com Deus e com a Igreja. Em casos de necessidade grave, pode-se recorrer à celebração comunitária da reconciliação com confissão e absolvição gerais. Esta necessidade grave pode apresentar-se quando há um perigo iminente de morte sem que o ou os sacerdotes tenham tempo suficiente para ouvir a confissão de cada penitente. A necessidade grave pode também apresentar-se quando, tendo-se em vista o número dos penitentes, não havendo confessores suficientes para ouvir devidamente as confissões individuais num tempo razoável, de modo que os penitentes, sem culpa de sua parte, se veriam privados durante muito tempo da graça sacramental ou da sagrada Eucaristia. Nesse caso, os fiéis devem ter, para a validade da absolvição, o propósito de confessar individualmente seus pecados graves na seguinte confissão. Um grande concurso de fiéis por ocasião das grandes festas ou de peregrinação não constitui caso de tal necessidade grave”.

Do arrependimento e do propósito


Que é o arrependimento dos pecados?

O arrependimento dos pecados é uma verdadeira dor e sincera detestação dos pecados cometidos, com firme propósito de nunca mais pecar.

Para que seja bem feita a confissão, é necessário o arrependimento?

O arrependimento é absolutamente necessário para que seja bem feita a confissão, tanto assim é que, não havendo arrependimento, os pecados não ficam perdoados.

Que devemos fazer para conseguirmos o arrependimento?

Para conseguir o arrependimento, havemos de pedi-lo a Deus, fomentá-lo em nós pela consideração do grande mal que fizemos a Deus e ao próximo.

Quantas espécies há de arrependimento?

Há duas espécies de arrependimento: perfeito ou contrição, e imperfeito ou atrição.

Que é o arrependimento perfeito ou contrição?

O arrependimento perfeito ou contrição é a dor e detestação dos pecados, por ter ofendido a Deus, infinitamente bom e digno de ser amado sobre todas as coisas.

Por que se chama este arrependimento perfeito?
Este arrependimento chama-se perfeito:
1º porque se refere diretamente à bondade de Deus;
2º porque nos obtém logo o perdão dos pecados.

Que é o arrependimento imperfeito ou atrição?

O arrependimento imperfeito ou atrição é a dor e detestação dos pecados, por temor dos castigos merecidos nesta vida ou na outra.

A atrição é suficiente para conseguir o perdão dos pecados?

A atrição é suficiente para conseguir o perdão dos pecados, quando unida à absolvição sacramental.

Que mal fazemos com o pecado mortal?

O mal que fazemos com o pecado mortal consiste:
1° em ofendermos a Deus, nosso Senhor e nosso Pai, digno de ser amado sobre todas as coisas;
2º em perdermos a graça de Deus e o céu;
3º em merecermos as penas do inferno.

O arrependimento deve se estender a todos os pecados?
Sim; o arrependimento deve estender-se a todos os pecados mortais cometidos.

Em que consiste o propósito?
O propósito consiste na vontade firme e decidida de nunca mais pecar, e de empregar todos os meios necessários para evitar o pecado.

Quais são os principais meios para evitar o pecado?
Os principais meios para evitarmos o pecado são: a oração frequente, pedindo a Deus força para não o ofendermos; a frequência da comunhão e da confissão, e a fuga das ocasiões próximas.

Que se entende por ocasião próxima do pecado?
Por ocasião próxima do pecado se entende aquela circunstância em que uma pessoa se coloca à beira do pecado.

Há obrigação de evitar a ocasião próxima do pecado?
Sim; há grave obrigação de evitar a ocasião próxima do pecado.

Da confissão

Em que consiste a confissão?
A confissão consiste na acusação clara e distinta dos pecados, feita ao confessor, para recebermos a absolvição e a penitência.

Que pecados somos obrigados a confessar?

Somos obrigados a confessar os pecados mortais; mas é bom também confessar os pecados veniais.

Como devemos acusar os pecados?
Devemos acusar os pecados declarando o número deles, a espécie, e as circunstâncias, que mudam a espécie, ou mudam o pecado venial em mortal.

Quem não se recorda do número exato dos pecados mortais, como há de fazer?
Quem não se recorda do número exato dos pecados mortais que cometeu, deve dizer o número que mais se aproximar da realidade.

Que pecado cometeria quem, por vergonha ou medo, tivesse confessado mal, ocultando algum pecado?
Quem, por vergonha ou medo, houvesse ocultado pecado grave, ou mentido em matéria grave, na confissão, não alcançaria perdão de nenhum pecado e cometeria um sacrilégio.

Que deve fazer quem se confessou mal?

Quem se confessou mal deve repetir a confissão mal feita e todas as outras que lheseguiram.

Quando é que a confissão é mal feita?

A confissão é mal feita quando nela se oculta um pecado mortal ou não se tem arrependimento dos pecados.

É válida a confissão de quem, por esquecimento, deixou de acusar um pecado mortal?

Sim; é válida a confissão de quem, por esquecimento, deixou de acusar um pecado mortal.

