Plano da santidade

É o caminho para se alcançar a santidade. Ninguém alcança a santidade sem imitar a vida de Cristo. Imitar a vida de Cristo é rezar, fazer penitência, adquirir as suas virtudes, fazer bem todas as coisas, fazer o bem a todas as pessoas e querer levar a todos para o Céu.

Assim o plano da santidade se desdobra nestes aspectos:

1) Rezar (Plano de Vida Espiritual)

Para as pessoas que vivem no meio do mundo e querem ser santas, São Josemaria, por inspiração divina, nos aconselhava que fizéssemos as seguintes orações ou práticas de piedade que nos conduzirão à santidade:

Leia antes esta observação importante sobre o Plano de Vida Espiritual

1. Oferecimento de obras

É a oração recomendada para fazer logo ao acordar. Os santos nos ensinam que, se queremos amar a Deus sobre todas as coisas, o primeiro pensamento do dia deve ser para Deus. Com essa oração, nós agradecemos a Deus mais um dia de vida e oferecemos a Ele tudo aquilo que faremos ao longo do dia.

Bom dia Senhor

Consagração a Nossa Senhora

2. Leitura do Santo Evangelho

É a leitura dos livros da Bíblia que narram a vida de Jesus: Mateus, Marcos, Lucas e João. Essa leitura é fundamental, pois é através dela que vamos conhecer e amar Jesus Cristo, vamos entender a fonte de toda a sabedoria humana e espiritual, vamos aprender, olhando para Jesus, o modo de nos comportarmos em cada situação da vida. Tempo recomendado: 5 minutos por dia.

3. Leitura espiritual

É a leitura de algum livro espiritual: sobre a vida de santos, textos que aprofundam algum aspecto da fé, que explicam alguma virtude cristã etc. Essa leitura é fundamental, pois nos ajudará a sempre progredir na vida espiritual, a entender cada vez mais a Deus e também os seus mistérios. Tempo recomendado: 10 minutos por dia.

4. Angelus (Anjo do Senhor)

É a oração antiquíssima que se reza a Nossa Senhora ao meio-dia. Tem o objetivo de pôr Nossa Senhora no centro do nosso dia e da nossa vida.

Ver a oração

5. Oração mental (ou meditação)

É a oração em que paramos um momento do dia para conversar com Deus. É diferente da conversa que estabelecemos com Ele ao longo do dia. Na oração mental, nós paramos tudo para estar a sós com Ele. Sem ela, não temos ocasião para aprender tudo o que Deus tem a nos ensinar nem para intensificar nossa sintonia e nosso amor por Ele. É o momento de desabafar, encontrar consolo e luz. Tempo recomendado: 15, 20, 30 minutos por dia.

Link para Curso de como fazer a Oração mental

Ver oração inicial e final

6. Visita ao Santíssimo

É a breve visita que fazemos a Jesus, que se encontra no sacrário das igrejas.

Ver a oração da Visita ao Santíssimo

História do João, o leiteiro

História de um jovem

Esse breve tempo

Frutos de estar diante do Sacrário

Orações para fazer diante do Santíssimo

7. Terço

É a oração tão conhecida e amada por Nossa Senhora.

8. Santa Missa
Os santos nos recomendam que tentemos assistir à missa não só no domingo, mas outros dias na semana. O ideal seria chegar um dia a assisti-la todos os dias. Dizia São Leonardo: “Mais vale assistir uma missa do que jejuar o ano inteiro de pão e água”.
9. 3 Ave-Marias antes de deitar

Santa Matilde de Hackeborn (1241-1298) teve a graça de presenciar várias aparições de Jesus e de Maria. Apesar da sua vida de penitência como freira beneditina, ela temia o momento da morte. Por isso, rezava a Nossa Senhora pedindo a sua assistência na hora derradeira. E a Virgem, em 1285, lhe apareceu e consolou com esta resposta: “Sim, o farei; mas quero que, por tua parte, me rezes diariamente três Ave-Marias”.E Nossa Senhora acrescentou:

“A primeira Ave-Maria, pedindo que, assim como Deus Pai me elevou a um trono de glória sem igual, fazendo de mim a mais poderosa no céu e na terra, assim também eu te assista na terra para fortificar-te e afastar de ti toda potestade inimiga”.

“A segunda Ave-Maria, pedindo que, assim como o Filho de Deus me concedeu a sabedoria em tal extremo que tenho mais conhecimento da Santíssima Trindade que todos os santos, assim eu te assista na passagem da morte para encher a tua alma das luzes da fé e da verdadeira sabedoria, para que não a obscureçam as trevas do erro e da ignorância”.

