Preparação das oferendas

Durante o canto do ofertório, convém que os fiéis manifestem a sua participação, trazendo o pão e o vinho para a Eucaristia, ou outros dons para auxilio à comunidade e aos pobres. E o sacerdote toma a patena com o pão e, elevando-a um pouco sobre o altar, reza em silêncio:
S: Bendito sejais, Senhor, Deus do universo, pelo pão que recebemos de vossa bondade, fruto da terra e do trabalho humano, que agora vos apresentamos, e para nós se vai tornar pão da vida.

Senão houver canto ao ofertório, poderá o sacerdote recitarem voz alta as palavras acima, e o povo acrescenta:
T: Bendito seja Deus para sempre!

0 diácono ou o sacerdote derrama vinho e um pouco d’água no cálice, rezando em silêncio:
Pelo mistério desta água e deste vinho possamos participar da divindade do vosso Filho, que se dignou assumir a nossa humanidade.
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A partir de agora começa a preparação do Sacrifício de Cristo. “Trazem-se, então, ao altar, por vezes em procissão, o pão e o vinho que serão oferecidos pelo sacerdote em nome de Cristo no Sacrifício Eucarístico, e ali se tornarão o Corpo e o Sangue de Cristo”[i].
O sacerdote toma o pão em suas mãos e o eleva um pouco apresentando a Deus esta oferenda. Nessa hora o sacerdote procura seguir aquela indicação que fazia um cardeal: “Quando tomares a patena com a hóstia nas tuas mãos, põe nela o teu coração e os de todos os presentes e de todos os fiéis, para os ofereceres a Deus com a intenção de que, assim como o pão, que depressa se vai converter no Corpo de Cristo, assim o teu coração e o de todos os fiéis se transformem, por amor e imitação, no próprio Cristo, de tal maneira que todos possam dizer: «Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim» (Gal 2, 20)”[ii].
Como a Igreja nos ensina, quem realiza o sacrifício do Calvário não é somente Cristo, mas o Corpo Místico de Cristo, onde Cristo é a cabeça deste Corpo e nós somos os membros. Cristo veio à terra para nos salvar, oferecer-se em sacrifício pelos nossos pecados. Nós, como membros deste Corpo, estamos chamados a fazer o mesmo[iii], oferecer a nossa vida pela salvação de todos os homens. Por isso, na hora em que o sacerdote eleva o pão no Ofertório, recomenda-se que coloquemos na patena[iv] nós e todas as nossas boas obras que realizamos desde a última Missa. Essa será a nossa parte no sacrifício que está prestes a se efetuar. Se não temos muitas coisas boas para serem oferecidas a Deus, façamos o propósito de que na próxima Missa tenhamos mais coisas para dar.

FIGURA 9: mostrar o sacerdote no altar, Cristo atrás dele, segurando a hóstia em suas mãos, na altura dos seus olhos, oferecendo-a a Deus Pai e Deus Espírito Santo.

Em seguida, o sacerdote toma o cálice e, elevando-o um pouco sobre o altar, reza em silêncio:
S: Bendito sejais, Senhor, Deus do universo, pelo vinho que recebemos de vossa bondade, fruto da videira e do trabalho humano, que agora vos apresentamos e para nós se vai tornar vinho da salvação.

Coloca o cálice sobre o corporal. Se não houver canto ao ofertório, poderá o sacerdote recitar em voz alta as palavras acima, e o povo acrescenta:
T: Bendito seja Deus para sempre!

O sacerdote, inclinado, reza em silêncio:
De coração contrito e humilde, sejamos, Senhor, acolhidos por vós; e seja o nosso sacrifício de tal modo oferecido que vos agrade, Senhor, nosso Deus.
0 sacerdote lava as mãos, dizendo em silêncio:
Lavai-me, Senhor, de minhas faltas e purificai-me de meus pecados.

No meio do altar, estendendo e unindo as mãos, o sacerdote diz:
S: Orai, irmãos e irmãs, para que o nosso sacrifício seja aceito por Deus Pai todo-poderoso.
T: Receba o Senhor por tuas mãos este sacrifício, para glória do seu nome, para nosso bem e de toda a santa Igreja.