Que deve fazer quem na confissão esqueceu pecados mortais?
Quem na confissão esqueceu pecados mortais deve acusá-los na primeira confissão que fizer.

Do modo de se confessar


É coisa útil acusar algum pecado grave
 da vida passada?
Sim; quando a confissão constar só de pecados veniais, é útil acusar algum pecado grave da vida passada, para maisfacilmente excitar o arrependimento e assegurar a absolvição.

Que devemos fazer depois da acusação dos pecados?

Depois da acusação dos pecados, devemos ouvir com atenção os conselhos do confessor.

Que devemos fazer depois da absolvição?

Depois de receber a absolvição, devemoscumprir quanto antes a penitência, e colocar em prática os conselhos do confessor.

Da absolvição e da satisfação

Que é a absolvição?

A absolvição é uma sentença que o sacerdote pronuncia, em nome de Jesus Cristo, paraapagar e perdoar os pecados.

Que é a satisfação?

A satisfação é a execução da penitênciaimposta pelo confessor.

Quando se deve cumprir a penitência?

Se o confessor marcar o tempo, o penitente deverá cumprir a penitência no tempo marcado; se não marcar,convém que a cumpraquanto antes.

Que fim tem a penitência imposta pelo confessor?

A penitência imposta pelo confessor tem por fim a reparação da ofensa feita a Deuspelos pecados cometidos.

É suficiente cumprir a penitência para apagar os pecados?
A penitência apaga a culpa devida ao pecado. Porém todo pecado deixa também uma mancha na alma que deve ser apagada mediante o oferecimento de pequenos sacrifícios a Deus e aceitando com garbo as cruzes que Deus nos envia. Este é o motivo principal das cruzes que Deus nos envia: purificar-nos das manchas contraídas pelos pecados.

É bom confessarmo-nos frequentemente?

Se tivermos caído numa falta grave, devemos nos confessar quanto antes. Se não tivermos caído numa falta grave é bom confessarmo-nos frequentemente para a santificação da nossa alma.

Indulgências


Que outro meio nos oferece a Igreja para satisfazermos a Deus pelas penas temporais devidas aos nossos pecados?

A Igreja nos oferece as indulgências.

Que é indulgência?

A indulgência que a igreja concede é a remissão da pena temporal devida aos pecados já perdoados.

De quem recebeu a Igreja a faculdade de conceder indulgências?

A Igreja recebeu de Jesus Cristo a faculdade de conceder indulgências.

Como remite a Igreja a pena temporal por meio das indulgências?

A Igreja remite a pena temporal aplicando-nos o fruto dos merecimentos de Jesus Cristo, de Maria Santíssima e dos santos.

As indulgências dispensam-nos porventura da obrigação de fazer penitência?

Não; as indulgências não nos dispensam da obrigação de fazer penitência, mas auxiliam a nossa boa vontade e suprem a fraqueza de nossas forças.

Que é necessário fazer para ganhar as indulgências?

Para ganhar as indulgências é necessário executar as obras prescritas.

As indulgências poderão também aproveitar às almas do purgatório?

Sim; as indulgências aproveitam também às almas do purgatório.

Quantas espécies há de indulgências?

Há duas espécies: indulgências plenárias e indulgências parciais.

Que são as indulgências plenárias?

As indulgências plenárias são as que remitem toda a penatemporal devida aos pecados.

Que são as indulgências parciais?

As indulgências parciais são as que remitem somente uma parte da penatemporal devida aos nossos pecados.

Que se requer para ganhar indulgência plenária?
Requer-se:
a) realizar a obra enriquecida com a indulgência;
b) confissão sacramental;
c) comunhão eucarística;
d) oração pelas intenções do Papa;
e) além disso, é necessário que não exista nenhum afeto a qualquer pecado, mesmo venial.

Quando se devem cumprir as condições de confissão, comunhão e oração pelo Papa?
Ainda que possam cumprir-se alguns dias antes ou depois da execução da obra prescrita, é conveniente que a comunhão e a oração pelo Papa se realizem no mesmo dia em que se faça a obra. Com uma só confissão podem ganhar-se várias indulgências plenárias; pelo contrário, com uma só comunhão e uma só oração pelo Papa, somente se pode ganhar uma indulgência plenária.

Que é que se perdoa com uma indulgência parcial?
Ao fiel que, pelo menos com o coração contrito, realiza uma obra enriquecida com indulgência parcial, é-lhe concedida, por graça da Igreja, uma remissão da pena temporal igual à que ele recebe pela própria obra.

Principais obras indulgenciadas
Com data de 29 de junho de 1968, a Sagrada Penitenciaria Apostólica publicou o decreto promulgatório do novo “Enchiridion das Indulgências”. Apresentamos a seguir um resumo desse decreto.

Concessões gerais:
1. “Concede-se indulgência parcial ao fiel que, ao cumprir os seus deveres e ao suportar as dificuldades da vida, eleva o espírito a Deus, com humilde confiança, acrescentando – inclusive apenas mentalmente – alguma piedosa invocação”;
2. “Concede-se indulgência parcial ao fiel que, com espírito de fé, se entrega a si mesmo ou os seus bens com ânimo misericordioso ao serviço dos irmãos necessitados” (qualquer necessidade: no corpo, na alma, na inteligência);
3. Concede-se indulgência parcial ao fiel que espontaneamente, com espírito de penitência, se priva de alguma coisa lícita que lhe é agradável”.