“A terceira Ave-Maria, pedindo que, assim como o Espírito Santo me concedeu as doçuras do Seu amor e me fez tão amável que depois de Deus sou a mais doce e misericordiosa, assim eu te assista na morte, enchendo a tua alma de tal suavidade de amor divino que toda pena e amargura da morte seja transformada para ti em delícias”.

Santa Gertrudes e a devoção das três Ave-Marias

Esta não seria a única revelação que uma Santa teria em relação à devoção das três Ave Marias. Outra religiosa contemporânea de Matilde, Santa Gertrudes, também teve uma visão que confirmaria a revelação anterior.

Assim aconteceu: eram as vésperas da festa da Anunciação, e ao cantar a Ave Maria, Gertrudes viu, de repente, emergindo do Coração do Pai, do Filho e o Espírito Santo três fontes de água que penetravam no Coração de Maria Santíssima.

Neste instante, ela ouviu uma voz que lhe disse: “Depois do Poder do Pai, a Sabedoria do Filho e a ternura Misericordiosa do Espírito Santo, nada se compara ao Poder, Sabedoria e Ternura Misericordiosa de Maria”.

Promessas de Nossa Senhora para quem rezar diariamente as três Ave-Marias

Nossa Senhora prometeu que quem rezar diariamente as três Ave Marias, receberá seu auxílio durante a vida e uma especial assistência no momento de sua morte, apresentando-se a Mãe de Deus com um brilho e uma beleza tal que só de vê-la receberá o consolo e as alegrias do Céu.

Além destas santas, outros santos foram especiais difusores desta devoção, como Santo Afonso Maria de Ligório, que aconselhava com frequência esta bela prática de piedade; São João Bosco, que a recomendava aos jovens; e São Pio de Pietrelcina, que disse que muitos se converteram só por praticar essa devoção.

10. Exame de consciência (antes de deitar)

É o momento no fim do dia em que repassamos as nossas ações e vemos o que fizemos de bom, de ruim e o que podemos fazer no dia seguinte para melhorar. Tempo recomendado: 3 minutos.

2) Fazer penitência
A penitência (ou mortificação) é uma prática cristã pedida por Deus já no Antigo Testamento. Tem várias finalidades:
– reparar os nossos pecados;
– carregar uma parte da Cruz de Cristo para ajudá-lo na salvação das almas;
– fortalecer a alma;
– colocar no lugar algo que está fora de lugar. Ex: estou comendo muito, então vou fazer a penitência de comer menos; estou usando muito o celular, então vou fazer a penitência de restringir o seu uso etc.São Josemaria, o santo da vida ordinária, dizia que as melhores penitências, as melhores mortificações, são aquelas que nos levam a cumprir bem os nossos deveres: familiares, profissionais, sociais etc.

Seguem, neste sentido, algumas sugestões de mortificações:

– minuto heroico: saltar da cama ao tocar o despertador (é importante também ter um horário fixo para acordar e para dormir durante a semana para viver a ordem);

– tragédia da manteiga: não colocar manteiga no pão (fazer um pequeno sacrifício como este ou outro no café da manhã);

– no trabalho e outros deveres (da casa etc): pontualidade, trabalhar com intensidade, cumprir os horários, não adiar o trabalho, não adiar as coisas chatas e custosas, fazer o que devemos fazer em cada momento, estar inteiramente no que fazemos (não fazer, ver, ler coisas alheias ao trabalho), fazer com perfeição as tarefas do começo ao fim, terminar as tarefas começadas, ordem material (guardar no devido lugar as coisas) etc;

– na família e convivência com os demais:

lado positivo: sorrir (São Josemaria dizia que muitas vezes era a melhor mortificação, pois não teremos a menor vontade de fazê-lo), ser acolhedor, compreender, elogiar, ter bom humor, estar pendente dos outros, servir, interessar-se pelos outros, pedir desculpas, perdoar, presentear, respeitar, ser tolerante, ser delicado, ser gentil, ser educado etc;