Em seguida, abrindo os braços, o sacerdote reza a Oração sobre as Oferendas; ao terminar, o povo aclama:
T: Amém.
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Logo a seguir o sacerdote eleva o cálice e oferece também a Deus esta oferenda. Nele foi colocado um pouco de vinho e uma pequena quantidade de água. O costume de colocar água junto com o vinho vem desde os primeiros séculos. Na ceia pascal, os judeus temperavam o vinho com um pouco de água, e assim o deve ter feito Jesus na Última Ceia. Simboliza mais uma vez, a nossa união no sacrifício de Cristo, onde Ele o realiza de modo iminente. O vinho recebe um pouquinho de água, mas não deixa de ser vinho.
A seguir, o sacerdote se inclina e pede em silêncio a Deus, de modo contrito, que estas oferendas sejam do seu agrado. Lava as mãos em sinal de purificação interior, pedindo perdão dos seus pecados. Entende-se este gesto sendo iminente o sacrifício. É o desejo de purificar-se um pouco mais ao aproximar-se de tão grande mistério. Unamo-nos a esta petição do sacerdote. Logo em seguida volta-se para o povo e lhe pede que reze a Deus para que este sacrifício que “ambos” estão oferecendo ( sacerdote e fiéis) seja aceito por Deus Pai todo-poderoso. Termina o Ofertório com a Oração sobre as Oferendas fazendo referência aos dons oferecidos e ao desejo que deles, em troca, depois do sacrifício do Calvário, nos venham muitos bens.

FIGURA 10: mostrar o sacerdote no altar, Cristo atrás dele, segurando o cálice em suas mãos, na altura dos seus olhos, oferecendo-a a Deus Pai e Deus Espírito Santo.

Oração Eucarística

Começando a Oração Eucarística, o sacerdote abre os braços e diz:
S: O Senhor esteja convosco.
T: Ele está no meio de nós.
S: Corações ao alto.
T: O nosso coração está em Deus.
S: Demos graças ao Senhor, nosso Deus.
T: É nosso dever e nossa salvação.
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Estamos às portas de presenciar um grande mistério e do momento mais importante da Missa. Tudo o que veio até agora foi um preparação para esse momento tão sublime. O que ocorrerá agora? Dentro de alguns instantes, no momento da consagração, seremos transportados misteriosamente para o Calvário e presenciaremos a morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. Um filme consegue representar esta cena, mas é apenas uma representação. Na Missa, por querer de Deus, cada vez que Cristo se torna presente no altar, esta cena se torna real, realíssima, como se vivêssemos em Jerusalém quando Cristo morreu na Cruz. É um mistério, um grande mistério, mas é assim. Deus o quis assim. É como se quisesse que todos nós, todas as gerações dos homens, pudéssemos vê-lo morrer na Cruz. Mas não somente vê-lo: estar lá para ajudá-lo a salvar o mundo, como o fez e faz Nossa Mãe, a Virgem Santíssima. Estar lá também para poder pegar todas as graças de que necessitamos, para nós e para nossos familiares e amigos, na fonte das graças que é a sua Cruz. Da Cruz brotam sete veios de graças que são os sete sacramentos. Mas a Cruz é a fonte. E nesse momento, na Missa, vamos até a fonte.
Diante de tal acontecimento que está prestes a ocorrer, é natural que o sacerdote comece esta parte central da Missa preparando-nos para tão grande mistério, ao mesmo tempo que eleva a Deus um hino de ação de graças por tudo o que Jesus nos obteve morrendo na Cruz. Este é o objetivo desta oração tão antiga da Igreja chamada Prefácio.
Profundamente recolhidos, procuremos agora acompanhar o sacerdote que vai na frente nos guiando: “O Senhor esteja convosco”… saboreando as palavras e quase que fechando os olhos, respondamos: “Ele está no meio de nós”… “Corações ao alto”… dirigindo o olhar da alma para o Céu, respondamos: “Nosso coração está em Deus”… “Demos graças ao Senhor, nosso Deus”… “É nosso dever e nossa salvação”…
O Prefácio termina com um louvor a Deus… “Santo, Santo, Santo”… “O Céu e a terra proclamam a vossa glória”… “Hosana nas alturas”… Quem de nós não sente o desejo de adorá-lo muitas vezes ao contemplar a sua bondade infinita, seu amor indescritível por nós, a grandeza das suas obras. Preparando-nos para contemplar a maior de todas as suas obras feita aos

FIGURA 11: mostrar Cristo se dirigindo para o Horto das Oliveiras, a uma boa distância, olhando para o Pai e o Espírito Santo, agradecendo por tudo.