Orações e práticas indulgenciadas com indulgência plenária:
1. Adoração ao Santíssimo Sacramento, pelo menos durante meia hora;
2. Leitura da Sagrada Escritura, pelos menos durante meia hora;
3. Exercício da Via-Sacra, diante das estações legitimamente erigidas;
4. Recitação do terço do Rosário na Igreja ou oratório ou em família, em comunidade religiosa ou em associação piedosa;
5. Recitação da oração a Jesus Crucificado nas Sextas-feiras da Quaresma. Nos outros dias do ano, há indulgência parcial;
6. Assistência ao ato de clausura de Congresso Eucarístico;
7. Exercícios espirituais ou retiro que durem pelo menos três dias;
8. Primeira Comunhão: aos que a fazem ou assistem à celebração;
9. Primeira Missa solene do neo-sacerdote e aos que assistem à mesma;
10.  Datas jubilares da ordenação sacerdotal (25º, 50º e 60º aniversário) ao sacerdote e aos que assistem à Missa, celebrada com certa solenidade;
11. Visita à igreja catedral e paroquial no dia da festa do titular e no dia 02 de agosto;
12. Visita à igreja ou ao altar no dia da sagração;
13. Visita à igreja ou ao oratório na comemoração de todos os fiéis defuntos (só aplicável aos defuntos). Esta indulgência, com o consentimento do Ordinário, pode ganhar-se no Domingo anterior ou posterior ao dia de Todos os Santos;
14. Visita à igreja e ao oratório dos religiosos na festa do Santo Fundador;
15. Renovação das promessas batismais, usando qualquer fórmula aprovada, no dia da Vigília Pascal e no dia do aniversário do Batismo.

Orações e práticas indulgenciadas com indulgência parcial:
1. A recitação do Angelus ou Regina Coeli;
2. A oração Lembrai-vos;
3. A novena antes do Natal do Senhor, do Pentecostes ou da Imaculada Conceição, feita em público;
4. Oração pelas vocações sacerdotais ou religiosas. A oração deve ser aprovada pela autoridade eclesiástica, com este fim;
5. A Salve Rainha;
6. A recitação da oração Alma de Cristo;
7. O ensino e o aprendizado de qualquer matéria de doutrina cristã;
8. O uso de um objeto piedoso (crucifixo, cruz, terço, escapulário, medalha) bento por um sacerdote. Se for bento pelo papa ou por um Bispo, o fiel que o usar devotamente pode ganhar indulgência plenária no dia da festa de São Pedro e São Paulo, acrescentando, com qualquer fórmula legítima, a profissão de fé.

Que são as penas temporais?
As penastemporais são aquelas que devemos sofrer na presente vida ou no purgatório por causa dos nossos pecados ou da imperfeição do nosso arrependimento.

Quem tem o poder de conceder indulgências?

Só o Papatem o poder de conceder indulgências em toda a Igreja, e os Bispos em suas dioceses, por concessão do Papa.

Que é o jubileu?

O jubileu, que ordinariamente se concede cada vinte e cinco anos, é uma indulgência plenária, a que estão anexos muitos privilégios e concessões especiais, como: a absolvição de certos pecados reservados e certas censuras e a comutação de certos votos.
LIÇÃO VI – UNÇÃO DOS ENFERMOS

Que é o sacramento da Unção dos Enfermos?

A Unção dos Enfermos é o sacramento instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo para alívio espiritual e temporal dos doentes.

Que efeitos produz o sacramento da Unção dos Enfermos?

O sacramento da Unção dos Enfermos produz os efeitos seguintes:
1º Aumenta a graça santificante;
2º Apaga os pecados veniais e também os mortais quando o enfermo contrito não for mais capaz de confessá-los;
3° Livra a alma de todos os resíduos de pecado;
4º Restitui a saúde do corpo, se assim convier à salvação da alma, ou à glória de Deus;
5º Dá conforto e paciência ao enfermo para suportar os incômodos e sofrimentos da doença, e força para resistir às tentações e morrer santamente.

Quando se
 deve receber a Unção dos Enfermos?
Deve-se receber a Unção dos Enfermos quando se começa a correr perigo de morte por motivo de doença ou idade avançada. A Unção é administrada depois da confissão do doente e antes do Viático.

Se o doente não puder confessar-se, poderá receber a Unção dos Enfermos?

Sim; mesmo quando não puder confessar-se, por ter perdido a fala ou por outro motivo, poderá receber a Sagrada Unção.

LIÇÃO VII – ORDEM

Que é o sacramento da Ordem?

A Ordem é um sacramento instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo para conferir o poder e a graça de exercer as funções e ministérios eclesiásticos, que se referem ao culto de Deuse à salvação das almas.