lado negativo:
combater as chatices: a ironia, os comentários inoportunos, os comentários negativos, as reclamações, as teimosias, as interrupções na fala do outro etc;
combater as faltas de caridade: os palavrões, os xingamentos, as discussões, a ira, o isolamento, o querer tudo do meu jeito, o ser direto (curso e grosso), o ser arrogante, o ser impositivo, o ser invejoso, o ser loquaz, os mutismos, as discussões etc;- refeições: comer um pouquinho mais do que não gostamos e um pouquinho menos do que gostamos;- temperamento: falar menos, se falamos muito; falar mais, se falamos pouco; fazer as coisas com mais calma, se somos acelerados; fazer as coisas com mais ritmo, se somos lentos etc.- moderar as coisas que estão fora do lugar: uso exagerado do celular (Instagram, vídeos, games etc), principalmente se ele atrapalha a convivência familiar, o cumprimento dos deveres etc; exagero nas séries de tv; exagero na bebida; na comida; exagero no descanso; exagero no trabalho etc;- para ganhar fortaleza: tomar banho frio etc.
3) Adquirir as virtudes de Cristo
Ser santo é parecer-se com Cristo. E Cristo tinha todas as virtudes em grau máximo. Se quero parecer-me cada dia mais com Cristo, devo lutar diariamente por adquirir todas as virtudes. Por exemplo:
– alegria
– audácia
– caridade
– constância
– esperança
– fidelidade
– fortaleza
– generosidade
– gratidão
– humildade
– justiça
– laboriosidade
– magnanimidade
– mansidão
– ordem
– otimismo
– paciência
– pobreza
– prudência
– respeito
– responsabilidade
– santa pureza
– serenidade
– sinceridade
– simplicidade
– temperança
4) Fazer bem todas as coisas

Cristo fazia tudo bem feito. Fazer tudo bem feito é santificar o trabalho, santificar tudo o que fazemos. E santificar é fazer tudo da melhor forma possível, serenamente, oferecendo aquela tarefa a Deus.

De modo concreto, santificar o trabalho é:
– fazer em cada momento o que temos que fazer e estar com todos os sentidos naquilo que fazemos;
– oferecê-lo a Deus;
– começá-lo pontualmente;
– fazê-lo com todo o capricho, com toda perfeição;
– não interrompê-lo se não há motivo para isto;
– ter ordem e planejamento;
– não deixar as coisas para a última hora;
– aproveitar intensamente o tempo de cada dia.

5) Fazer o bem a todas as pessoas

Jesus nos disse:

“Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros” (Jo 13, 35)

“Ouvistes o que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo’. Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos maltratam e perseguem” (Mt 5, 43-44)

“Dou-vos um novo mandamento: amai-vos uns aos outros. Como eu vos tenho amado, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros” (Jo 13, 34)

“Isto é o que vos ordeno: amai-vos uns aos outros” (Jo 15, 17)

Tertuliano testemunha que os primeiros cristãos levaram tão à sério essas palavras de Jesus que os pagãos exclamavam, admirados: “Vede como se amam!” (Apolog. 39)

A caridade tem que ser para nós a marca registrada, a marca do cristão. Assim ninguém pode ser santo se não amar o próximo como Cristo nos amou.

A caridade deve ser, portanto, um tema para nos examinar-nos continuamente.

A caridade tem as seguintes manifestações:
– compreender;
– servir, viver pendente dos demais; ajudá-los em suas necessidades; considerar os outros como mais importantes do que nós;
– perdoar;
– não julgar;
– não faltar o respeito: não xingar, não gritar, não falar alto;
– não desprezar;
– saber corrigir com delicadeza os erros dos familiares e amigos;
– não falar mal de ninguém;
– não desejar o mal a ninguém;
– ser uma pessoa agradável, alegre e simpática;
– aceitar as correções e conselhos dos demais;
– não discutir, mas dialogar;
– viver para fazer felizes os que vivem à nossa volta, para dar a vida por todos.

6) Querer levar a todos para o Céu

Quando Jesus diz para que Ele veio à terra, Ele disse assim: “Eu vim para salvar” (Jo 12, 47).

Se queremos ser santos, se queremos seguir os passos de Cristo, temos que ter um grande desejo de salvar o mundo. Jesus consumia-se neste desejo: “Fogo vim trazer à terra e que quero senão que tudo esteja aceso?” (Lc 12, 49).

Quando nosso coração arde de amor por Cristo, temos um desejo enorme de falar de Deus às pessoas.

O nome que se dá a esta tarefa de aproximar as pessoas a Deus chama-se apostolado. E o apostolado deve uma decorrência da amizade. O maior tesouro que podemos dar a um amigo é Deus. Uma pessoa apostólica nunca perde a oportunidade de fazer novos amigos, abrindo este leque a cada dia.