O sacerdote, de braços abertos, continua o prefácio. Ao final, une as mãos e, com o povo, canta ou diz em voz alta:
T: Santo, Santo, Santo, Senhor, Deus do universo! O céu e a terra proclamam a vossa glória. Hosana nas alturas! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana nas alturas!
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homens, sua morte na Cruz, é natural que queiramos louvá-lo neste momento e muitas outras vezes durante a Missa.
Ao mesmo tempo em que vamos terminando de dizer as palavras do Santo, as cortinas da sua Paixão começassem a se abrir. Nesse momento é como se Jesus estivesse prestes a começá-la.
O que fez nessa hora Nosso Senhor? Pôs-se a rezar mais intensamente por todos nós. Que orações seriam essas? Tentando expressá-las, foram sendo compostas ao longo da história e aprovadas pela Igreja umas orações que foram denominadas Orações Eucarísticas. Elas começam depois do Prefácio e vão até o Rito da Comunhão e são importantíssimas, pois giram em torno do sacrifício de Cristo. No meio destas orações há as palavras da consagração, Tomai e comei todos vós… Tomai e bebei todos vós…, que foram ditas por Cristo na última Ceia, é o momento em que se dá início o seu sacrifício. Ele durará enquanto Cristo estiver presente[v] no altar, ou seja, até a comunhão do sacerdote. É nesse intervalo de tempo, da consagração até a comunhão do sacerdote que estaremos presente misteriosamente no Calvário.
Procurando unir as orações da Oração Eucarística em conjuntos, podemos reduzi-las a quatro[vi] e coincide, por sua vez, com os quatro fins da Missa: orações de adoração (ou louvor), de agradecimento, de petição e de reparação (ou desagravo). Assim Cristo, ao subir o Calvário e no alto da Cruz, rezando mais intensamente, adoraria o Pai por todos nós que não o adoramos (adoração), agradeceria ao Pai os benefícios e graças que recebemos e não sabemos agradecê-los (ação de Graças), pediria ao Pai inúmeros dons para cada um de nós (petição) e lhe pediria perdão por todos os nossos pecados (reparação). Essas orações são conhecidas também como orações sacerdotais. Todo sacerdote, de modo eminente, e também todo batizado, está chamado a estabelecer uma ponte entre Deus e os homens. A ponte seria adorar e agradecer por todos aqueles que não adoram e não agradecem (ascendente) e pedir graças e perdão por todos aqueles que não pedem perdão e não pedem o que realmente precisam como, por exemplo, a salvação (descendente). Além dessas quatro há aquelas em que Cristo pede ao Pai que abençoe e aceite o seu sacrifício.
Tendo presente essas orações, acompanhemos a partir de agora os passos de Cristo[vii] em direção ao Calvário, estreitamente unidos ao seu coração. Não esqueçamos que o que Jesus mais deseja é que o ajudemos a salvar o mundo. Para facilitar esta tarefa, centremo-nos apenas numa oração sacerdotal em cada Oração Eucarística. Na adoração, na Oração Eucarística I; na ação de graças, na II; na petição, na III; e na reparação, na IV.

FIGURA 12: mostrar Cristo se dirigindo para o Horto das Oliveiras, agora mais perto, olhando para o Pai e o Espírito Santo, agradecendo por tudo.

[i] Cfr. CIC, n. 1350.

[ii] Cardeal Juan Bona, El Sacrifício de la Misa, Rialp, Madri, 1986, p. 135.

[iii] Todo batizado, com o caráter que recebe no Batismo, recebe uma marca de Cristo que nos torna semelhantes a Ele. A partir daí, todos estamos chamados a ser outros Cristos, seguir os passos de Cristo e, de modo especial, unir-nos a Ele na tarefa da Redenção da humanidade. Por isso se diz que somos co-redentores. Para realizarmos esta tarefa, Deus nos dá através do caráter recebido no Batismo, uma alma sacerdotal, conferindo-nos uma espécie de sacerdócio, o sacerdócio real ou comum. Através desta alma sacerdotal podemos unir-nos a Cristo para realizar o que faz Cristo e todo sacerdote: ser uma ponte, mediador, entre Deus e os homens. Interceder pelos homens e obter de Deus graça e perdão.

[iv] Pequena bandeja de material nobre onde se coloca a hóstia grande que será consagrada.

[v] Esta presença é dita sacramental.

[vi] Além dessas quatro, há outras orações, não diretamente dirigidas à nossa salvação, em que o sacerdote – Cristo – pede ao Pai que aceite e abençoe as oferendas que estão sendo oferecidas como sacrifício.

[vii] Os passos de Cristo que presenciamos na Santa Missa são aqueles que vão da sua Paixão, Morte e Ressurreição (cfr. CIC, n. 1067, 1330, 1670). Por isso, de alguma maneira, podemos contemplar nas partes da Missa a Oração no Horto, o interrogatório, a flagelação, a coroação de espinhos, a subida ao Calvário, a morte na Cruz e a sua ressurreição gloriosa.