Qual deve ser o fim de quem abraça o estado eclesiástico?
O fim de quem abraça o estado eclesiástico deve ser a glória de Deus e a salvação das almas.

Pode alguém por si mesmo escolher este estado?

Não; ninguém por si mesmo há de escolher o estado eclesiástico, mas deve esperar o chamado ou a vocação de Deus.

Quais são os deveres dos fiéis em relação aos que são chamados às ordens sagradas?

Os fiéis devem:
1º Pais: deixar os filhos que sentem o chamado à vocação sacerdotal seguirem o seu caminho;
2º Pedir a Deus que se digne conceder à sua Igreja bons pastores e zelosos ministros;
3º Guardar grande respeito a todos que, por meio das ordens, se consagram ao serviço de Deus.

Quer a Igreja que os fiéis peçam a Deus bons pastores e zelosos ministros?

Sim; a Igreja quer que os fiéis peçam a Deus bons pastores e zelosos ministros.
LIÇÃO VIII – MATRIMÔNIO

Que é o Matrimônio?
O Matrimônio é um sacramento que Nosso Senhor Jesus Cristo instituiu para estabelecer uma santa e indissolúvel união entre o homem e a mulher e dar-lhes a graça de se amarem mutuamente e educarem cristãmente seus filhos.

O sacramento do Matrimônio tem alguma significação especial?
O sacramento do Matrimônio significa a união de Jesus Cristo com a Santa Igreja, sua esposa e nossa mãe.

Por que é indissolúvel o vínculo matrimonial?

O vínculo matrimonial é indissolúvel porque assim o determinou Deus, desde o princípio, e Jesus Cristo o confirmou.

Que quer dizer vínculo matrimonial indissolúvel?

Vínculo matrimonial indissolúvel quer dizer que a união entre os casados não se rompe senão pela morte de um deles.

Que se exige para que o casamento
 seja válido?
Para que o casamento seja válido, exige-se que não haja impedimento que o anule, e seja celebrado na presença do pároco, em sua paróquia, e de duas testemunhas.

Com que disposições devem casar-se os nubentes?
Os nubentes devem confessar-se e ter o propósito de cumprir as obrigações de seu novo estado.

O chamado casamento civil é verdadeiro para os cristãos?
Não; porque o casamento civil não é sacramento.

Que é o casamento civil?

O casamento civil é um simples ajuste de união entre homem e mulher, celebrado perante o oficial civil, tendo simplesmente, para o católico, o valor de mero registro.

Nos países em que for lei o casamento civil, que convém fazer?
Nos países em que for lei o casamento civil convém que os cônjuges cristãos se apresentem ao oficial civil, a fim de conseguirem os efeitos civis.

Pode o casamento cristão ser dissolvido pelo magistrado civil?

Nunca; o casamento cristão que foi válido só é dissolvido pela morte de um dos cônjuges.

Que pensar então do divórcio?
O divórcio é contrário à lei de Deus.

A igreja permite a separação?
Sim; a igreja permite a separação, desde que haja um motivo grave para isso. A separação não é o divórcio.

Qual é este motivo grave?
A igreja permite a separação quando a vida de um dos cônjuges provoca no outro um grave dano físico, psíquico ou moral. Cessando o grave dano, caso cesse, devem voltar a estar unidos.

Quem está morando junto, sem estar casado, pode receber a comunhão?
Não; quem está morando junto, sem estar casado, não pode receber a comunhão pois está pecando contra a castidade tendo relações com uma pessoa sem ter o sacramento do matrimônio.

Quem é solteiro e está vivendo com uma pessoa que já foi casada na igreja, ou o contrário, quem já foi casado na igreja e está vivendo com uma pessoa solteira, pode receber a comunhão?
Não; quem está vivendo com uma pessoa que já foi casada na igreja, ou o contrário, quem já foi casado na igreja e está vivendo com uma pessoa solteira, não pode receber a comunhão, pois o vínculo matrimonial de quem casou na igreja é para sempre, até que a morte os separe. Portanto, em ambos os casos configura-se a situação de adultério.

A igreja permite o relacionamento sexual de pessoas do mesmo sexo?
Não; pois é contrário à lei natural e à lei de Deus.

A igreja permite o casamento de pessoas homossexuais?
Não; pois é contrário à lei natural e à lei de Deus. A igreja respeita os homessexuais, mas não justifica que tenham relações ou casamento entre pessoas do mesmo sexo.

A igreja permite a ideologia de gênero?
Não; pois é contrário à lei natural e à lei de Deus.

Dos sacramentais

O que são os sacramentais?
Os sacramentais são instituídos pela Igreja em vista da santificação. Os sacramentais não conferem a graça do Espírito Santo à maneira dos sacramentos, mas, pela oração da Igreja preparam para receber a graça e dispõem à cooperação com ela. Entre os sacramentais, figuram principalmente as bênçãos (de pessoas, da mesa, de objetos e lugares). A água benta é um sacramental.

QUINTA PARTE – VIRTUDES PRINCIPAIS E DAS OUTRAS COISAS QUE DEVE SABER O CRISTÃO

LIÇÃO I – VIRTUDE

Que é a virtude?

Virtude é o hábito que nos facilitará o conhecimento e a prática do bem.

Quais são as virtudes principais?

As virtudes principais são sete: três teologais e quatro cardeais.

Das virtudes teologais


Quais são as virtudes teologais?

As virtudes teologais são: a fé, a esperança e a caridade.

Por que se chamam virtudes teologais a fé, a esperança e a caridade?
A fé, a esperança e a caridade se chamam virtudes teologais porque se referem diretamente a Deus.

Quando é que Deus nos infunde na alma as virtudes teologais?
Deus nos infunde na alma as virtudes teologais quando nos dá a sua graça.

Quando somos obrigados a fazer atos de fé, de esperança e de caridade?

Somos obrigados a fazer atos de fé, de esperança e de caridade:
1º tendo chegado ao uso da razão;
2º ao longo da vida;
3º em perigo de morte.

A FÉ


Que é a fé?

A fé é uma virtude sobrenatural infusa, pela qual cremos firmemente todas as verdades reveladas por Deus e propostas pela Igreja.

Como chegamos a conhecer as verdades reveladas por Deus?

Chegamos a conhecer as verdades reveladas por Deus por meio de sua Igreja infalível; isto é, por meio do Papa, sucessor de S. Pedro, e dos Bispos unidos ao Papa.

Estamos certos
 do que nos ensina a Santa Igreja?
Sim; estamos certíssimos do que nos ensina a Santa Igreja porque Jesus Cristo empenhou a sua palavra que a Igreja não se enganaria nunca.

Com que pecado se perde a fé?

A fé se perde negando ou duvidando voluntariamente dos artigos de fé que devemos crer.

Podemos compreender todas
 as verdades da fé?
Não; não podemos compreender todas as verdades da fé porque algumas dessas verdades são mistérios.

A. Mistérios

Que são os mistérios?

Os mistérios são as verdades superiores à nossa razão, as quais devemos crer, ainda que não as possamos compreender.

Por que devemos crer nos mistérios?

Devemos crer os mistérios porque foram revelados por Deus que, sendo verdade e sabedoria infinita, não nos pode enganar nem ser enganado.

Serão os mistérios contra a razão?
Os mistérios são superiores, mas não contrários à razão.

Por que não podem ser contrários à razão os mistérios?
Os mistérios não podem ser contrários à razão porque o mesmo Deus, que nos deu a luz da razão, nos revelou os mistérios, e ele não pode se contradizer.

Onde se encontram as verdades reveladas por Deus?
As verdades reveladas por Deus se encontram na Sagrada Escritura, na Tradição e no Magistério da Igreja.

B. Sagrada Escritura


Que é a Sagrada Escritura?

A Sagrada Escritura é a coleção dos livros escritos pelos profetas, apóstolos, evangelistas e outros escritores, inspirados pelo Espírito Santo e recebidos pela Igreja como revelação divina.

Em quantas partes se
 divide a Sagrada Escritura?
A Sagrada Escritura se divide em duas partes: antigo e novo testamento.

Que contém o antigo testamento?

O antigo testamento contém os livros inspirados, escritos antes da vinda de Jesus Cristo. São 46.

Que contém o novo testamento?

O novo testamento contém os livros inspirados, escritos depois da vinda de Jesus Cristo. São 26.

Como sabemos quais são os livros que devem estar na Bíblia?
Demoraram alguns séculos para que a Igreja Católica chegasse à forma final da Bíblia, com os 72 livros como temos hoje. Em vários Concílios, ao longo da história, a Igreja, assistida pelo Espírito Santo estudou e definiu o Índice (cânon) da Bíblia; uma vez que nenhum de seus livros traz o seu Índice.

Quem tem o poder de definir quais são os livros da Bíblia, isto é, os livros inspirados por Deus?
A própria igreja católica (Magistério da Igreja) assistida pelo Espírito Santo. E a Igreja fez isto em vários concílios no início do cristianismo.

Que nome se dá comumente à Sagrada Escritura?
Dá-se comumente à Sagrada Escritura o nome de Bíblia Sagrada.

Que significa a palavra Bíblia?

A palavra Bíblia significa a coleção dos livros santos, o livro por excelência, o livro dos livros, o livro inspirado por Deus.

Por que se chama a Sagrada Escritura o livro por excelência?

A Sagrada Escritura chama-se o livro por excelência por causa da matéria de que trata e por causa de seu autor.

Não poderá haver erro na Sagrada Escritura?

Na Sagrada Escritura não pode haver erro no que se refere à fé e à moral porque, sendo toda ela inspirada, o autor de todas as suas partes é o mesmo Deus. Fora as verdades de fé e moraI a Sagrada Escritura pode conter imprecisões, pois não pretende ter precisão científica.

É necessário que todos os cristãos leiam a Bíblia?
Sim; é necessário que todos os cristãos leiam a Bíblia e a estudem com carinho para poderem participar consciente e frutuosamente da vida da Igreja.

Pode-se ler qualquer tradução da Bíblia?

Não; podem-se ler somente traduções da Bíblia que foram aprovadas pela Igreja como autênticas.

Por meio de quem podemos obter o verdadeiro sentido das Sagradas Escrituras?
O verdadeiro sentido das Sagradas Escritura somente podemos obter por meio da Igreja porque somente ela tem o dom de interpretar os textos sagrados, mediante o auxílio do Espírito Santo.

Convém ler as bíblias protestantes?

Não nos convém ler as bíblias protestantes porque os livros que a contém não são os mesmos e as notas explicativas não se identificam com a fé católica.

Qual é a diferença entre a Bíblia católica e a protestante?
A Bíblia protestante tem apenas 66 livros porque Lutero e, principalmente os seus seguidores, rejeitaram os livros de Tobias, Judite, Sabedoria, Baruc, Eclesiástico (ou Sirácida), 1 e 2 Macabeus, além de Ester 10,4-16; Daniel 3,24-20; 13-14. A razão disso vem de longe. No ano 100 da era cristã, os rabinos judeus se reuniram no Sínodo de Jâmnia (ou Jabnes), no sul da Palestina, a fim de definir a Bíblia Judaica. Isto porque nesta época começavam a surgir o Novo Testamento com os Evangelhos e as cartas dos Apóstolos, que os judeus não aceitaram. Nesse Sínodo, os rabinos definiram como critérios para aceitar que um livro fizesse parte da Bíblia, o seguinte: (1) Deveria ter sido escrito na Terra Santa; (2) Escrito somente em hebraico, nem aramaico e nem grego; (3) Escrito antes de Esdras (455-428 a.C.); (4) Sem contradição com a Torá ou lei de Moisés. Esses critérios eram puramente nacionalistas, mais do que religiosos, fruto do retorno do exílio da Babilônia em 537aC. Por esses critérios não foram aceitos na Bíblia judaica da Palestina os livros que hoje não constam na Bíblia protestante, citados anteriomente. Mas a Igreja católica, desde os Apóstolos, usou a Bíblia completa. Em Alexandria no Egito, cerca de 200 anos antes de Cristo, já havia uma influente colônia de judeus, vivendo em terra estrangeira e falando o grego. O rei do Egito, Ptolomeu, queria ter todos os livros conhecidos na famosa biblioteca de Alexandria; então mandou buscar 70 sábios judeus, rabinos, para traduzirem os Livros Sagrados hebraicos para o grego, entre os anos 250 e 100 a.C, antes do Sínodo de Jâmnia (100 d.C). Surgiu, assim, a versão grega chamada Alexandrina ou dos Setenta, que a Igreja Católica sempre seguiu. Essa versão dos Setenta, incluiu os livros que os judeus de Jâmnia, por critérios nacionalistas, rejeitaram. Havia, dessa forma, no início do Cristianismo, duas Bíblias judaicas: a da Palestina (restrita) e a Alexandrina (completa – Versão dos LXX). Os Apóstolos e Evangelistas optaram pela Bíblia completa dos Setenta (Alexandrina), considerando inspirados (canônicos) os livros rejeitados em Jâmnia.

C. Tradição

Que é a Tradição?

A transmissão do Evangelho, segundo a ordem do Senhor, fez-se de duas maneiras:
– oralmente – pelos apóstolos, que na pregação oral, por exemplos e instituições, auxiliados pelo Espírito Santo, transmitiram os ensinamentos que receberam de Jesus Cristo; De fato, Jesus Cristo, antes de subir aos céus disse aos apóstolos: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho”. Jesus Cristo não disse: Ide por todo o mundo e “escrevei” o Evangelho;
– por escrito – apesar da transmissão do Evangelho ser feita de viva voz, os apóstolos viram a necessidade, com o passar do tempo, de colocar por escrito a mensagem da salvação. Assim surge o Novo Testamento onde os apóstolos e outros discípulos, sob inspiração do Espírito Santo, escreveram os textos contidos no Novo Testamento.
Esta transmissão oral comunicada de viva voz por Jesus Cristo e pelos apóstolos, e transmitida até nós, sem alteração, de século em século, assistida pelo Espírito Santo, é a Tradição.

Onde se encontram os ensinamentos da Tradição?
Os ensinamentos da Tradição se encontram principalmente nos escritos dos Santos Padres, nos decretos dos concílios, nos atos da Santa Sé, nas palavras e nos usos da sagrada liturgia.

Que valor se deve dar à Tradição?

À tradição se deve dar igual valor ao das outras fontes da Revelação: Sagrada Escritura e Magistério.
D. Magistério da Igreja
O que é o Magistério da Igreja?

O Magistério da Igreja são as declarações que a Igreja foi fazendo ao longo dos séculos sobre verdades contidas na Tradição e na Sagrada Escritura. O Magistério se divide entre Ordinário e Extraordinário.

O Magistério Ordinário é exercido continuamente pelos bispos e pelo Papa (ex: através de encíclicas e outros tipos de documentos e de meios), mas que não está imune ao erro. Mas, mesmo assim, o magistério ordinário “deve ser reverenciado pelos fiéis em termos de vontade e razão; o fato de não estar imune ao erro não significa que, de fato, os possua”. O magistério ordinário torna-se infalível só quando o Papa e o Colégio Episcopal, dispersos por todo o mundo, “concordarem em emitir uma sentença definitiva sobre fé e moral aplicável a toda a Igreja”.

O Magistério Extraordinário é exercido somente em situações pontuais e necessárias pelo Papa ou por todo o episcopado reunido em torno do Papa, num concílio ecumênico. Quando se tratar de juízos referentes à fé e à moral (os chamados juízos dogmáticos), o magistério extraordinário ou supremo torna-se infalível, sendo os seus ensinamentos imutáveis nestas matérias dogmáticas. Esses juízos dogmáticos, que podem não conter dogmas novos, podem ser expressos em anátemas (ou não), decretos, constituições dogmáticas e outros documentos.

A quem compete interpretar autenticamente o depósito da fé?
A interpretação autêntica do depósito da fé, da Tradição e da Sagrada Escritura, compete exclusivamente ao Magistério vivo da Igreja, isto é, ao Sucessor de Pedro, o Bispo de Roma, e aos Bispos em comunhão com ele.

A ESPERANÇA

Que é a esperança?

A esperança é uma virtude sobrenatural infusa, pela qual confiamos alcançar de Deus a vida eterna e os meios necessários para consegui-la.

Por que devemos esperar de Deus o céu e os auxílios necessários para consegui-lo?

Devemos esperar de Deus o céu e os auxílios necessários para consegui-lo porque Deus, por sua misericórdia, em vista dos merecimentos de Nosso Senhor Jesus Cristo, os prometeu aos que fielmente o servissem e, sendo ele fidelíssimo e onipotente, cumprirá sua promessa.

Como se perde a esperança?

Perde-se a esperança quando se perde a fé; perde-se também pelo pecado de desespero e presunção.

Como se readquire a esperança perdida?

Readquire-se a esperança perdida pelo arrependimento dos pecados contra a esperança e pela confiança na bondade divina.

A CARIDADE

Que é a caridade?

A caridade é uma virtude sobrenatural infusa pela qual amamos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos, por amor de Deus.

Por que devemos amar a Deus?

Devemos amar a Deus porque ele é o sumo bem, infinitamente bom e perfeito; porque ele no-lo ordena e pelos muitos benefícios que nos faz.

Por que devemos amar o próximo como a nós mesmos?

Devemos amar o próximo como a nós mesmos porque Deus no-lo ordena e porque todos somos irmãos, filhos de Deus e feitos à sua imagem e semelhança.

Somos obrigados a amar também os nossos inimigos?

Sim; somos obrigados a amar também os inimigos porque eles são também nosso próximo e porque Jesus Cristo nos faz disto um especial mandamento.

Que quer dizer amar ao próximo como a nós mesmos?

Amar ao próximo como a nós mesmos quer dizer que devemos desejar ao próximo aquilo que a nós mesmos desejamos.

Como se perde a caridade?

A caridade se perde pelo pecado mortal.

Como se readquire a caridade?

Readquire-se a caridade fazendo atos de amor de Deus, arrependendo-se e confessando-se com as devidas disposições.

As virtudes cardeais


Quais são as virtudes cardeais?

As virtudes cardeais são quatro: prudência, justiça, temperança e fortaleza.

Por que se chamam virtudes cardeais?

Chamam-se virtudes cardeais porque são como o princípio e fundamento das outras virtudes.

Quais são os efeitos próprios das virtudes cardeais?

Os efeitos próprios das virtudes cardeais são os seguintes:
A prudência nos torna atentos e cautelosos para que as nossas ações se dirijam a um fim reto e as nossas obras sejam bem feitas e agradáveis a Deus.
A justiça nos move a dar a cada um o que lhe pertence.
A temperança nos auxilia a dominar os desejos desordenados e usar com moderação dos bens temporais.
A fortaleza nos dá coragem e generosidade para afrontarmos os perigos e a mesma morte, se necessário for, pelo serviço de Deus.

LIÇÃO II – OS DONS DO ESPIRITO SANTO

Que coisa é o dom do Espírito Santo?

Dom do Espírito Santo é uma moção constante, recebida de Deus, que nos torna fácil e suave a prática das virtudes sobrenaturais.

Quantos são os dons do Espírito Santo?
Os dons do Espírito Santo são sete:
1º Sabedoria;
2° Entendimento;
3º Conselho;
4º Fortaleza;
5° Ciência;
6º Piedade;
7º Temor de Deus.

Que efeitos produzem em nós os dons do Espírito Santo?
Os efeitos que produzem em nós os dons do Espírito Santo são estes:
1º o dom da sabedoria nos faz conhecer claramente o nosso fim e os meios de o alcançarmos;
2º o dom do entendimento nos faz conhecer as verdades reveladas, convencendo-nos profundamente delas;
3º o dom do conselho nos ensina o melhor caminho que devemos tomar para nossa santificação e o que mais contribui para a glória de Deus;
4º o dom da fortaleza nos sustenta nos perigos, nos temores e tentações, e nos faz vencer as dificuldades, que se opõem à nossa salvação;
5º o dom da ciência nos mostra o nada das coisas criadas, nossas obrigações e o caminho mais seguro para chegarmos ao céu;
6º o dom da piedade é uma disposição religiosa que nos faz cumprir com prontidão e fervor nossas obrigações para com Deus;
7º o dom do temor de Deus é o receio constante de desagradar a Deus, que nos faz fugir de todo pecado, ainda dos veniais, para não desgostarmos a Nosso Senhor.

LIÇÃO III – AS BEM-AVENTURANÇAS EVANGÉLICAS

Que são as bem-aventuranças evangélicas?

As bem-aventuranças evangélicas são atos sobrenaturais de determinadas virtudes, pelos quais Jesus Cristo promete, ainda nesta vida, a bem-aventurança, fundada na alegria que nasce da esperança certa de obter o prêmio eterno.

Quantas são as bem-aventuranças evangélicas?

As bem-aventuranças evangélicas são oito:
1º Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino do céu;
2º Bem-aventurados os mansos, porque eles possuirão a terra;
3º Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados;
4º Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos;
5º Bem-aventurados os que usam de misericórdia, porque eles alcançarão misericórdia;
6º Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus Nosso Senhor;
7º Bem-aventurados os pacíficos, porque eles serão chamados filhos de Deus;
8º Bem-aventurados os que padecem perseguição por amor da justiça, porque deles é o reino do céu.

Por que nos propôs Jesus Cristo essas bem-aventuranças?
Jesus Cristo nos propôs essas bem-aventuranças:
1º Para nos fazer detestar as máximas do mundo;
2º Para convidar-nos a amar e praticar as máximas do Evangelho.

Quem são os pobres de espírito que Jesus Cristo chama bem-aventurados?
Os pobres de espírito, segundo o Evangelho, são os que têm o coração desapegado de riquezas; os que fazem delas um bom uso, quando as possuem, e se resignam inteiramente, quando são privados delas.

Quem são os mansos que possuirão a terra?

Os mansos, que possuirão a terra, são os que tratam com brandura o próximo, sofrem com paciência os seus defeitos e suportam, sem queixas nem ressentimentos de vingança, as injúrias que deles recebem.

Quem são os que choram e, contudo se
 chamam bem-aventurados?
Os que choram e, contudo se chamam bem-aventurados são os que se afligem pelos pecados cometidos, pelos graves males e escândalos que vêem no mundo e pelo perigo em que se acham de perder o céu.

Quem são os que têm fome e sede de
 justiça?
São os que desejam adiantar-se sempre mais no exercício das boas obras e das virtudes e na posse da graça de Deus.

Quem são os que usam de misericórdia?

São os que, amando em Deus e por Deus o próximo, se compadecem de suas misérias espirituais e corporais, e procuram aliviá-lo quanto lhes é possível.

Quem são os limpos de coração?

São os que nenhum afeto têm ao pecado, procuram com diligência evitá-lo e principalmente evitam toda espécie de impureza.

Quem são os pacíficos?

Os pacíficos são os que vivem em paz com o próximo e consigo mesmos, e procuram levá-la aos que vivem em discórdia.

Quem são os que padecem perseguição por amor da justiça?

São os que suportam com paciência os ataques, os insultos e perseguições por amor de Deus.

Que significam as diversas recompensas que Jesus Cristo promete a quem pratica essas virtudes?
As diversas recompensas prometidas por Jesus Cristo sob diversos nomes significam a glória eterna do paraíso.

A prática dessas virtudes nos fará conseguir somente a bem-aventurança eterna?

Não; a prática dessas virtudes nos fará felizes também na vida presente.

Então os que praticam essas virtudes recebem já nesta vida algumas recompensas?

Sim; recebem algumas recompensas, porque gozam da paz e consolação interior, que é o princípio, se bem que imperfeito, da bem-aventurança eterna.

E os que seguem as máximas do mundo, poderão dizer felizes?
Não; os que seguem as máximas do mundo não são felizes, porque não possuem a verdadeira paz nem a consolação interior e se acham em caminho de se perderem.

LIÇÃO IV – AS OBRAS DE MISERICÓRDIA

Quantas são as obras de misericórdia?
As obras de misericórdia são catorze: sete corporais e sete espirituais.
As corporais são estas:
1º Dar de comer a quem tem fome;
2º Dar de beber a quem tem sede;
3º Vestir os nus;
4º Dar pousada aos peregrinos;
5º Visitar os enfermos e encarcerados;
6º Remir os cativos;
7º Enterrar os mortos.

As espirituais são estas:
1º Dar bom conselho;
2º Ensinar os ignorantes;
3º Castigar os que erram;
4º Consolar os aflitos;
5º Perdoar as injúrias;
6º Sofrer com paciência as fraquezas do próximo;
7º Rogar a Deus pelos vivos e defuntos.